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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


domingo, 1 de março de 2015

1,74 M DE LENDA





                   

Dele, o bigode façanhudo dizia tudo: para além da valentia e da coragem, não brincava em serviço.
Só admitia a vitória, só sabia ganhar.

Tinha 1,74m, mas na baliza e na pequena área era enorme, um descomunal e imbatível gigante.

Não tinha como Preud’homme, a classe de um predestinado: tudo nele era trabalho, raça, entrega, profissionalismo.
Mistica, nem mais.

Manuel Galrinho Bento foi o mais fantástico guarda-redes que vi e seguramente não verei outro igual.

Marcou uma época, marcou o Benfica e marcou-nos a nós que o vimos em centenas de jogos a defender a baliza do Benfica como se defendesse a própria vida.

Era assim, de facto: a sua vida era a baliza, a sua vida era o Benfica.

Um dia em Famalicão, levou um pontapé na cabeça que lhe valeu mais de 30 pontos e umas poucas semanas de ausência.
Voltou como se nada tivesse acontecido: o destemido e louco Bento de sempre, melhor que nunca.

A estúpida lesão no México traiu-lhe a carreira: Bento teria sido titular no Benfica até ao fim e ninguém me tira da cabeça que com ele na baliza, teríamos sido campeões europeus em Estugarda.

Há 8 anos, assistiu  a mais um aniversário do seu Benfica, reviu velhos companheiros de tantas lutas e vitórias e partiu.

Na baliza, deixou um vazio e uma lenda.


RC 

3 comentários:

  1. Parabéns, muito bom. Trouxe-me grandes lembranças, como Bento não haverá outro igual.

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  2. ... bigode "façanhudo" não era seguramente, talvez queiras dizer farfalhudo :-)

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