JL
N
Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
domingo, 28 de outubro de 2012
A VITÓRIA DO VIEIRA E O GATO ESCALDADO…
…que de água fria tem medo. Um sábado incrédulo pelos cafés do nosso Portugal. Gaspar teve umas férias imerecidas porque boquiabertos lagartos, andrades e simpatizantes do sofá e do Benfica perguntavam como foi possível uma esmagadora vitória daquelas do Vieira. Ainda mais a seguir a uma derrota na champions league.
Ao contrário do que se diz a história não se repete, mas é dela que se constrói o presente. E para percebermos este resultado eleitoral temos de recuar até Manuel Damásio.
Manuel Damásio foi um presidente azarado e frustrado. Comprou craques em barda e tudo o que era treinador da moda, mas ou porque o sistema estava vigoroso, ou porque a incompetência era muita e o azar também, o Benfica quase nunca ganhava. Habituados a ganhar quase sempre os benfiquistas andavam mais do que agastados com a situação.
Este foi o detonador para aparecer Vale e Azevedo. Numa primeira tentativa perdeu para Manuel Damásio com pouco mais de 10%, mas três anos depois pareceu a defrontar o credível Luís Tadeu. Capitalizando o enorme descontentamento da massa associativa e aproveitando o alheamento de alguns, Vale e Azevedo apostou tudo na demagogia. Recordo ainda nas filas para votar os seus apoiantes, estrategicamente colocados, a anunciarem aos gritos a iminente assinatura de Rui Costa.
Vale e Azevedo ganhou por apenas 4% a Tadeu, mas foi o suficiente para o Benfica entrar nas trevas profundas. Escândalos atrás de escândalos, resultados inimagináveis (7-0 em Vigo), classificações vergonhosas. Para aqueles que amam o Benfica foram três anos que pareceram décadas. Estão a ver o actual Sporting? Estávamos pior.
Estes três anos de Vale e Azevedo são fundamentais para compreendermos o Benfica actual. Neste momento é um clube com um medo imenso que esses dias voltem, porque lhe dói ainda no lombo aqueles três anos. Sem a ambição de outros tempos, descobriu que a derrota não o destrói e troca a glória por sopas e descanso. O Benfica é actualmente um clube excessivamente conservador.
No seu grosso, a massa associativa não troca o certo pelo incerto. O medo tem destas coisas. E quem não compreender isso não ganha eleições.
JL
PORQUE NON TE CALLAS ???
Com uma bela exibição sobretudo na 1ª parte, o Benfica
tornou fácil um jogo que se antevia complicado.
Parabéns, portanto, a Jesus que numa conjuntura complicada,com
lesões em jogadores fulcrais e habitualmente titulares, recorreu a outros
habitualmente suplentes ou nem isso, sem que a equipa se ressentisse de tantas
alterações.
Ola John parece mais desinibido ( e se Jesus gritasse
menos com o miúdo, talvez ajudasse…), André Gomes revela uma espantosa maturidade e é um verdadeiro diamante por lapidar e Luisinho fez uma bela
exibição coroada com um oportuno golo.
Depois, como é habitual, Jesus abriu a boca e estragou
tudo com as declarações que fez precisamente sobre Luisinho.
Quando questionado sobre o ex-jogador do Paços de Ferreira,
o mestre da táctica meteu aquele habitual ar de superioridade entre o desdém e
a sobranceria pura e dura e lá foi dizendo que “não se ilude porque a Champions
é outra coisa, mas que para aqui vai dando”: assim mesmo, com toda esta elegância.
O autor da tirada é a mesma personagem que
durante uma época inteira teimou num desastre chamado Emerson: seria para rir,
se os resultados não tivessem sido tão trágicos.
Aparentemente e também por força da actual conjuntura económica,
já o conseguiram travar na importação e rotação massivas de jogadores
Falta, no entanto, o mais difícil: calarem-no.
RC
sábado, 27 de outubro de 2012
MAIS VIEIRA E MENOS VIEIRISMO
Foi uma esmagadora maioria silenciosa que voltou a eleger Luís Filipe Vieira. Ainda mais no mais concorrido acto eleitoral de sempre, num dia que decorreu com a serenidade dos grandes momentos, de enorme esplendor democrático e que demonstrou a grandeza e o fulgor do nosso clube.
Não foi uma vitória inesperada, mas foi mais indiscutível do que era expectável. Agora não vale a pena voltar a dissecar o desacordo que tenho com muitas das medidas do último mandato do actual Presidente, nem voltar a lamentar o facto de não ter aparecido uma alternativa que me desse total confiança para a mudança.
Votei convictamente em branco e vou estar mais atento. Vou estar mais atento porque quatro anos é muito tempo e por cima de nove ainda é mais e a pior enfermidade que grassa no Benfica e que se tem alastrado nos últimos anos continua. Estou a falar do Vieirismo, um monstro que saiu do controlo do seu criador.
Uma gigantesca maioria escolheu Vieira para o mais longo mandato da história do clube, mas o Benfica continua a ser dos sócios. Que Vieira seja mais Vieira, que saiba governar com a massa associativa e não como se esta não existisse ou se transformasse de repente em anónima clientela. Que a oposição saiba ser uma alternativa constante e não apareça a apenas um mês das eleições. Uma oposição responsável, sem agressões e petardos. É pedir muito?
JL
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
VAMOS A VOTOS!
Acabou e não deixará saudades.
Foi uma campanha eleitoral vazia: sem ideias nem a tal
chama imensa à altura da grandeza do Benfica.
De um lado e do outro houve populismo, demagogia e
politiquice naquilo que de pior a politica tem: uma certa ideia de que os
eleitores são todos distraídos, de curta memória ou tão somente mentecaptos.
De qualquer forma, “les jeux sont faits” e amanhã vamos a
votos.
Pedindo o impossível, gostaria que das eleições de amanhã,
saísse um Benfica unido à volta do seu presidente, preparado para as duras
guerras que aí vêm: rompendo com a Olivedesportos, o Benfica desafia de modo
irreversível um dos poderes obscuros que atrofiam e manietam o futebol português,
pelo que as consequências não se farão esperar.
Não tenho, porém ilusões: no Benfica, as últimas eleições
verdadeiramente disputadas foram sempre fracturantes e tiveram as consequências
que todos constatamos quando, por exemplo, contabilizamos os campeonatos ganhos
nos últimos 25 anos.
O Benfica é o clube da democracia: aprendeu-a e ensinou-a
antes do país a saber, sequer, soletrar.
É esta a inveja que rói os miseráveis revisionistas da
história , reféns de clubes de inspiração pretensamente aristrocrática ou de
outros governados por caudilhos corruptos que apenas sabem jogar sujo.
Vamos, pois, votar.
É o Benfica que está em jogo, deverá ser o Benfica a
unir-nos.
A partir de amanhã, que cada um cumpra o seu dever.
RC
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
SOBRE OS DIREITOS TELEVISIVOS
O facto de o Benfica ter possibilidade de negociar os
direitos televisivos no próximo ano é um valor inestimável em relação à concorrência.
