N

Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


terça-feira, 12 de junho de 2018

UM TRIBUTO A JORGE DE BRITO



Não há moralistas de ocasião nem puristas da história que consigam apagar da memória colectiva do benfiquismo o que foi o Verão Quente e a forma vil e cobarde como fomos então e uma vez mais atacados pelo Sporting.

Convém, por isso, relembrar aos menos atentos ou mais sentimentalistas que as circunstâncias não são sequer comparáveis.

Que o Sporting esteja em processo de auto-destruição à mãos de uma espécie de tarado, é lá com ele e com todos quantos ao longo dos últimos 5 anos o apoiaram incondicionalmente apesar de todas as alarvidades que ia vomitando ou, talvez por isso mesmo.

Por mim, quanto pior, melhor: é lá com eles.
Os Mustafás, os viscondes, os Barrosos e os Ferreiras que se entendam. Farinha reles do mesmo saco.

Não deve, pois, o Benfica ter quaisquer pruridos em se reforçar com jogadores que o Maluquinho do Campo Grande tratou de pôr no olho da rua entre recados no facebook, pauladas encomendadas ou chantagens públicas.

Por muitos motivos, tenho as maiores dúvidas de que o Benfica o consiga.

Do que não duvido mesmo é que, passados 25 anos, a vingança seria servida fresquinha como convém.

Para além disso, seria uma bela homenagem e um grande tributo a um homem que naquele Verão dramático e inesquecível lutou sozinho contra tudo e contra todos, resgatando o Benfica a uma morte anunciada: Jorge de Brito.


RC

domingo, 10 de junho de 2018

MODALIDADES: O DESASTRE ANUNCIADO




Porto-Benfica em hóquei: a ganhar por 4-3, o Benfica sofre um golo marcado do fundo(!) da tabela do meio-campo defendido pelo Porto, perante a passividade de toda a equipa.
Nunca vi um golo tão absurdo, muito menos num jogo desta importância.

Benfica-Porto em basquete, 5º jogo das meias-finais: completamente sozinho debaixo do cesto, Tomás Barroso consegue a proeza de não só falhar os 2 pontos como de, ainda por cima, cair mal e se lesionar.
Caricato, no mínimo.

Benfica-Braga, 2º jogo das meias-finais do campeonato de futsal: com uma entrada completamente despropositada, Roncaglio vê o vermelho directo, pelo que falhará alguns jogos da final, sendo já 3ª expulsão do guarda-redes nos últimos meses.
Inadmissível, para não irmos mais longe.

É este o retrato das modalidades do Benfica num ano globalmente desastroso.
Claro que não se pode ganhar sempre, mas não é disso que se trata.

Estamos de falar da sucessiva e completa desconcentração competitiva, de falta de atitude e de profissionalismo da parte de atletas que têm, não duvido, as melhores condições que existem em Portugal.
Andamos nisto e, aliás, não só este ano: uma cultura de laxismo e de desresponsabilização que se foi instalando perante falhanços consecutivos tinha que resultar num zero absoluto em termos de títulos nacionais.

De uma forma geral, as nossas equipas são fortes contra os fracos, falhando rotundamente quando os adversários são Porto e Sporting e não, não nos refugiemos na desculpa fácil das arbitragens.
O que está em causa é uma questão de profissionalismo, de garra, de atitude, de querermos mais vencer do que os nossos adversários.

Foi por isso mesmo que a nossa equipa de hóquei foi completamente varrida e humilhada no jogo da Champions no Porto e levou um perfeito banho de hóquei do Sporting em plena Luz; foi por isso que o basquete perdeu a Taça para o Illiabum com uma exibição ridícula e deplorável; foi pelo motivo que o vólei voltou a falhar nos momentos críticos dos jogos da final, o que aliás não é propriamente novidade nas equipas de Jardim.

Haja, pois, vontade “politica” de dar a volta a isto, rejuvenescendo as nossas equipas e apostando em treinadores ambiciosos e capacitados, exigentes e rigorosos.

