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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


terça-feira, 29 de outubro de 2013

O MELHOR DO MUNDO…DELE



Não existe sustentação racional para que a nacionalidade seja um atributo. Nem tão pouco emocional. Pode até ser natural sentirmos mais familiaridade com um compatriota do que com um esquimó. Todavia, nesta fase de desenvolvimento da humanidade estes acessos cegos de patriotismo são no mínimo desajustados. 

Andar a defender o menino Ronaldo apenas porque é português é algo que me tira do sério. O Jogador do Real Madrid teve o mérito de se tornar um fenómeno mediático. De resto, nunca o vi como adversário à altura de um Messi, mesmo em épocas de grande forma. E compará-lo com outros nomes míticos da história do futebol só se compreende à luz da bebedeira patrioteira que caracteriza a comunicação social portuguesa.   

Comparem a estrutura física de Ronaldo com a de Messi. Aquele meio tostão de gente consegue coisas que o matulão do Ronaldo nem sonha fazer. Digam um jogo que o menino Cristiano tenha resolvido sozinho. A selecção do Bento espera milagrosamente por esse momento. 

Compreendo a aversão de muita gente de dentro do mundo do futebol a este tipo de jogador-estrela. O Mourinho, que quase sempre acerta no que diz, sabe porque afirmou que o verdadeiro Ronaldo é o do Brasil. Em contraste, este Ronaldo não disfarça a obsessão em relação ao Messi. É um eterno infeliz, que fica desorientado se alguém lhe grita ao ouvido “Messi”. 

Olho para este Ronaldo e para o seu mundo cor-de-rosa, de festas foleiras, carros desportivos e irmãs gordas e recordo, por exemplo, o grandíssimo Eusébio da Silva Ferreira, que só no joelho esquerdo, foi operado seis vezes ao menisco. No futebol, como na vida, não há comparação possível. 

JL

domingo, 27 de outubro de 2013

COERÊNCIA

Não creio que seja por caridade nem por pura filantropia; desconfio que mais não é do que o simples desespero: em alturas de Porto-Sporting ou vice-versa, alguns  dos nossos desatam a torcer pela lagartagem.

Ali vislumbram a recuperação de pontos em atraso, o início da reviravolta, o ponto de viragem que nos trará a felicidade.

Esqueçam lá isso.
Por convicção, geração ou simples questão de coerência, sou incapaz de, em qualquer circunstância, desejar uma vitória dos lagartos e hoje não foi excepção.

Do Benfica só espero uma coisa: que ganhe.
Mas que ganhe ganhando e nunca esperando que outros façam o que só a nós compete.

Sobretudo quando os outros são quem nós sabemos.


RC

DA PSIQUIATRIA À ORTOPEDIA



Hoje vislumbrámos uma frecha de esperança. Uma coisa pequena, muito pequena. Três ou quatro jogadas, duas ou três insistências. Finalmente alguns sorrisos na bancada e aplausos com vontade. Será uma pequena recuperação do stress pós-traumático que sofremos após a tragédia do final da época passada? Ainda se vai salvar a época? Tudo depende do posto médico. Aliviámos a psiquiatria, mas pressionamos a toda força a ortopedia. As lesões físicas que nos assombram têm algo de exagero, no número e em quem é atingido. 

Vejamos alguns exemplos, o Cortez jogou uma serie de minutos no início da época, o máximo que lhe deve ter aparecido foi caspa no cabelo, já o Siqueira volta não volta está em dificuldades. As lesões do Gaitan devem ser ao nível da unha encravada, o Sálvio é logo coisa para meia época. O Sulejmani, recém-chegado, conhece melhor os médicos do clube do que os pontas-de-lança. E não demorou a ter companhia do outro Sérvio, aquele que veio para trinco. O Olá John, esse encanto de dinamismo, anda sempre por ali e não há mal que o atinja. Em compensação, hoje os deuses do futebol viram que o Cavaleiro já andava a jogar de mais, então vai de sair a coxear. Estou a aguardar o dia em que o Jesus fica com uma distensão no maxilar.  

JL

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A NOSSA CASA



Andei a fazer umas contas e mesmo só tento perdido uma meia dúzia de jogos na nova catedral, devo-me ter sentado três vezes mais no cimento da antiga Luz do que no plástico da nova. Isto para dizer que passados dez anos, a velha ainda está muito presente. 