Se exceptuar o timing escandalosamente eleitoralista do anúncio de Luís Filipe
Vieira, mesmo sem conhecer o famoso estudo que o Presidente guarda debaixo da
almofada, devo dizer que a opção de ficar os conteúdos para a Benfica TV é sem dúvida
a melhor opção.
A proposta da Lista B de vender os direitos a um putativo
parceiro internacional que daria qualquer coisa entre os 60 e os 70 milhões de euros
parece-me sinceramente utópica. Por alguma razão o nome do parceiro não é
revelado. O nosso futebol está cheio de milionárias parcerias em período eleitoral.
Mas voltando à transmissão dos nossos 15 jogos da liga (seriam
mais se o alargamento tivesse sido aprovado), mais os 21 da equipa B, pela
Benfica TV, esta encerra uma série de vantagens que vão mais além da simples
questão financeira. Tem a ver com a gestão de toda a logística ligada à
transmissão, com o poder inerente ao facto de ser o dono das imagens, com a possibilidade
de mais liberdade na definição de horários, na gestão da publicidade estática e
de negociação de promoções pontuais.
Estou em crer que as receitas não ficariam longe do oferecido
pela Olivedesportos. Passaria obviamente por um sistema misto, entre o canal completamente
pago e pay-per-view. No primeiro caso temos um canal que para além da transmissão exclusiva
de 36 jogos do Benfica (equipa A e B), mais os jogos internacionais que estão
neste momento contratualizados, pode com uma gestão competente apresentar
conteúdos que, integrados ou não nas transmissões, podem resultar num elevado
interesse. Por exemplo, ao nível do acompanhamento da equipa no antes e após
jogo.
No caso do pay-per-view (possibilidade
de assistir a apenas a alguns eventos) imaginem os adeptos dos nossos clubes adversários,
sabendo que o jogo não dá em nenhum canal aberto e que está à distancia de
10/15 euros? Suponham um grupo de amigos que longe do estádio se junta para ver o jogo?
Penso que a mensalidade e o pay-per-view
em conjunto poderão angariar receitas anuais entre 10 e 15 milhões de euros e
isto numa óptica conservadora. Se juntarmos a receita por estarmos numa plataforma
exclusiva (meo) e a possibilidade da venda de conteúdos, chegamos a números
bastante encorajadores.
Mas a grande vantagem é mesmo cortar o cordão umbilical com a
Olivedesportos. O que nos permite a médio/longo prazo, com o mercado com outra
configuração, ter uma posição negocial muito privilegiada.
JL
É POSSÍVEL DESCER AINDA MAIS BAIXO?
O candidato da lista A, que até é o atual Presidente, deu ontem finalmente sinais de vida eleitoral. Fez um raide entre Carnaxide e os Olivais aparecendo em tudo o que era noticiário. Repetiu até à exaustão a palavra “mentiroso” e anunciou a dois dias das eleições que já tinha decidido há bastante tempo não renovar o contrato com a Olivedesportos. Esta decisão foi baseada num estudo, cuja encadernação fez lembrar os trabalhos de faculdade dos anos 80/90, paginados na casa das fotocópias do Apolo 70. Um estudo que só ele conhece, estilo terceiro segredo de Fátima, mas do qual tentou mostrar a capa, para o povo comprovar a sua existência.
O candidato da Lista B andava há dias a anunciar que a dois dias das eleições iria revelar um escândalo que envolvia o candidato da Lista concorrente e atual Presidente. O escândalo é que havia pressões sobre funcionários do clube para não votarem na sua lista, esclarecendo a propósito que o voto eletrónico, utilizado no clube há 6 anos e assistido pela Comissão Nacional de Eleições é absolutamente seguro. A seguir o candidato que garantiu nas últimas semanas que os atuais dirigentes andavam a viver às custas do Benfica assegurou que iria tomar medidas judiciais contra o outro candidato porque afirmou que ele queria viver às custas do Benfica.
JLquarta-feira, 24 de outubro de 2012
ANDEBOL CONVENCE
Vitória do Andebol por números elevados (16-34) na Madeira frente à nossa habitual besta negra. Como está diferente esta equipa. Ganha e convence. Não gosto de ser demasiado optimista, mas parece que é desta que vamos lá.
JL
A SUBSTITUIÇÃO E A PERGUNTA
Quando o misto de visionário, mestre e oráculo que dirige a nossa equipa, substitui aos 88 minutos (!) Matic por Ola John, está a gozar com o jogador que sai, com o jogador que entra ou tão simplesmente a gozar connosco ?
terça-feira, 23 de outubro de 2012
OS TIQUES DO PODER
O que o Benfica necessita de dirigentes que sintam o peso da responsabilidade e não a leveza da superioridade.
Deixando de lado, o aumento exponencial do passivo, as confusões constantes na gestão das aquisições e dos jogadores com contrato, o abandono de várias modalidades com histórico no clube, o autoflagelo institucional representado no apoio a Fernando Gomes e à sua pandilha na Federação. Deixando de lado que por vezes Vieira foi um visionário, ou quem o rodeava na altura, e implementou uma dinâmica muito positiva em algumas áreas do clube e que houve um real crescimento ao nível de algumas modalidades e da formação.
Deixando de lado isso tudo, há um aspecto que vai fazer cair muitos votos na lista B ou no campo dos Brancos ou da abstenção. A arrogância extrema como a Lista A trata as eleições e por inerência a massa associativa.
O símbolo dessa sobranceria é o Rui Gomes da Silva. A sua postura é reveladora dos tiques resultantes da perpetuação do poder. Mas não é só ele. Ela estende-se por vários elementos da Direcção, mas principalmente pelos funcionários principescamente pagos, dos quais o caso mais paradigmático é o treinador da equipa de futebol.
Atitude da Benfica TV e do jornal do clube perante as eleições não foi só decepcionante, foi indecorosa. Indigna da história democrática do Clube. Como é que o Benfica tem um canal e não o utiliza para esclarecer os sócios? Não me lembro, e já passei por mais de uma dezena de eleições, de algum acto eleitoral com esta falta de cobertura às candidaturas por parte do jornal.
Apesar de tudo Vieira vai ganhar, sendo o efeito autofágico destas eleições resultante de um certo alheamento dos eleitores, consubstanciada na incapacidade da oposição de atempadamente ter demostrado a sua credibilidade. Se é que já demonstrou.
JL
PS: Assim de repente, nestes últimos 3 anos, não me lembro de o Benfica fazer um grande jogo fora nas competições europeias. De certeza que houve, mas não me lembro.
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
DESCULPEM A INTERRUPÇÃO: O BENFICA JOGA DENTRO DE MOMENTOS...
Ao entrar numa edição on-line de um jornal desportivo,
apercebi-me que amanhã joga o Benfica.
A julgar pelo que aí vai, creio ser mais uma invenção da
infernal máquina de propaganda de Vieira, mas vou tentar contactar com a
candidatura de Rangel para tentar tirar a coisa a limpo.
Em plena fase pré-eleitoral, cada benfiquista
reinventou-se, descobrindo novas facetas até agora ocultas ou adormecidas.
