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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O RÉU AUSENTE

Escrevia o enorme Carlos Pinhão que em Portugal, as homenagens são sempre contra alguém.

Daí este breve post não pretender ser uma homenagem e muito menos contra alguém.

Nesta casa a vitória e a derrota são exercícios colectivos, não existindo a figura inchada e proeminente do pai da vitória nem a dos enjeitados filhos da derrota.

Há porém uma questão que não deixa de me martelar a cabeça, quer perante os erros defensivos crassos no jogo de ontem que em 8 minutos nos fizeram perder quaisquer aspirações, quer ainda em relação ao número inusitado de golos de bola parada que temos sofrido neste início de época.

Entre títulos, opiniões e comentários de uma imprensa ignorante e mal-intencionada e o habitual frenesim de muitos benfiquistas em rapidamente encontrarem um bode expiatório, o que iria por aí, caso Luisão estivesse a jogar?
Alguém tem dúvidas que nesta altura, o nosso capitão já teria sido linchado publicamente, dado como acabado para o futebol e responsabilizado por cada um dos golos que o Benfica sofreu ontem no San Paolo?


RC

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

QUANDO UM JOGO NÃO É TEU AMIGO, DEVE SER TEU PROFESSOR


Vestido de azul Celta, o Nápoles é uma equipa italiana dos pés à cabeça. Técnica QB, tática do mais evoluído que há e fisicamente irrepreensível. Já o Benfica, que até vinha com vontade, equipou com aqueles calções vermelhos que o afastam da glória como o Carrillo se afasta do jogo. Sim, eu reparei, eram de um vermelho Vigo e não de um branco Leverkusen. E isto faz toda a diferença. Também me pareceu a certa altura ver um rabo de cavalo à Paulo Madeira na cabeça do Lisandro. Pura Ilusão ótica. Aquilo hoje foi uma coisa de apenas 8 minutos. Um desacerto. Um lusco-fusco. Os deuses reconhecem os audazes e sinceramente este plantel e este treinador não mereciam uma tragédia à Galego.  Assim, lá se fez justiça e coisa ficou com melhor aspeto.  Agora é olhar bem para o filme do acidente e pacientemente, com coragem e inteligência, mudar. E só não cito Giuseppe Tomasi di Lampedusa, porque já me chega de italianos por hoje.

JL

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

OTIMISMO PRECISA-SE


Não é só o hóquei em patins, campeão Europeu, com 32 golos sofridos em quatro jogos, três derrotas seguidas, e para já, um troféu a voar, são também as dificuldades dos juniores, a derrota caseira dos iniciados, a crónica secundarização do andebol e a sensação de inferioridade precoce no futsal. Acresce que o insucesso nos campeonatos transatos de basquetebol e voleibol não nos deixa uma boa sensação inicial. Se juntarmos a esta má impressão, a existência de uma série de modalidades que continuam com dificuldades para respeitar os pergaminhos competitivos do clube, como é o caso, por exemplo, do ténis de mesa e do rugby, começamos a pensar que não há uma equivalência direta entre o otimismo económico-financeiro que o responsável financeiro transmitiu esta semana na antena 1 e um eventual otimismo desportivo dos associados que acompanham o clube para além do futebol. Não tencionando colocar em causa o desejado equilíbrio financeiro, nem querendo que o Benfica se lance em loucas aquisições como outros, desejaria um pouco mais de equilíbrio nas várias áreas do clube no que ao otimismo diz respeito. É que pode ser só impressão, mas sou só eu que noto algum desleixo ou excesso de confiança?
JL

