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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


domingo, 6 de dezembro de 2015

O NOSSO FUTURO (PARA ALÉM DO ÓBVIO)


É óbvio que o nosso futuro passa por uma equipa de futebol altamente competitiva, que ganhe três em cada quatro campeonatos e a passe com frequência a fase de grupos da Liga dos Campeões, sustentada financeiramente por um conjunto de receitas ordinárias. O sobe e desce de investimento, para além de ser mais arriscado desportivamente, pode causar fissuras no clube, tanto ao nível da sua estrutura técnica, como a nível económico-financeiro.

Contudo, não chega. E não chega porque o mercado em que o Benfica está instalado é minúsculo. Sofremos uma espécie de claustrofobia competitiva. Vejamos os ataques dementes do trinca-bolotas. Em outra dimensão seria uma anedota de rodapé, aqui faz capas de jornais. Cada vez que o trinca-bolotas abre a boca é como um peido num elevador. E é desse elevador que temos de sair.

O futuro tem de passar impreterivelmente por novos mercados. Algo já há muito detetado pelos maiores clubes europeus e muitos deles não têm a nossa diáspora, nem à disposição a enorme paixão ainda vivida nos países de expressão portuguesa.

Mas não só. Deve ir para além do futebol. É difícil, vivemos num país em que o desporto extra futebol é mesmo paisagem. No entanto, é um caminho que tem ser feito e se for com o Benfica a liderar tanto melhor.

O ecletismo do Benfica, apesar de mediaticamente mal tratado (por culpa nossa), é único no mundo. Nenhum clube tem tanta expressão. Essa vantagem deve ser trabalhada à séria e passa por três modalidades que à primeira vista podem parecer improváveis: Futsal, Ciclismo e Rugby.

O Futsal é a modalidade de pavilhão com maior crescimento. Talvez pela velocidade, pela incerteza dos resultados ou pela analogia com o futebol. Acresce que é uma modalidade onde temos reais hipóteses de ganhar na europa e no mundo. Se juntarmos o facto da fase final do Nacional se realizar já com todas as competições paradas, ou seja, com a quase exclusiva atenção de todos os agentes, concluímos da importância do sucesso na mesma.

O Ciclismo tem um peso mediático gigantesco. As provas, que se realizam, na sua maioria, durante o período de defeso do futebol, são essencialmente um enorme espetáculo televisivo. Com as comunidades portuguesas espalhadas por essa europa considero que não seria impossível encontrar um patrocínio que garantisse a participação do nosso clube nas maiores provas europeias. A volta a França, por exemplo, é vista mundialmente. Da América ao Oriente. Três anos de sucesso no Tour valeriam para a promoção do nosso nome como uma Liga dos Campeões.     

O Rugby é um desporto com futuro. Moderno, urbano, em crescimento. Os seus praticantes e adeptos são na sua larga maioria filhos das classes média-altas, estudantes universitários, quadros superiores. Dela pode surgir uma importante base de apoio para o clube. O Benfica não pode continuar a olhar para a secção das sedas como uma estrutura autónoma. Apesar de SAD, é nossa e tem uma história centenária. Não deve definhar na segunda divisão.

 

JL

   

3 comentários:

  1. Bom texto, é raro ler-se este tipo de reflexão online sobre o clube. No que toca ao rugby são necessárias instalações próprias para criar a massa crítica de que fala.

    Ciclismo: o orçamento mínimo para o World Tour são 10 milhões, não é preciso dizer mais nada. Mas não há razão para não criar uma secção para a formação, desde que seja auto-sustentável.

    Pessoalmente fazia uma aposta diferente: futebol feminino. Já temos o CFC e dezenas de escolas espalhadas pelo país e no estrangeiro, prontas para formarem milhares de jogadoras (mais adeptos e sócios). Já temos uma formação de top mundial. Já temos adeptos de futebol (imensos!) para assistir aos jogos no CFC.

    Após 2 ou 3 anos a equipa jogava na Liga dos Campeões onde podia chegar longe, e talvez mesmo vencer. Os jogos são transmitidos na Eurosport, para toda a Europa, e participam grandes clubes europeus, como o Barcelona, Chelsea, PSG, etc. Isto com um investimento inferior ao do voleibol, por exemplo, e com muito maior interesse para os patrocinadores. É algo que pode dar um grande retorno ao clube, devia ser prioritário criar uma equipa, antes que outro grande se antecipe.

    Cumprimentos.

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  2. Muito bom. A do ciclismo, especialmente, é muito bem vista.

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  3. Olá JL/Cosme!

    O maior problema da internacionalização prende-se com o facto de o estrangeiro quer ter acesso aos jogos das competições nacionais e não apenas aos jogos de uma única equipa.

    O problema nacional é que há uma grande diferença entre as cotas de mercado dos clubes em Portugal. O Benfica claramente vale muito mais de metade do valor do mercado nacional. Não porque tem mais adeptos, como também por causa dos "anti" que só vêem os seus clubes porque jogam contra o Benfica. E, como não há consenso sobre esta temática, os valores de referência para uma possível concentração de direitos nunca será devidamente tomada e ponderada. Não pelo Benfica, que já demonstrou abertura, para em prol do futebol português conceder uma parcela do mercado que tem realmente direito, mas sim porque há dois clubes "ditos grandes" que no fundo só o são por estarem constantemente de bicos de pés e a agarrarem-se às calças do Benfica.

    Depois, para completar, falta-nos "know-how" e liderança nas estruturas para podermos arranjar esses consensos e sobretudo ter capacidade para negociar ou exportar o produto futebol nacional. Por exemplo, basta ver o trabalho que a Olivedesportos e Sport TV não fizeram durante os anos que tiveram esse poder nas mãos, comparado com o que foi feito em países como a Inglaterra e a nossa vizinha Espanha.

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