Qualquer um de nós é agora um perito em finanças:
discutem-se défices como quem fala despreocupadamente da conta que se deve à
mercearia do bairro; passivo bancário e não bancário são agora conceitos comuns
a qualquer habitante do piso 3 da bancada Meo; fundos de jogadores,
patrocínios, namings ou direitos televisivos geram ainda menos unanimidade do
que as capacidades goleadoras do Tacuara.
Descobrimos até vocações arqueológicas até agora
desconhecidas: há quem garanta que há escavações na Luz tentando descobrir
vestígios do ano exacto da filiação benfiquista de Vieira ou se Rangel é sócio
há mais tempo do que Luisão.
Perante tudo isto, é, de facto pouco crível e ainda menos
importante que haja um pequeno pormenor que ameace distrair-nos da intriga
politico-desportiva que gira à volta do folclore eleitoral do Benfica.
Nada de muito importante, de resto: apenas um joguito para
a Liga dos Campeões, com uns tipos da Rússia, de nome Spartak de Moscovo.
Uma chatice, de facto.
Logo agora que todos nós estávamos embrenhados em
comentários políticos de enorme alcance, tinha de vir a equipa do Vieira
estragar tudo com um jogo que, de facto, a ninguém interessa.
Por mim, tenho ainda a esperança que às 17 horas, Rangel
convoque uma conferência de imprensa para revelar ao mundo o 5º segredo de
Fátima: a estátua do Eusébio que está em frente à
porta 18 é, afinal, de plasticina, porque a verdadeira está na sala de estar de
Vieira.
Ou então que a essa mesma hora, Vieira me salve de um
trauma de rejeição, batendo-me à porta e pedindo-me encarecidamente para fazer
parte da comissão de honra (que, já agora, ameaça ter mais gente do que o
último Benfica-Beira Mar…).
Se assim, não for, tudo bem na mesma, mas tenho de me
resignar à minha inutilidade e contentar-me com mais um jogo do Benfica para a
Champions League: um aborrecimento, uma inutilidade.
Agora a sério: tragam de lá a vitória e Viva o Benfica!
RC
EQUIPA B, CRESCER, VENCER.
Uma exibição colectiva a dar para o descolorido, mas com pormenores individuais de deixar água na boca. Notou-se a falta de qualquer coisa no meio-campo, espero que tenham sido só as rotinas. Não me parece que os jogadores levados pelo Jesus tenham assim tanta influência. De resto, vão ganhando e crescendo. Tem sido uma boa aposta.
É verdade, já me ia esquecendo, o menos importante, vencemos por 2-1.
JL
domingo, 21 de outubro de 2012
127-0
127-0.
CENTO E VINTE E SETE A ZERO.
Lê-se e não se acredita que uma equipa do Sport Lisboa e Benfica,
seja qual for o escalão, seja qual for a modalidade, possa sair de campo
vergada a uma derrota destas dimensões.
E no entanto aconteceu: a equipa de râguebi do Benfica foi
este sábado derrotada por Direito por 127-0, ocupando o último lugar sem
qualquer ponto e sendo semanalmente dizimada conforme o provam 17 pontos
marcados e 261(!) sofridos ao fim de 3 jornadas.
O râguebi não é no
Benfica, uma qualquer modalidade: títulos conquistados, uma tradição de boas
equipas, alguns jogadores que fizeram história, uma equipa outrora respeitada.
Aos rapazes do râguebi que, estou certo, de forma briosa
defendem e suam todas as semanas a camisola do Benfica, um forte abraço de
solidariedade benfiquista.
Aos responsáveis por esta situação, um pedido ou antes,
uma exigência: expliquem-se, expliquem-nos.
RC
RC
UM PEDIDO À LISTA B
Num debate da SIC Noticias, acabo
de ouvir pela primeira vez uma intervenção pública de Martim Borges Coutinho
Mayer, um dos vice-presidentes da lista de Rangel.
Uma impreparação enorme, uma argumentação
de tal modo pobre, gaguejante e incoerente que ao pé disto até o Rui Cunha
parece o Martin Luther King.
Façam-nos um favor: escondam este rapaz e chamem-lhe
apenas Martim Mayer.
O Dr. Borges Coutinho não é para aqui chamado.
RC
sábado, 20 de outubro de 2012
BERNARDO SILVA
Hoje a equipa de juniores venceu por
10-0 o Sacavenense, foi a oitava vitória seguida. Há um jogador que tem
merecido destaque desde o início: Bernardo Silva. Pelo que tenho visto é actualmente
o maior talento da nossa formação. Que continue a evoluir.
JL
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
A POBREZA DOS PROGRAMAS
Não é que esperasse grande coisa da candidatura de Rui Rangel.
Uma candidatura decidida à pressa, filha da janela de oportunidade que resultou
da conturbada Assembleia do Relatório e Contas chumbado. Uma coisa do estilo: “Vamos
lá ó Rui! Temos uma hipótese”.
Contudo, o que lemos do seu programa, das suas entrevistas,
das suas mensagens é muito pouco. Em primeiro lugar revela um desconhecimento significativo
do que se passa no clube. Depois porque por mais obra que tenha feito o actual
presidente nos últimos 3 anos, o período que devemos avaliar, muito haveria para
propor e para apresentar, mas o que lemos no programa do candidato Rangel é um manancial
de ideias muito vagas, de intenções superficiais.
Todos parecem esquecer que estas são as primeiras eleições
para um mandato de 4 anos. É preocupante estar no horizonte um mandato com estas
dimensões e as discussões em cima da mesa resumirem-se ao facto se um candidato
pagou ou não 5 anos de quotas em atraso ou se o outro tem o 25 ou mais anos
sócio.
Sobre a venda dos direitos televisivos, sobre as modalidades,
sobre as instalações, sobre o valor dos redpass, sobre a relação com as
claques, sobre o relacionamento com o Porto e Sporting, sobre o apoio ao Fernando
Gomes, sobre o modelo de organização do futebol, não ouvimos nada. Mesmo sobre
o passivo e a situação financeira do clube ficamos exactamente na mesma.
Anteontem Rui Rangel fez um desafio à blogosfera benfiquista,
todos os blogs benfiquistas poderiam dirigir ao candidato Rui Rangel, um máximo
de três perguntas, cujas respostas seriam mais tarde divulgadas na página
oficial da candidatura. Mesmo com muitas repetidas, as perguntas efectuadas
ultrapassaram as duas centenas. O que é revelador do interesse e da necessidade
de informação dos Benfiquistas. As respostas a estas perguntas vão ser a ultima
hipótese de Rui Rangel de fazer a diferença.
De qualquer forma não se entende como um clube com a tradição
democrática do Benfica chega a esta situação cubana de candidatado quase único
a um mandato de quatro anos. Se ganhar, como é expectável, Luís Filipe Vieira
vai ser de longe o presidente com mais longevidade no cargo. Os 13 Anos de Vieirismo
terão, para o bem e para o mal, um peso decisivo no futuro do Clube.
