Não existe sustentação racional para
que a nacionalidade seja um atributo. Nem tão pouco emocional. Pode até ser
natural sentirmos mais familiaridade com um compatriota do que com um esquimó. Todavia,
nesta fase de desenvolvimento da humanidade estes acessos cegos de patriotismo
são no mínimo desajustados.
Andar a defender o menino Ronaldo
apenas porque é português é algo que me tira do sério. O Jogador do Real Madrid
teve o mérito de se tornar um fenómeno mediático. De resto, nunca o vi como
adversário à altura de um Messi, mesmo em épocas de grande forma. E compará-lo com
outros nomes míticos da história do futebol só se compreende à luz da bebedeira
patrioteira que caracteriza a comunicação social portuguesa.
Comparem a estrutura física de Ronaldo
com a de Messi. Aquele meio tostão de gente consegue coisas que o matulão do
Ronaldo nem sonha fazer. Digam um jogo que o menino Cristiano tenha
resolvido sozinho. A selecção do Bento espera milagrosamente por esse momento.
Compreendo a aversão de muita
gente de dentro do mundo do futebol a este tipo de jogador-estrela. O Mourinho,
que quase sempre acerta no que diz, sabe porque afirmou que o verdadeiro Ronaldo
é o do Brasil. Em contraste, este Ronaldo não disfarça a obsessão em relação ao
Messi. É um eterno infeliz, que fica desorientado se alguém lhe grita ao ouvido
“Messi”.
Olho para este Ronaldo e para o seu
mundo cor-de-rosa, de festas foleiras, carros desportivos e irmãs gordas e
recordo, por exemplo, o grandíssimo Eusébio da Silva Ferreira, que só no joelho esquerdo, foi operado seis vezes
ao menisco. No futebol, como na vida, não há comparação possível.