Se tiverem dúvidas, olhem para o caso do andebol e vejam como se faz.


RC

sábado, 2 de junho de 2018

UMA GLÓRIA EXPRESSAMENTE DE PLÁSTICO


Como qualquer benfiquista, com dois dedos de testa e uma coluna que não seja demasiadamente flexível, deixei há algumas semanas de comprar o Semanário Expresso. Consumir é também um ato politico, uma escolha, uma decisão que não envolve só o produto comprado e o valor que damos por ele, mas também a sua representação ética e social.

Assim, perante os ataques desmesurados ao Benfica, quase diários se considerarmos também o site, e a defesa cega e propagandista ao presidente do Sporting CP, que transbordaram com estrondo para o canal televisivo do mesmo grupo, outra atitude não se seria de esperar de quem se considera Benfica.

O que vale é que quebrar este hábito interrupto de quase 30 anos está a custar menos do que esperava, tal era indigência de jornalística que o Expresso vinha exibindo ultimamente.  A este propósito, até nisto ser Benfica é uma sorte. Por exemplo, é uma fortuna sermos patrocinados por uma Sagres e não por aquele refrigerante com álcool, que patrocina tudo o que é concertos e festas de estudantes, obrigando pela exclusividade o seu consumo em massa.      

De qualquer forma, sempre me fez alguma confusão este recente fundamentalismo lagarto de uma publicação que era, e devia ter continuado a ser, uma Instituição. Considero que o facto do filho do dono grupo, e atual administrador, ser fanático pela equipa do Campo Grande, não é suficiente para tal inflexão. Um jornal deve ter uma estrutura editorial complexa e seria inédito a paixão futebolística da administração intervir tão vigorosamente na sua linha de atuação.

Hoje ao comprar o Público, e porque ainda ia andar uns bons metros, pedi um saco ao jornaleiro para que o transporte fosse mais confortável, zeloso enfiou o diário num saco do Expresso que tinha por ali. Quando parei num café próximo, reparei surpreendido que o famoso saco do Expresso já não é patrocinado por um banco, por uma seguradora ou um operador de televisão. Quem o patrocina agora, quem ocupa o que é talvez o mais privilegiado espaço publicitário da imprensa portuguesa, é o abastado Sporting Clube de Portugal.   

Não sei se foi um caso pontual ou se em outras edições a situação se repetiu. O que tenho a certeza é que aquele espaço não é barato. Ainda mais que a publicidade não diz respeito a uma campanha de angariação de sócios ou bilhetes de época. É uma campanha dedicada a um avançado que marcava muitos golos na época em que o SCP se confundia tanto com o Regime que tinha a alcunha de Direção Geral dos Desportos.  Um período de grandes goleadas internas, mas ao mesmo tempo de resultados terceiro-mundistas ao nível da seleção, o que diz muito da qualidade conjuntural do jogador em causa e dos outros violinos.

O que a campanha procura não é o retorno financeiro consubstanciado em novos sócios ou  venda de mais bilhetes. O que se pretende é algo mais difícil de conseguir e é procurado incessantemente, mas com insucesso, por aqueles lados, desde que um neto foi pedir ao avô para fazer um clube, até à persistente luta para se conseguir campeonatos no passado, aos quatro de uma vez, de atacado.

É uma campanha que nos tenta vender "Glória", que sendo impossível de conquistar no presente ou no futuro, resta ser alcançada onde a falta de memoria dos homens faz adensar o nevoeiro. Podem não ser conquistas de carne e osso, com lágrimas e suor, perante adversários valorosos e de grande calibre, mas desde que sirvam para colocar em faixas no estádio e nos rodapés de comunicados, tudo impecável. Uma "Glória" de plástico, como o saco onde que se guardam os jornais, como o jornalismo que usa as palavras e as ideias para vender espaço publicitário.