Por isso, era com espectativa que se esperava pelo programa da
candidatura do actual presidente. Porque é um conhecedor único da situação do
clube e porque quatro anos de governação permite-lhe delinear uma estratégia bem
estruturada para desenvolver a médio/longo prazo.
No entanto, se o programa de Rangel é vago, o de Vieira é um autêntico
deserto. São 23 páginas em que as primeiras 11 são com a chamada comissão de honra,
onde temos de tudo. Mais de metade são funcionários do clube, gente que recebe honorários,
que têm interesse na manutenção do establishment. Numa organização associativa
que se prese, os seus funcionários, por razões óbvias, estão impedidos de participar
na campanha eleitoral que elege os seus dirigentes. No Benfica não se entende
assim. Tenho pena. De resto, são os chamados “notáveis”, a maior parte deles nunca
põem os pés no estádio da Luz.
A seguir vêm mais 9 páginas para a obra dos últimos nove
anos. Nove anos? Mas o último mandato só teve três anos e em democracia são
esses que devemos avaliar. Os outros já foram avaliados, e bem, em eleições
anteriores. Para além deste abuso temporal, a obra é relatada ao pormenor,
chegam até a ser contabilizados o número de subscritores do twitter.
Por fim, vem o esperado manifesto eleitoral. Meramente 3 páginas,
esta Direcção demonstrou diversas vezes que para eles os benfiquistas não
precisam de saber muito. E o que se propõe fazer nos próximos 4 anos? Lemos e
chegamos à conclusão: quase nada. Somente: manter, reforçar e continuar. Vejam vocês
mesmo. Em três páginas apenas uma novidade: a criação da Benfica FM (uma boa
ideia). Não chega a ser pouco, é mesmo nada.
Perante estas duas listas, apenas nos resta uma coisa: ter
fé. Uma fé ilimitada na grandeza do nosso Clube.
JL
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
O MATULÃO E A FORMIGA
A notícia é que não houve notícia e isso é bom. A história recente
do Benfica está cheia de surpresas na taça. Desta vez cumpriu, não facilitou,
conseguiu descansar alguns jogadores e deu moral a outros. Um saldo bastante positivo.
Uma vitória por 4-0 com dois grandes protagonistas: Matic e Luisinho.
O primeiro encheu o meio-campo, o segundo foi uma formiga a trabalhar, a maior parte
das vezes bem, durante os 90 minutos. Matic tem sido a grande surpresa esta
época e desta vez temos de dar mérito ao Jesus. Quando chegou era apenas um 8
ou um 10 razoável, agora é vê-lo cheio de autoridade entre os centrais a
completar o vértice. Já o Luisinho tem algumas limitações a defender, nomeadamente
ao nível do posicionamento, mas tem um toque de bola acima da média, e mais importante
que tudo trabalha muitíssimo.
Paulo Lopes muito bem a contrariar pelo menos duas vezes o Jardel,
que foi o jogador mais perigoso para o …Benfica. Jardel deve estar a revelar
algum cansaço, entre equipa A e B não parou de jogar desde o início da época. De
destacar o regresso do Tacuara. Cardozo andou por ali sem grande brilho, fez alguns
passes positivos, marcou um golo numa jogada estupenda mas tirou outro ao Sidnei.
E por fim saúda-se precisamente o retorno de Sidnei aos “A”, lento mas de
técnica e posicionamento apurado. Não sei se umas experiencias a trinco não lhe
fariam bem.
JL
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
A LISTA DO "PORQUE SIM" E A LISTA DO "PORQUE NÃO"
Sem surpresa, o período pré-eleitoral está a revelar-se um
autêntico fiasco.
Se havia quem, por ingenuidade ou genuína crença na
bondade da raça humana, imaginava uma campanha com algo de novo, estará nesta
altura a falar sozinho e a relembrar com nostalgia os tempos das grandes
disputas eleitorais no Benfica.
Vieira está desgastado e entende-se: foram 10 anos duros,
marcados por uma conjuntura externa difícil e por erros próprios que se
tornaram, não poucas vezes, incompreensíveis porque cometidos e repetidos.
Rangel aparece a cavalgar aquilo que pensa ser uma onda
mas que não passa do normal refluxo da maré.
Pouca convicção, umas tiradas que tentam captar a atenção
mas, no fundo, nada de novo.
Também as listas são fraquitas.
A de Vieira com uma galeria de vice-presidentes que tem
dois pesos bem pesados, de estilo pouco recomendável e de duvidosa utilidade:
Rui Cunha e Rui Gomes da Silva.
Nuno Gaioso é um novato nestas andanças (o que nesta
altura pode ser óptimo ou péssimo) e Domingos Lima tem feito um trabalho meritório
na dinamização das casas do Benfica.
Sobre Moniz, ainda posso tentar compreender o porquê da
inclusão, embora não aprecie particularmente a personagem e desconfie das suas
ligações e reais intenções.
Espero apenas que não nos traga a Teresa Guilherme para
speaker, mas já nada me espanta.
Quanto a Varandas Fernandes, é, ao que parece, um
individuo de óculos que apareceu há 3 anos a dizer mal de Vieira.
A de Rangel, parece uma arca de Noé: um exemplar de cada
espécie.
Entre 3 ilustres desconhecidos (pelo menos para mim), um
ex de Vieira (Fernando Tavares), um ex mais antigo que demonstrou sempre alguma
benevolência em relação a Vale e Azevedo (Cunha Leal) e um de apelido sonante e
histórico que fará suspirar de saudade qualquer benfiquista que se preze. Junte-se
um habitué destes confusos períodos eleitorais ( Arrobas da Silva) e está
feito.
Sobre a mensagem, vamos esquecer o que já ouvimos e
provavelmente ainda mais rapidamente esqueceremos o que iremos ouvir até dia
26.
Não há uma única ideia nova, o que até não espantaria da
parte de Vieira, que assume claramente a continuidade, para o bem e para o mal.
Lamentável é que de Rangel nada mais se oiça do que “uma
auditoria” (um clássico must de qualquer período eleitoral no Benfica) e a
velha conversa estafada dos jogadores portugueses e da formação.
Todos concordamos obviamente com um melhor aproveitamento
da formação, mas todos conhecemos a triste sorte dos idiotas que acreditam
convictamente que tudo o que sai da academia é ouro puro: se Rangel quer acabar
como o sportém, é lá com ele.
Enfim, da espuma dos dias que passam, recolhem-se duas
grandes ideias desta campanha eleitoral: porque sim e porque não, que o mesmo é
dizer Lista A e Lista B.
E estamos assim…
RC
O DIABO ESTÁ NOS DETALHES
Um padrão da política de comunicação do Benfica nos últimos anos é esta: queremos saber o que se passou com o nosso jogador Michel? Lemos o relatório e contas do Sporting de Braga. Queremos descobrir que pagámos um milhão de euros ao Vitória de Guimarães pelo jogador Targino que nunca veio? Vemos o relatório e contas do Vitória de Guimarães. Podia continuar infinitamente. Começava por exemplo na venda do Simão ao Atlético de Madrid e acabava com a compra do Sálvio ao mesmo clube. Nunca nada é totalmente claro neste Benfica, nada é informado a tempo e horas. Um sócio interessado e curioso tem de andar a esgravatar nos jornais e na net entre um oceano de verdades e mentiras. Provavelmente as cabecinhas do marketing e da comunicação do clube não estão aptas para trabalhar com uma massa associativa interessada, curiosa e participativa, mas com uma clientela amorfa e acrítica. É uma questão de aptidão.