sábado, 17 de setembro de 2016

O FUTURO E O PRESENTE



Já muito se falou dos sete sub 23 que entraram de início no último jogo do Benfica. O inédito da situação ganha ainda mais relevância por se tratar de um jogo da Liga dos Campeões. Se juntarmos a esta onda de juventude o facto da nossa equipa B ser a mais jovem de todos os campeonatos nacionais e de inesperadamente estar a iniciar muito bem a época, podemos concluir que o Benfica está a preparar-se, de forma irrepreensível, ao nível dos recursos, para ser competitivo durante muitos e bons anos.    
Olhamos, portanto, para o futuro. Contudo, o futuro é sempre contra nós, pois sempre que olhamos demasiado para o futuro estamos a descurar o presente. Então, temos a chamada pescadinha de rabo na boca. Cegamos perante o presente e perdemos futuro.
Ao invés, os nossos rivais do lado apostam tudo no presente. Nem sempe foi assim. Possivelmente poucas alternativas lhes restavam atualmente se não um grande salto em frente, tentando sobrevoar o precipício, sem cair no abismo. Como chegaram a este ponto? Como aguentaram tantos anos no deserto? Exatamente com a conversa do futuro. Durante anos e anos, a academia, a melhro formação do mundo e arredores, os craques jovens que “despontavam” jogo a jogo em Alvalade, as vendas anuais, justificaram as décadas de insucesso desportivo.
E nós? Como chegámos aqui? A ser tricampeões e a fazer aquisições de jovens promissores, a continuar competitivos e a jogar com sete sub 23? Porque ganhámos o presente. Porque deixámos de ter a ânsia e a urgência de ganhar, o que nos conduz mais facilmente…à vitória.
Nós temos a estratégia correta. Considerando a forma como o negócio do futebol se desenvolveu nos últimos anos só a aposta em jogadores jovens mantém o clube sustentável e competitivo a nível europeu. O talento é caro e só muito precocemente é que podemos aceder a ele.
O desafio é este. Parece contraditório, mas não é. Ganhar o futuro sem perder o presente. Por isso este campeonato é importante. Por essa razão não podemos ficar com as vitórias morais de ter a equipa mais jovem. É música para adormecer. Os três pontos e a liderança da classificação é que são sinónimos de sucesso. O resto só no futuro.   

JL


quinta-feira, 15 de setembro de 2016

PARA GONÇALO GUEDES E CELIS

Resquícios certamente dos tempos da Inquisição, poucas coisas excitam mais um tuga do que um bom e útil culpado.
O culpado é uma coisa óptima e prática, dando um jeitão que haja pelo menos um sempre disponível para ser imolado ou fustigado no pelourinho da praça ou no Santo Ofício da opinião pública.

Após o golo de Talisca aos 93 minutos, afadigamo-nos todos em descobrir um culpado: alguém que pudéssemos fustigar com escassa piedade, aliviando-nos a tensão daqueles últimos minutos e a frustração pelo improvável e injusto empate.

Dois nomes saltaram de imediato para a mesa do tribunal: Gonçalo Guedes e Celis.

Algures pela blogoesfera benfiquista, um iluminado inquisidor sugeriu mesmo a Celis o regresso imediato à Colômbia, com indicação precisa de horários e voos de ligação.
Enfim, um fartote.

Mais a sério: inacreditável como não temos a menor contemplação em destruir aquilo que mais deveríamos proteger, ou seja, a nossa equipa, os nossos jogadores. O Benfica.
Gonçalo Guedes não podia ter falhado aquele golo aos 85 minutos ?
Pois, estou plenamente convencido que o Gonçalo Guedes com a frescura de 5, 10,15, 20 ou 30 minutos não o falharia mas após 80 minutos de um jogo enorme de luta e entrega em termos físicos e tácticos, tudo se torna mais difícil.

Celis deveria ter sido mais prudente e menos impetuoso ?
De acordo, mas um jogo de Champions aos 93 minutos não é propriamente um ambiente esterilizado e intocado de um laboratório (leia-se treino), ainda para mais para um jogador que entra a frio num jogo, estreando-se também na competição.

Gonçalo Guedes embora jovem, já tem uma vida de Benfica e provas dadas do seu potencial e das suas capacidades.
Celis é um jovem jogador que acabou de chegar e que ao estar ali mereceu, seguramente, a confiança do treinador e do clube.
Tentar destruí-los parece-me no mínimo um exercício de uma enorme estupidez.

Numa equipa mas sobretudo num clube com a história e a tradição do Benfica, sucessos e insucessos são de todos.
Bem recentes são os tempos em que tínhamos por ali alguém para ganaciosamente arrecadar os sucessos e para, de forma pronta e altruísta endossar as derrotas.

No Benfica actual não me parece que seja esse o espirito.

Quanto a Guedes e a Celis, continuam a contar com a nossa confiança e em breve se redimirão, contribuindo para novos sucessos e outras conquistas.

