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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


quinta-feira, 12 de julho de 2012

BENFICA OLÍMPICO

Existem uns placares no nosso complexo desportivo onde está escrito (e cito de memória) “O Benfica será nas próximas décadas a instituição desportiva em Portugal de maior sucesso, tanto a nível financeiro como a nível competitivo”. Se não é exatamente isto, a ideia é esta.
É óbvio que ainda não estamos lá, mas é indiscutível que nos últimos 3 anos, apesar de muito lentamente, aumentámos os nossos níveis competitivos no futebol e na maioria das modalidades. Para que conste este ano já ganhámos 29 títulos coletivos e ainda faltam as fases finais do hóquei de formação.    

Para além do desempenho coletivo, que deve ser prioridade do clube, tem havido e bem uma aposta no desenvolvimento de atletas a nível individual. Por essa razão foi desenvolvido há uns anos a esta parte um projeto denominado “Olímpico”. Esse plano tinha como um dos objetivos, anunciado pelo Presidente da Direção, colocar este ano em Londres o maior número de atletas.
Há 4 anos atrás o clube conseguiu uma extraordinária e histórica presença em Pequim. Foi um resultado consubstanciado em medalhas e número de presenças, mais fruto das circunstâncias do que do planeamento. No entanto, para Londres, quando já está definida a lista final dos atletas que vão representar Portugal verifica-se que a representação do Glorioso está longe ser significativa. Nem sequer somos o clube com mais atletas presentes. 

Claro que no geral a própria representação portuguesa é inferior em número de atletas em comparação com a de Pequim e que as hipóteses e esperanças de medalhas também são bem menores. E que mais uma vez o país não se consegue qualificar para nenhuma modalidade coletiva o que espelha bem o estado de desenvolvimento nacional no que diz respeito ao desporto. Mas esperava-se mais do nosso anunciado “Projecto Olímpico”.

Este ligeiro falhanço do “Projeto Olímpico” do Benfica não pode ser apenas justificado com algumas lesões. Resulta essencialmente de uma política desportiva que não é totalmente coerente. Que aposta forte e com estratégia em algumas modalidades, como é exemplo o excelente trabalho no atletismo, mas deixa outras autenticamente ao sabor do vento.
Defendo que este projeto é estruturante para o clube e que deve estar na primeira linha de ação da Direção que vai ser eleita em Outubro. Contudo a estratégia a adotar não pode ser errante como até aqui.
Tem de se esclarecer, por exemplo, o que se pretende para o Triatlo, que apesar de ter conseguido colocar um atleta em Londres, parece-me que já justificava a criação de um Departamento ou Secção autónoma para esta secção?

O mesmo digo em relação ao Judo. Não se coaduna com o nosso ADN que uma modalidade no clube se resuma apenas a uma atleta. Telma Monteiro é sem dúvida alguma a melhor judoca nacional de todos os tempos, mas faz algum sentido, considerando a história do Benfica, ser única atleta do clube na modalidade? 

Tem de ser dar mais dinâmica a outras modalidades com cariz olímpico e que estão mortiças, como é caso das Artes Marciais e da Ginástica. Se compararmos com o sarau dos nossos vizinhos falidos, a Sportinguíada (3 dias na torre de belém, certamente pagos pela CML), a nossa Gimnáguia deste ano, curiosamente a edição 30 e englobada no centenário da modalidade no clube foi pouco mais que indigente.

É certo que olhando para a formação do atletismo o futuro pode ser bem risonho. Mas não chega. Quem está à frente do “Projeto Olímpico” fez um trabalho notável nos últimos anos. Notável porque conseguiu alguns resultados mesmo tendo sido deixada ao abandono por longos períodos devido à excessiva futebolização do clube. Mas milagres não há. E o resultado está á vista. O Benfica com o tão aclamado projecto olímpico leva 10 atletas e os viscondes sem projeto algum levam quase o dobro na comitiva. Objectivamente, alguma coisa falhou.

JL

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