São apenas detalhes dirão, mas são muitos.
JL
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
AS MODALIDADES E AS ELEIÇÕES
Perguntava-se até hoje na blogosfera: por onde anda o vice
João Coutinho? Multiplicavam-se as fontes que confirmavam que o vigente
vice-presidente das modalidades não faria parte da lista do actual presidente.
Algo que já era espectável. Aliás, muito sintomático foi a reportagem desta
semana no jornal do clube sobre as modalidades de pavilhão do clube. Nem uma
palavra sobre aquele que apenas formalmente era o responsável por elas. De
resto estão lá alguns dos que realmente dirigem: Luís Filipe Vieira, Carlos
Lisboa e Ana Oliveira.
No Benfica, os dirigentes vão e vêm, uns cumprem como podem,
outros nem por isso. É dever do verdadeiro benfiquista exercer funções no clube
quando para isso é solicitado. E quando se tem a honra de servir o SLB deve-se
fazê-lo cumprindo os estatutos e o desígnio do clube e abraçando a causa com
coragem. A história do Dr. João Coutinho no Benfica é idêntica a outros vices
que passaram ou vão passar pelo clube no reinado de LFV. São eleitos, dão cara,
mas não mandam nada. As principais orientações estratégicas não passam por eles.
São uma espécie de testas de ferro ou mordomos oficiais.
LFV sempre convidou para as suas listas figuras que poderiam
trazer no futuro alguns benefícios para o Benfica ou para ele (ou para os
dois). Por exemplo, a Direção que agora cessa funções é de um equilibro
exemplar no que diz respeito à representação de elementos com ligações aos
partidos do arco do governo: Luis Nazaré (PS), Domingos Lima e Rui Gomes da
Silva (PSD), Sílvio Cervan (CDS).
O convite ao Dr. João Coutinho veio nessa linha. No caso foi
devido a uma forte espectativa de retorno financeiro, já que à época, através da
sua empresa, afigurava-se como um importante patrocinador do clube, nomeadamente
das modalidades. Neste campo as espectativas foram totalmente goradas, porque a
situação alterou-se significativamente, não sendo portanto crível que continuasse
em funções.
Como foi referido atrás a estratégia para esta área foi sendo
definida em grande medida em outros gabinetes do estádio que não o ocupado pelo
Vice-presidente em causa. Neste prisma até podemos dizer que a sua actuação não
foi totalmente negativa, aparecia, ficava bem nas fotos das vitórias, mas não
atrapalhava. É certo que nunca colocou em causa a unidade, nem prejudicou o
clube, no entanto, isso parece-me muito pouco para um vice-presidente eleito
pelos sócios e nesta Direcção não foi caso virgem.
Formalmente foi o responsável pelos resultados, mas a
realidade era bem diferente. Na maior parte das vezes o gestor nomeado pelo presidente
é que despachava directamente com os responsáveis das secções. Sem a vantagem financeira, perdeu obviamente o
seu espaço.
Neste panorama pode-se perguntar o que poderia ter feito mais. Por
exemplo, se as modalidades de pavilhão, e mais tarde o atletismo, estavam protegidas
pelos burocratas do staff presidencial, as “pequenas” modalidades, menos
mediáticas, tiveram de fazer o seu percurso de forma quase totalmente desamparada
e entregues si mesmas. E neste campo exigia-se mais proatividade ao
vice-presidente.
No râguebi, apesar de ser uma SAD, nunca nos podemos esquecer que
o Benfica como accionista de referência tem muitas responsabilidades. Num desporto
com alguma visibilidade são degradantes os resultados da equipa principal, como
são vergonhosas as condições de treino e o silêncio sobre o abortado (será?)
projeto de Oeiras.
Depois temos o Ténis de Mesa (a vegetar na 2º divisão), o
Bilhar, as Artes Marciais, a competição da Natação e a Ginástica, modalidades
que estão há anos secundarizadas no panorama desportivo nacional, com uma
evolução lenta ou nula, sem projecto definido e com fogachos muito pontuais. Um
lado B da nossa actividade que muitos ignoram.
Acrescento ainda que este foi o mandato que fechou o Judo e o
Tiro com Arco, duas modalidades olímpicas, cujos processos deveriam envergonhar
os responsáveis do clube. A bem da nossa imagem ainda bem que não foram
mediaticamente esclarecidos. E temos a aposta em atletas isolados
desenquadrados de qualquer secção: Judo, Triatlo e Canoagem. Tudo isto passou e
passa ao lado do Vice-presidente.
Depois há aspectos da actividade que era útil sermos
esclarecidos. Quanto custa ao clube a manutenção do golfe? E com que benefícios?
Qual é a despesa anual em instalações alugadas para a formação das várias
modalidades? Não se poupava mais construindo ginásios na Luz?
As modalidades são um dos maiores trunfos eleitorais de Luís
Filipe Vieira, nomeadamente porque na última época os resultados foram relevantes,
mesmo em cima da meta, mas relevantes. Há muito que não havia tantas
conquistas, mas esteve longe de ser o ano mais vitorioso de sempre como foi
erradamente propagandeado. Contudo, ficámos com a sensação que a correlação Investimentos/resultados
não foi tão positiva assim. Não sendo necessário fazer mais, é imprescindível
fazer melhor. Para isso pede-se ao próximo
responsável, seja ele qual for, que o primeiro objecto que utilize que seja uma
vassoura.
JL
domingo, 14 de outubro de 2012
MAIS DO MESMO: VERSÕES A E B
Sem surpresa, Luís Filipe Vieira
anunciou a recandidatura.
Sem grandes expectativas aguardo a apresentação da
candidatura de Rui Rangel.
Da apresentação da candidatura de
Vieira, pouco há a dizer: depois de Rui Costa há 3 anos, mais uma vez um coelho
saído da cartola, desta vez sob a forma de José Eduardo Moniz.
Uma aparição estranha, a de
Moniz.
Tal como há 3 anos, não confio
demasiado neste súbito ataque de benfiquismo do antigo patrão da TVI e desconfio ainda mais de algumas
das suas ligações.
Quanto ao discurso de
apresentação da candidatura, apenas um enorme bocejo: não há uma ideia nova,
mas mais grave, não há a humilde assunção de qualquer erro.
Os avanços e recuos em relação á
figura do director desportivo (a questão Rui Costa merece em si mesma
um post, mas lá chegaremos) e os erros cometidos na incoerente gestão do
futebol nenhum comentário mereceram a Vieira; sobre o vergonhoso apoio a Gomes
e à sua camarilha, nem uma palavra também.
Percebe-se: o tema é demasiado
soturno, como tudo, aliás, o que envolve o posicionamento do Benfica em relação
á superestrutura que domina o futebol português.