RC


quarta-feira, 14 de setembro de 2016

À VOLTA DE UMA NOITE EUROPEIA

Para lá da injustiça e da infelicidade de uma equipa brava mas inevitavelmente imatura, para além, muito além das declarações parvas de um moleque ingrato que se houver vergonha, amor-próprio e respeito pela nossa história, não mais vestirá a mítica camisola do Benfica, fica-me na retina as bancadas meio-vestidas (ou meio-despidas?) na Luz, um sector inteiro fechado, a Catedral longe muito longe das suas históricas noites de gala.

É isto o benfiquismo dos dias que correm: sócios e adeptos que exigem este mundo e o outro mas faltam quando a ausência deveria ser proibida.

Gente que desconhece ou não quer sequer saber que “noite europeia” era sinónimo de enchente, da presença de uma multidão vibrante, frenética, quase irracional na paixão pelo clube, construindo assim as mais belas páginas da sua história.

Foi assim, dizem-me, nos anos 60, foi assim, pude depois confirmar nos anos 70 e 80.

Desenganem-se, porém, os que pensam que o mito das noites europeias se construiu apenas com vitórias como os 6-0 em 1962 ao Nuremberga, os 5-1 em 1972 ao Feyenoord ou a noite no final dos anos 80 em que Vata enlouqueceu 120.000.

A história europeia do Benfica fez-se também de derrotas e eliminações absolutamente míticas, algumas delas dramáticas até: a eliminação por moeda ao ar perante o Celtic, as célebres eliminatórias com o Ajax, a noite em que Ian Rush destruiu a Luz, ou até uma vitória amarga perante um cinzento Carl Zeiss Jena que nos custou a presença na final da saudosa Taça das Taças.

Outros tempos: antes de tudo exigir a quem comanda o clube, os sócios e adeptos sabiam que aquelas noites de gala eram a essência da história e do mito do Benfica.

Verdadeiramente era naquelas noites de romaria em direcção à Luz que o Benfica se cumpria; o Inferno da Luz não era uma invenção folclórica de uma comunicação social alucinada ou subserviente: era apenas o Benfica.

Hoje, tudo é diferente: o benfiquismo exarcebado aparece ciclicamente no estádio quando faltam 5 ou 6 jornadas para o fim e cheira a festa.

A Champions é para ver de traseiro sentado no sofá no remanso do lar, pagando sem protestar a mensalidade à Sportv; se aparecer um dos tubarões do futebol europeu, então sim, enche o estádio e faz-se a festa, gritando à Europa do futebol o que é o Benfica e o inferno da Luz.

Sem querer dar lições de benfiquismo a quem quer que seja, seria bom que muitos dos sócios repensassem o Benfica que pretendem: se apenas o Benfiquinha para consumo interno, vítima da constante guerrilha invejosa e ressabiada de adversários menores, ou o verdadeiro Benfica, disposto a honrar uma gloriosa caminhada europeia iniciada num mágico fim de tarde no Jamor.

Enquanto não nos decidimos sobre o que queremos para o nosso clube, fica claro para mim como certamente para os outros 42.125 que lá estiveram ontem, que vamos à Luz para e pelo  Benfica; que o jogo seja da fase de grupos ou das meias-finais, que o adversário se chame Ludogorets, Linfield, Besiktas, Real Madrid ou Bayern de Munique é apenas um pequeno detalhe.    



RC


sábado, 10 de setembro de 2016

RAFA

Sempre gostei de jogadores assim: sem necessidade dos pomposamente chamados “períodos de adaptação”; chegam, veem e…jogam.

Recordam-se de Lima?
Também ele uma aquisição que suscitou algumas dúvidas e reticências, rapidamente as dissipou com a mais simples das receitas: futebol e golos.

Rafa tem tudo para ser um caso sério no futebol do Benfica e hoje com apenas um ou dois treinos, jogou, fez jogar e por duas vezes poderia ter resolvido o jogo.

Concordo, pois, com Vieira: mesmo por 18 ou 20 milhões seria uma excelente aquisição.

Ou muito me engano ou Rafa vai valer cada cêntimo gasto na sua aquisição.
Ou muito me engano e daqui a poucas semanas, a equipa do Benfica será Jonas, Rafa e mais nove.