O que mais recordo de miúdo, habituado ao preto e branco da TV, era a alegria da cor, do vermelho sobre o verde, quando entrava no estádio e via a equipa aquecer. Agora, com o HD em casa, a exigência vai muito além do cromático. Mas tanto numa como na outra, há algo que é insubstituível. Falo dos benfiquistas. Aquele abraço a um desconhecido no momento do golo, como ainda aconteceu na última quarta-feira. Por isso será sempre a nossa casa, mesmo que as paredes mudem.  

JL

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

CHAMEM O PEDRO GUERRA



É mau, mas não é trágico. A antiga sede na rua Jardim do Regedor ao abandono e a degradar-se de dia para dia. As memórias a dissiparem-se entre os dedos de uma gestão selectiva. Um património impar no centro da capital onde desagua um oceano de oportunidades perdidas. 

Trágico é o silêncio e a falta de informação. Bastava um simples “estamos estudar o assunto” ou até mesmo um generoso “temos várias hipóteses em cima da mesa”. Para quê? Temos o Ivan Cavaleiro. É o que há para mostrar. O Ivan está contente com a oportunidade. O Ivan vai ser lançado na champions. O Ivan seguro pelo Presidente senão já jogava ao lado do Messi. 

É essa tragicomédia em que se tornou a comunicação do Benfica que nos abate lentamente. Um mar de generalidades e lugares comuns. Horas de BTV de fazer inveja à revista Caras. Debates e mais debates, cheios de consensualidades. Um jornal que não publica uma única novidade, uma notícia, uma opinião nova. Em que os dados estatísticos sobre os atletas são inexistentes, as classificações das competições se resumem às dos seniores, em que o número de gralhas nos resultados rivaliza com a falta de qualidade dos textos.  

Leiam a entrevista do treinador da equipa B. Incrível como se ocupa duas páginas sem se dizer nada, mesmo nada. Chega a ser confrangedor. E o que dizer da pagina da responsabilidade do Pragal Colaço. O que é aquilo? Um fanzine dos anos 80? Era pedir muito um jornal melhorzinho. 

Depois temos o facebook. O brinquedo estimado por esses comunicólogos de águia ao peito. Os posts variam entre as promoções da loja, a camarata coca-cola, o preço dos bilhetes, a camarata coca-cola, os parabéns ao Ivan Cavaleiro pela estreia, a camarata coca-cola, um novo jogo online, a camarata coca-cola.

Neste momento, o benfiquista que quer notícias sobre o seu clube ou perde-se pelas provocações do jornal Record e nas notícias plantadas no Correio da Manhã ou procura na blogosfera. É assim, sabemos muito mais do Benfica nos blogs e nos fóruns do que no “dinâmico e poderoso” grupo editorial do SLB.

E é da blogosfera benfiquista que vem o apelo. Chamem o Pedro Guerra, o Gabriel, o Pragal, o Luís Filipe, seja quem for, mas digam-nos o que está previsto (se é que está alguma coisa) para a sede na Rua Jardim do Regedor. Se não sabem onde é, fica aqui a foto. Ainda com o emblema.  

JL

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O ABSOLUTO NON SENSE

Um início de época meio bisonho e duas semanas sem campeonato deixaram-me completamente à toa.
Com efeito, eu a pensar que este fim-de-semana havia Taça de Portugal mas, afinal, tanto alarido por um simples jogo da equipa B em Cinfães.

Expliquem-me apenas algumas coisas que não entendi, talvez pelo adiantado da semana:

  • Qual a razão de tanto aparato à volta da nossa equipa B? É que a chegada a Cinfães teve direito a seguranças do clube, cordão de polícia, enfim, um luxo: até parecia um jogo da equipa principal.

  • Porque razão vai Jesus orientar a equipa B? Faz parte da nova politica desportiva com uma maior interacção entre as duas equipas que inclui rotação de treinadores? Ou perante o previsível castigo de Jesus, é Hélder Cristóvão quem avança para a equipa principal? Ou será que perante a aversão de JJ à formação, Vieira decidiu castigar o mestre da táctica e recambiá-lo para a equipa B?