Quanto a Rangel, apresentará
amanhã a sua candidatura e, presume-se, os nomes que constituirão a sua lista.
Para já, conhece-se apenas o do
candidato à liderança da mesa da AG : Paulo Olavo Cunha é, sem dúvida, uma
excelente escolha.
Não me iludo, porém, com a
candidatura de Rangel: não tenho dúvidas que se trata basicamente de uma
candidatura colada com cuspo na ânsia desenfreada de encontrar uma
alternativa a Vieira.
Não acredito que uma candidatura
apresentada à pressa e em cima da hora se traduza num programa válido, coerente
e consentâneo com as necessidades, as responsabilidades e os desafios que se
colocam ao Benfica aqui e agora.
Por outro lado, não tenho
qualquer dúvida que, no essencial (e basta ver alguns nomes que por lá têm cirandado),
a candidatura de Rangel se vai tornar num albergue espanhol cujo cimento será
essencialmente o ódio a Vieira, entre ressabiados, habituais frequentadores de
candidaturas e simples oportunistas.
Como benfiquista, espero,
sobretudo, que da campanha e da discussão nasça alguma luz num clima de elevação
e de respeito pela tradição democrática do Benfica.
Sou, de facto, um optimista incorrigível.
UM DOMINGO QUALQUER
O agradável passeio do futebol profissional pelos Emiratos, com
uma exibição QB e bonitos golos, enquadrado em douradas promessas de
investimentos e patrocínios milionários, não fez esquecer os deprimentes resultados
do futsal. Na Geórgia os rapazes mostraram mais uma vez que o 5X4 não é para
eles, seja a defender, seja a atacar. E demostraram essencialmente como estão
longe da elite europeia, apesar do investimento.
A formação do futebol também fez honra de estragar o idílico fim-de-semana
da apresentação da candidatura presidencial. As derrotas em Sacavém e em Alcochete
dos Iniciados e Juvenis, respectivamente, fazem-nos descer à terra. Inenarráveis
foram os números do râguebi. Não podemos ganhar sempre, mas não devemos perder assim.
Salvam-se as duas almofadas competitivas desta época, o voleibol
(duas vitórias por 3-0) e o Basquetebol (conquista do troféu António Pratas).
Na segunda a distância qualitativa entre nós e os outros chega mesmo a ser pornográfica.
JL
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
UNIVERSAL
“Uma manhã, no entanto, chegámos ao
porto de Lisboa (…) que eu imaginava, nos meus sonhos febris, como uma cidade negra,
com gente vestida de negro, com casas feitas de ébano, ou de mármore negro, ou
de pedra negra, talvez por no meu delírio febril tivesse alguma vez pensado em
Eusébio, a pantera negra daquela selecção que tão bom papel desempenhara no
Mundial de Inglaterra de 66.”
De Roberto Bolaño in “Os Detectives Selvagens”
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
LAGARTIXAS EM BICOS DE PÉS
A lagartagem acusou o Benfica de ter
«rompido um pacto de não-agressão» com a contratação do atleta Hélio Gomes, corredor
de 1.500 metros, e assume-se pronto para «retirar todas as consequências» do
sucedido. Que o façam e o mais rapidamente possível.
Há muito que venho a questionar este
acordo que temos com gente que nem vestidos de lavado se poderão algum dia confundir-se
com cavalheiros. Ao fim de pouco mais de 100 anos de convivência os nossos
dirigentes ainda não aprenderam que ao darmos a mão somos imediatamente mordidos.
Sempre assim foi, está na sua génese.
Ainda há pouco tempo fizeram um
chiqueiro imenso por causa da caixa de segurança, que só por sorte não escambou
numa tragédia, ainda há menos tempo emitiram um longo comunicado com ofensas
pessoais ao nosso Presidente, por causa de uma frase onde nem sequer eram nomeados.
Só dos compadres lá de cima é que nunca têm desgostos, mesmo quando os outros
não usam vaselina.
Nunca percebi as vantagens deste
acordo. Se o Benfica é mais forte e tem mais capacidade, não vejo razão para
estar a limitar a sua acção. Porque em outros períodos da história o Sporting soube
bem aproveitar as nossas fragilidades.
Que a Direcção eleita a 26 de Outubro
denuncie este acordo e arranque de lá umas atletas para a equipa feminina que
bem precisamos.
JL
A CANDIDATURA DE RUI RANGEL
Depois do fogo fátuo de há 4 anos com aquela coisa algo híbrida pomposamente chamada "Movimento Benfica, vencer, vencer!", ao que parece, Rui Rangel é candidato e isso é
inequivocamente uma boa notícia para o Benfiquismo.
A história centenária do Benfica é também feita de grandes
combates eleitorais, de acesos debates e de uma vida associativa riquíssima
porque interventiva, participante e empenhada.
Não há melhor nem maior causa do que o Benfica e todos não
seremos nunca demais.
Gostava, contudo, que Rangel tivesse aparecido de outra
forma.
Que, por exemplo, na lamentável AG de há duas semanas,
tivesse adoptado uma postura de estadista e que tivesse tomado a
palavra, dando a conhecer o seu pensamento e as suas ideias aos benfiquistas.
Era aquele o local próprio para, de certa forma, preparar
a sua candidatura, fazendo uma intervenção de fundo, convenientemente
preparada, pondo em causa um mau relatório e contas e uma apresentação ainda
pior por parte da Direcção.
Ao invés, Rangel preferiu cómoda e cinicamente ficar junto
ao seu staff, tranquilamente encostado à parede do pavilhão, enquanto a
direcção ia ardendo em lume pouco brando, por força de um trabalho nem sempre
limpo feito por uma espécie de tropa de choque.
Não sei nem me interessa muito saber se tudo foi
previamente preparado em conjunto: se quem gritava, insultava e rebentava
petardos estava por conta de quem tranquilamente assistia a um espectáculo
deplorável, mas não sou ingénuo ao ponto de pensar que tudo não passou de uma
coincidência ou de um movimento espontâneo.
Dir-me-ão que estiveram bem uns para os outros: uma
direcção desleixada e indigente, fechada na sua torre de marfim, apresentando
as contas de forma deplorável a uma plateia fanatizada, incendiada em ódio puro
e duro, como nunca assisti em Assembleias-gerais do Benfica.
Perante o Benfica, todos estiveram mal, é o que me parece
óbvio.
De qualquer forma, que Rui Rangel seja bem-vindo ao
processo eleitoral do Benfica: unanimidades de tipo norte-coreano não estão
propriamente no ADN do nosso clube e como parece evidente, levam as elites
dirigentes a viver numa espécie de auto-satisfação autista, fechando-se à realidade.
Esperemos, pois, pela apresentação da candidatura de
Rangel: que seja um sinal de vitalidade e de pluralismo benfiquista e que,
sobretudo, não se deixe transformar num albergue espanhol movido apenas pelo
ódio a Luís Filipe Vieira.
RC
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
VITÓRIA DO ANDEBOL
Boa vitória do nosso andebol
em Odivelas frente ao Sporting por 28-22 e mais uma grande exibição
o nosso guarda-redes. O andebol está a fazer um início de época irrepreensível.