RC

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

A MUDANÇA

Mesmo perante uma defesa dizimada ou um quarteto de avançados simultaneamente no estaleiro, não há lamúrias, lamentações, desculpas parvas, invenções e adaptações idiotas e sem nexo.

Perante o infortúnio, procuram-se oportunidades e novas soluções, mostrando ao plantel que todos contam e que uma equipa é muito mais do que um núcleo imóvel de quinze ou dezasseis jogadores habitualmente presentes nas convocatórias.

É este o Benfica de Rui Vitória que da equipa B faz saltar jovens jogadores, sem o recurso a dramas de faca e alguidar ou manhosos truques de charlatão.

José Gomes pode apenas ser o próximo, tal como na época passada Ederson conquistou a baliza, Lindelof a defesa e o menino Renato assumiu com alegria, garra e um futebol do outro mundo, o comando de uma equipa rumo a um título tão merecido quanto inesquecível.

Pode não ser este este Benfica o tal rolo compressor, que joga no limite e numa espécie de voragem do tudo ou nada.
Adiante, porém: a vertigem ganha jogos; a serenidade, o planeamento e a convicção ganham campeonatos.

Se perante tudo isto, há ainda quem duvide de que o paradigma mudou mesmo, não sei o que será necessário para provar que uma era foi definitivamente encerrada e que algo de novo está a crescer no futebol do Benfica.

RC



quinta-feira, 8 de setembro de 2016

BENFICA LÍDER INCONTESTÁVEL


O Benfica é TOP a nível mundial em vários itens. Na organização, na competitividade, na amassa associativa, etc. Mas onde é líder incontestável, sem concorrência à altura, é nas lesões. Ultimamente temos sempre, no mínimo, um onze na enfermaria. Quem disse que o plantel era demasiado? Pelo sim, pelo não, o melhor é não descartarem já o Taarabt.
JL

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

NEM O SABEM FAZER


É a segunda parte da entrevista de fundo ao mestre da tática, e este, pela segunda vez, destaca …o Benfica. Podia pensar-se que o clube que atualmente lhe paga o chorudo ordenado, devido à sua pequena dimensão, não consegue apagar da memória do treinador o gigante que teve a oportunidade de treinar recentemente.  Porém, há coincidências que são reveladoras logo à partida. Não é que no mesmo dia em que o treinador do Sporting resolveu falar do Capitão do Benfica, O Jogo também traz à baila o mesmo assunto?  Aqui está a estratégia do trinca-bolotas em todo o seu esplendor. Como no ano passado. Tentativa de destabilização constante. Convém é organizarem-se melhor. A ida muito depressa ao pote pode ser denunciadora e estragar o estratagema. Contudo, já deviam ter aprendido que se a estratégia é mesma, há fortes possibilidades de dar o mesmo resultado.


JL

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

UMA DIETA DE PESO


Plantel fechado, pelo menos até dezembro. Comparando o onze mais utilizado na época passada e aquele que tem jogado oficialmente, descortinamos algumas trocas directas. A maior parte por necessidade e não por opção de Vitória. Contudo, devemos refletir. Temos o Lisandro por Jardel, Semedo por Almeida, Grimaldi por Eliseu, Horta por Renato, Cervi ou Sálvio por Gaitan. Se excetuarmos o último exemplo, estamos mais tecnicistas, mas com menos força e menor peso. Talvez este facto explique a falta de controlo do jogo em alguns momentos nas quatro partidas oficiais realizadas. O Benfica ganhou três delas com margem, mas em todas permitiu largos períodos de superioridade territorial ao adversário.  

O Benfica tem no plantel quatro jogadores com peso de meio campo: Fejsa, Samaris, Celis e Danilo. Jogar a maior parte das vezes com dois deles em campo permitiria libertar um quarteto de características mais ofensivas. Neste caso, reconheço que ousadamente, proponho encostar o Pizzi. Dois extremos a apoiar os dois pontas-de-lança, neste momento Salvio, Cervi estão em melhores condições mas Carrillo e Zivkovic vão crescer certamente. Quanto a Rafa, tenho para mim que é um excelente projeto de redundância ao quase insubstituível Jonas.

JL