  • Que fazem Ola John, Ruben Amorim e Djuricic na equipa B ? Portaram-se mal? Responderam mal a Jesus? Ou Hélder não os quer na equipa principal?

  • E porque razão Rui Costa acompanhou a equipa B? Sei que costuma marcar presença no Seixal, mas para um jogo fora e ainda por cima de uma competição sem grande expressão, não me parece que faça grande sentido…

  • Finalmente: porque é que o site oficial do Benfica não publica a lista de convocados? Querem esconder trunfos perante o Cinfães ou estarão tão baralhados como eu?


Decididamente, estas paragens do campeonato, dão cabo de mim.     


RC


terça-feira, 15 de outubro de 2013

O MANEL VOLTA AO ESTÁDIO



Já conhecem o Manel? Talvez daqui, ou então daqui. Bem, o Manel esteve hoje a ouvir as notícias. Aquela gaja ruça deve ser lagarta, pensou. Anda-lhes com um pó. Aos do governo e aos lagartos. Já nem pode ouvir o Tavares do café. Ainda há menos de meia dúzia de meses andavam caladinhos que nem ratos. Depois foi sempre a descer. O que nos aconteceu? 

Primeiro foi aquele sábado trágico no café, com o Alberto, quando o Benfica perdeu lá em cima. Ele bem viu o sorriso do Tavares quando os andrades marcaram. Não esmoreceu, campeonatos há muitos, tinha pedido algum guito emprestado ao sogro e foi com o puto a Amesterdão. O Manel que nunca tinha saído de Portugal até aos treze anos, quando foi a Badajoz numa excursão organizada pelo Morais, proporcionava ao puto um dia do caraças. 

Era uma final europeia. Que belo dia passou. Tudo diferente, ali vive-se bem. A equipa até jogou razoavelmente. O puto gostou. Já andava umas ideias parvas de ser do Porto e veio de lá entusiasmado. Valeu a pena, apesar da derrota e da Maria ter ficado lixada porque com o dinheiro que gastou, este ano foi apenas uma semana no parque de campismo de Armação de Pera. Foi melhor assim, pensou, aquilo também estava cheio de melgas. 

O pior foi na semana seguinte no Jamor. Aquilo é que o deitou abaixo. Ele nem gosta de falar muito no assunto. O Manel não é homem de chorar, mas naquele dia, ao chegar a casa, fechou-se na casa de banho e chorou de raiva. De muita raiva. Foram semanas sem olhar para os jornais desportivos. Mudava de estação de rádio cada vez que falavam de futebol. Nem a merda da inauguração do Museu o entusiasmou. Quando voltou a olhar para o seu Benfica, no pico do Verão, parecia outro clube. Tanta a confusão que havia no plantel. Nos jogos da pré-época viu exibições de assustar. E até a taça de honra perderam. Como foi gozado pelo Jorge do talho e pelo Tavares do café. 

Este ano não comprou o redpass. O dinheiro apesar de ser cada vez menos, tinha-se arranjado. 180 euros não são nenhuma fortuna. Mas estava sem ânimo. O Alberto bem insistiu, até lhe mostrou o redpass total que dá para todos os jogos. Mas nada ajudava, cada notícia do Benfica era mais deprimente que a anterior.

Foi adiando a sua ida à Luz. Ter o Redpass sempre puxa mais. Ficamos obrigados a ir. Mas assim, ter de ir comprar o Bilhete, com o jogo a dar na Benfica TV, acaba sempre por ficar pelo sofá. E com estas exibições nunca se arrependeu. Tem pena é do puto que cada vez tende mais para o Porto. 

Hoje soube que contra o Nacional os bilhetes são a cinco euros. Fez as contas e decidiu levar o puto. Está a rezar para que o Benfica jogue alguma coisa de jeito, caso contrário é desta que o rapaz passa mesmo a ser andrade. 

Ligou ao Alberto. “Olha, vou ver o Nacional, os bilhetes são a cinco euros.” Disse entusiasmado ao telefone. Do outro lado ouviu. “ Já sei. Gastei eu duzentos euros no redpass e agora fazem-me isto. Sinto-me um otário. A minha vontade é não ir lá mais. Para o ano faço como tu.” 




JL