JL
VIEIRA: LUZ E SOMBRA
Este blog escrito a dois tempos e a quatro mãos, não
poucas vezes tem sido extremamente critico em relação a muito do que constitui
o actual estado da nação benfiquista.
Não o fazemos por nenhum motivo em especial, nem nos movem
outros objectivos que não sejam o de tentar contribuir para um Benfica melhor,
mais forte, mais vezes vencedor.
Uma espécie de “cidadania benfiquista”, se quisermos.
Não pertenço a nenhuma facção, nem me movem ódios de
estimação relativamente a outros benfiquistas.
Tudo isto para dizer que nada me move (e interpreto,
seguramente, o estado de espírito do meu companheiro de blog e de Benfiquismo)
contra Luís Filipe Vieira.
Mais: porque nada tenho a dissimular, assumo a condição de
votante em Vieira nas duas últimas eleições: mais convictamente na primeira
eleição do que na segunda…
Luís Filipe Vieira merece o meu respeito, quanto mais não
seja porque é o presidente do Sport Lisboa e Benfica, eleito democraticamente
como é apanágio desta casa que, no que a liberdade e democracia diz respeito,
não tem lições a receber de ninguém.
Mas não só: Vieira poderia ser sair hoje que ninguém lhe
tiraria um lugar de relevo na história do Benfica.
O Benfica de que LFV é presidente, pouco tem a ver com o
clube arruinado, descredibilizado, financeira, desportiva e moralmente falido
que encontrou: sem dinheiro, sem acesso ao sistema financeiro a quem ninguém
fiava um cêntimo que fosse.
Um clube vindo de uma gestão danosa e desleixada e de um
saque meticulosamente organizado e
levado às últimas consequências.
Assim, das ruínas de um cataclismo chamado Vale e Azevedo
e seguindo as pisadas de Manuel Vilarinho( um homem a quem verdadeiramente o
Benfiquismo ainda não fez justiça!), Vieira reergueu um novo Benfica, qual fénix renascida
das cinzas.
Não é argumento falacioso para enganar ingénuos ou almas
menos avisadas: a história é a que é, por muito que o revisionismo esteja em
voga e dê jeito a muita gente.
Vieira fez tudo isso e mudou o Benfica: um novo estádio, 2
pavilhões, um centro de estágio, um Benfica renascido desportivamente,
voltando, de novo, às vitórias.
As modalidades antes extintas ou moribundas renasceram e
mesmo com alguns erros e acidentes de percurso, fizeram o seu caminho: o
Benfica domina hoje claramente o panorama das modalidades com várias vitórias
importantes no futsal, no basquetebol e até no hóquei em patins, feudo durante
mais de uma década dos senhores da batota e da corrupção.
Também o futebol mudou, sejamos justos e ainda que
esporadicamente, voltou ás vitórias com a Taça de 2004 e os campeonatos de 2005
e 2010.
Com condições de trabalho completamente inigualáveis na
história do clube, passaram pelo Benfica em diferentes fases da “era Vieira”
jogadores como Tiago, Simão, Nuno Gomes, Zahovic, Mantorras, Miccoli,
Katsouranis, Karagounis, Suazo, David Luiz , Ramires, Fábio Coentrão, Javi
Garcia, Witsel, alguns deles valendo encaixes fabulosos e inimagináveis há
poucos anos.
Mesmo “sangrado” anualmente, por cá continua um lote de
grandes jogadores, grande parte deles internacionais: da Argentina ao Brasil,
do Paraguai à Sérvia.
A formação, antes moribunda e completamente desleixada
voltou às vitórias; temos de novo uma equipa B que pratica um excelente futebol
e está nos lugares cimeiros da 2ª liga.
A exemplo dos grande clubes europeus, temos hoje um canal
de televisão, algo que há uns anos pareceria cenário de ficção cientifica.
É um Benfica diferente: de novo credível, respeitado internacionalmente,
honrando os seus compromissos, parceiro de negócios respeitado.
Também e sobretudo a Vieira o devemos e esquecê-lo não é
justo.
Passaram 10 anos.
Duas eleições ganhas com votações esmagadoras e um poder
quase absoluto.
Vieira teve o Benfica na mão e condições únicas,
provavelmente irrepetíveis para fazer voltar o Benfica aos seus tempos de glória
e de vencedor quase crónico.
E contudo, Vieira falhou quando o mais fácil parecia
precisamente… não falhar.
Repetindo os mesmos erros, confiando em quem não deveria
apostar um tostão furado.
Mudando estratégias, desfazendo o que estava bem feito,
secundarizando completamente a figura do director-desportivo.
Sejamos claros: os dois únicos campeonatos da “era Vieira”
foram ganhos quando a gestão directa do futebol estava entregue a quem sabe do
oficio: José Veiga em 2004-2005 e Rui Costa em 2009-2010.
E por duas vezes, LFV repetiu o mesmo erro, tratando de
descartar-se rápida e inexplicavelmente daqueles que foram peças fundamentais
da vitória.
Com isso, Vieira por uma e outra vez escaqueirou o
trabalho feito, perdendo uma oportunidade histórica de terminar definitivamente
com o domínio sujo do Porto.
A juntar a uma gestão interna desastrada, junte-se o incompreensível apoio institucional a figuras sinistras do futebol português e está encontrada a fórmula mágica para tão poucas vitórias em 10 anos.
Assumindo pessoalmente a gestão do futebol, Vieira terá
provavelmente dado ouvidos a quem não devia, renegando quem verdadeiramente o
ajudou a ganhar.
É a pior face de Vieira: o vieirismo, uma espécie de
criatura que ameaça devorar o criador.
São os novos cortesãos que pululam na SAD, defendendo
interesses que não, seguramente, os dos Benfica.
Uma SAD metastizada por não benfiquistas, uma estrutura
profissional sugada por gente no fundo estranha e alheia ao Benfica, aos seus
valores, à sua história e aos seus reais interesses, defendendo apenas o
lugar, a mordomia, o estatuto, fazendo da subserviência e da intriga uma forma
de vida.
Esta espécie de anomia em que vive actualmente o Benfica é
consequência, pois, da pior face de Vieira: um poder quase absoluto que ameaça
engolir o clube, secando tudo à sua volta e colocando o Benfica nas mãos pouco
recomendáveis dos cortesãos tecnocratas da gestão e do marketing, para quem os
sócios são números, os jogadores são activos e o Benfica nasceu no dia em que
pisaram as alcatifas do novo Estádio da Luz.
terça-feira, 9 de outubro de 2012
PODRIDÃO EM DIRETO
Não que o ex-fiscal-de-linha seja uma ameaça, mas dizer que "aqui não alternamos" é uma afronta. E vai daí o Aguiar, qual Bispo no tabuleiro, habituado a mover-se pela diagonal e na sombra, perda as estribeiras e grita a morada do restaurante de Devesas Neto em direto na TV para avisar os peões. Mas a morada não chega aos asnáticos serviçais e esforça-se por explicar a sua localização ao pormenor. Serão os sinais para uma visita da turba habitual? Assim se mantem o respeitinho.
