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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


segunda-feira, 30 de março de 2015

MAIS UM DIA HISTÓRICO


Um dia histórico, mais um. Eles sucedem-se. Como os dias, os meses ou as estações do ano. Invariavelmente, numa rotina imparável, em crescendo, que deixa muita raiva por aí. A vitória da equipa do Voleibol do Benfica não é só uma enorme e importante vitória do glorioso na modalidade. É a vitória contra o esquecimento com que é votado tudo o que é desporto extrafutebol em Portugal. É também uma vitória da resistência, porque o voleibol no sul é um deserto, sendo o Benfica um oásis, que sozinho vai lutando contra equipas que são indecorosamente apoiadas por autarquias e governos regionais. O sucesso das modalidades do Benfica continua a ser um elefante, enorme, mas invisível, no meio das redações dos jornais e das televisões. Pode ser que a seguir a um orgasmo ronaldiano esbarrem nele de forma inadvertida e percebam a sua grandeza.

 
 
 
JL

quarta-feira, 25 de março de 2015

O TOQUE DE JESUS II




“Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-lhe, já cheira mal, porque é já de quatro dias”
João 11:39



E quando Jesus não explica a importância do jogo ou hesita nas substituições e insiste em jogadores claramente fora-de-forma? Quando não consegue, talvez por causa dos bombos, gritar lá para dentro, quando a equipa parece amorfa e perdida, falhando passes como quem dá doces a meninos? Quando esta não sente o apoio na estrada dos milhares que a acompanham e não aproveita uma situação de clara vantagem?  Quando isto acontece, até mortos podem ressuscitar. Vendo as capas dos jornais, nos últimos dias, o cheiro imundo entope as nossas narinas. 

JL

sexta-feira, 20 de março de 2015

O TOQUE DE JESUS



Jardel não é Garay. Eliseu não é Siqueira. Samaris não é Matic, nem mesmo Fejsa. Pizzi não é Enzo. Julio César nem sempre lá esteve. Há Jonas, mas olha-se para o banco e não há Markovic, nem Cardozo, nem Rodrigo. Mas Jesus é Jesus e este Benfica, que vai, no mínimo, lutar pelo título até à última jornada, é essencialmente de Jorge Jesus. Nunca, nestes seis anos, vimos uma equipa com tanta influência do treinador. Com tantas limitações, tantas lesões e tanto ataque dragarto, se ganhar, se for campeão, este é um campeonato do Jesus. Não tenham dúvidas disto.

JL

segunda-feira, 16 de março de 2015

DIAS DE GLÓRIA



No atletismo, no hóquei, no futebol, no futsal, no andebol. Na pista, no mato, no ringue, no relvado. Em Portugal e na Europa. Somos a maior potência desportiva nacional. Sempre fomos. Que grande fim - de- semana. 


 
 
JL

segunda-feira, 9 de março de 2015

A SOLIDÃO NA HORA DA MEDALHA


Da inigualável múmia de Belém veio o primeiro sinal com o telegramazinho de felicitações da ordem.

Seguir-se-á inevitavelmente o habitual coro de oportunistas, demagogos e fariseus, sempre prontos a colar-se ao sucesso alheio, para o qual não contribuíram com uma migalha sequer.

Talvez até a Assembleia Municipal de Lisboa utilize a medalha de ouro para abater a suposta dívida do Benfica aos cofres municipais.
Portugal é esta pobreza de alma e de resto já não se estranha.
Estranha-se sim o alheamento a que a nação benfiquista votou Nélson Évora à chegada a Lisboa.

Merecia mais, o nosso campeão, muito mais.
Nélson é exemplo de vontade, garra, resiliência, luta contra a(s) adversidade(s): mística, nem mais.
O seu povo falhou-lhe e notei-lhe uma pontinha de mágoa na voz e no olhar

É bom que a Luz repare essa injustiça já no próximo sábado e se levante para saudar um dos grandes campeões da história centenária e eclética do Sport Lisboa e Benfica.


                                                 



RC

DESPORTO NA CLANDESTINIDADE



Ontem o Benfica ganhou brilhantemente a sua 15ª Taça de Portugal de Voleibol. No dia anterior, nas meias-finais, eliminámos o Fonte Bastardo, líder do campeonato. Foi uma autêntica final antecipada, entre as duas equipas mais fortes da atualidade. Quem quis acompanhar o jogo fartou-se de fazer F5 no site da Federação. Por acaso a final até deu em direto na Sport TV. Nos canais públicos, de rádio e televisão, nada. Nem notícia. E são tantas horas a falar de futebol. 

Hoje, vemos as capas dos jornais desportivos de hoje e não acreditamos. Em vez da Taça de Portugal em Voleibol, temos o futebol espanhol, uma eventual oferta do Real Madrid por Danilo, um conflito entre o Sporting e o Catânia, as esperanças de Marco Silva em ganhar ao último classificado, até a média de desarmes do Casimiro tem mais destaque. 

Assim vai o desporto em Portugal. No atletismo, que outrora se dizia ser o orgulho nacional, ficámos em 22º lugar nos Europeus. Europa, não no mundo. Quase como o Luxemburgo ou o Chipre do futebol. E com uma medalha de ouro. Do Nelson do Benfica. O Clube que faz mais pelo desporto que as federações todas juntas. O clube que, apesar do seu reconhecido mérito desportivo e cultural a nível mundial, aos olhos dos nossos governantes, eleitos por nós, faz papel de pedinte por causa de umas meras taxas municipais.   
  
Fomos também campeões nacionais em corta –mato curto. Vir esta conquista noticiada já era pedir demais. Salva-nos a BTV. Entretanto, entre ontem e hoje, vamos ter horas e horas de paineleiros a falar sobre a intensidade do toque na perna ou se o braço se mexeu antes de tocar na bola. Em Portugal o desporto extrafutebol é alta-cultura. 



JL