Ver a partir do minuto 57
JL
JL
NOITES EM FAMÍLIA
O Benfica joga um particular com o Baniyas SC no Dubai, no próximo domingo pelas 16 horas portuguesas. Uma boa oportunidade para colocar alguns jogadores pouco ou nada utilizados (Olá Miguel, Olá Luisinho, Olá John) e experimentar alguns da equipa B para assegurar algum imprevisto em lugares chave da equipa. Por exemplo, um trinco (um seis como se diz agora) para colmatar um impedimento do Matic.
Mas como o racional por vezes é algo que não assiste este Benfica lá se resolveu marcar o jogo da equipa B precisamente para o mesmo dia e às 20 horas. Continuo a não achar razoável esta calendarização e horários dos jogos. O Jogo da B podia ser no sábado à tarde, ou mesmo na sexta. Mas não, fica para domingo, ainda mais à noite. Nem a luz se poupa.
JL
domingo, 7 de outubro de 2012
EU SEI PORQUE FICAMOS CADA VEZ MAIS EM CASA
Ontem estiveram pouco mais do que 28 mil pessoas na Luz.
Podiam até ter sido menos, se não fossem as habituais borlas. Só para o
Regimento de Comandos foram largas centenas (milhares mesmo). Se juntarmos os novos
sócios baptizados e respectivos familiares, os pais dos miúdos das escolas e
mais algumas das habituais ofertas, dá para ter uma ideia do nível de adesão ao
jogo. Estivemos bem abaixo do número de espectadores que estiveram em Alvalade
no último jogo em casa, um clube que está nas ruas da amargura.
Estes números deviam fazer soar o alarme nos corredores da Luz.
Como é que o grande Benfica, líder do campeonato, a um sábado à noite, consegue
ser tão pouco atractivo. A aproximação do jogo com o Barcelona e a crise não
explicam tudo. As mentes brilhantes que organizam os jogos e os promovem deviam
de conseguir ir mais além.
Em primeiro lugar recordo-me de há dois ou três anos o Presidente
encher a boca com as horas impróprias em se realizavam os jogos e da necessidade
de devolver o futebol às famílias. Tudo ficou na mesma. Não há nenhuma explicação
razoável que não seja os interesses da própria Sport TV para o jogo ser às
20.30. Perante o silêncio cúmplice da Liga e Federação o futebol vai morrendo
nas bancadas.
Mas se neste caso a culpa do Benfica é por inacção, há outros
aspectos que são da inteira responsabilidade do clube. Como foi referido aqui,
a opção de acompanhar o aumento do IVA nos bilhetes foi no mínimo suicidária. Gostava
sinceramente de ter acesso aos números, mas estou em crer que a queda na
venda do redpass foi de quase 50% e esse facto reflecte-se nestes jogos. Nenhum
dos génios pagos acima do valor de mercado que deambulam nos gabinetes da Luz pensou na
opção de vender os redpass a prestações? De promoverem redpass lowcost, sem
acesso aos grandes jogos?
Mas há mais a referir. Estar no estádio é cada
vez menos agradável. Começa logo nos acessos. Compreendo que quando recebemos o
Sporting, o Porto, o Braga ou quando é um jogo internacional haja algum
controlo nos acessos. Mas justifica-se quando recebemos o Beira-mar ou o Nacional
ter de passar por três barreiras de controlo? Nas modalidades é a mesma coisa,
já repararam a quantidade de seguranças que estão num jogo de Voleibol ou
Andebol contra equipas que nem adeptos trazem? É um autêntico estado policial. Um
sócio nem se sente bem na sua própria casa. Se tivéssemos um conselho fiscal a
sério era interessante uma auditoria à relação comercial entre o Benfica e a empresa
de segurança.
Esta paranóia pelo controlo de movimentos é tão elevada que
no piso 0 das bancadas, o espaço atrás das últimas cadeiras foi pintado com uma listas
amarelas e com a frase (cito de memoria) “não é permitido permanecer neste
local”. Querem que sejamos tipo robot; chegar, pagar e sentar. Como animais amestrados.
O próprio ambiente do estádio está cheio de cacofonia. Somos permanentemente
“convidados” a gritar, a cantar, a agitar bandeiras, a levantar cachecóis. Não
há a espontaneidade que tanto nos atrai nas manifestações humanas. Até os golos
são musicados. No momento maior que é um golo do Glorioso, quando queremos extravasar
a nossa paixão, fazem perguntas sobre o apelido do marcador. Um autêntico stress.
Pior que uma chegada de ciclismo.
No cômputo geral o clube tornou-se cada vez mais fechado. Ninguém
fala directamente para os sócios. Ninguém explica nada. Na Benfica TV somos
tratados de forma infantilizada, o Jornal do Benfica é uma sombra do que já foi, a
sua distribuição é mais fraca do que a da revista do Inatel, o que se escreve
não acrescenta nada ao que já sabemos. Onde se discute os grandes desafios do
clube? Onde se apela à participação associativa? A realidade do Benfica é complexa
e o clube não devia ter medo de problematizá-la. Fala-se mais nos outros do que
em nós.
Esta atitude amorfa dos sócios devia preocupar a Direcção. Tentar
perceber porque é que ontem só estiveram 28 mil pessoas no estádio. Porque só estiveram
35 mil na apresentação contra o Real Madrid. Porque não vem mais gente aos pavilhões.
Porque é que o jogo com o Barcelona só esgotou no próprio dia?
Diz a lógica eleitoral que em ano de eleições, para quem está
no poder e quer ser reeleito, é a altura ideal para criar uma forte dinâmica no
clube, uma onda de entusiásmo. O que assistimos neste momento é o contrário disso, o que me deixa bastante
preocupado. Se a um mês das eleições é assim, o que será com um horizonte de
quatro anos pela frente?
GANHAR, APESAR DE MUITA COISA
Apesar do azar, na primeira vez (poucas
vezes lá foram) que o Beira-mar vai à baliza do Benfica marca, num falhanço pouco
habitual do Artur. Apesar da falta
de atitude de grande parte dos nossos jogadores. Revejam o jogo com o Barcelona
e reparem na forma como o jogadores da equipa da Catalunha se movimentam, como correm
para receber um passe de um lançamento de linha lateral, a concentração com que
estão em todo o jogo. Não tem a ver só com classe, tem a ver com garra. E isso
incute-se e não custa dinheiro. Apesar
da trapalhada das substituições do Jesus, fora de tempo e as quais tenho dificuldade
em compreender. E apesar da
indigente parte final do jogo, completamente com as calças na mão, a pedir o
apito final do árbitro.
Os “B” não tiveram tanta sorte. Foram-se desleixando ao ritmo
dos golos que marcavam e perdendo a humildade que lhes deu vantagem em outros
jogos. Há um lance no final que é paradigmático, cinco jogadores do Benfica
contra apenas três do Portimonense e bola acaba devagarinho nas mãos do guarda-redes.
O acessível Portimonense acabou por fazer o 3-3 no último minuto, com um penálti
fantasma. Mereceu.
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