Não poucas vezes, tenho sido tremendamente crítico em
relação a Jesus, a última das quais há exactamente 2 dias, ainda a quente e
ressacado depois de uma impensável derrota na final da Taça.
O que está escrito é, felizmente, indelével e assumido
também.
Foi a minha opinião naquele momento, perante aquelas
circunstâncias.
Pode, por isso, parecer profundamente contraditório que
neste momento apareça a defender a renovação com Jorge Jesus.
Não o faço por ser simplesmente “do contra” ou por gostar
de ser diferente mas tão-somente por achar que, apesar de tudo, é a opção que
menos riscos comporta para uma entidade que está bem acima de todos nós: o
Sport Lisboa e Benfica.
Dos defeitos de
Jesus, muito fui falando ao longo de 1 ano de blogue e muitas vezes nos piores
momentos: contra a corrente, quando muitos o endeusavam.
Que fique também claro que, na minha modesta opinião,
Jesus é o principal responsável (a palavra culpado remete-nos para uma espécie
de tribunal do Santo Oficio que não me agrada particularmente…) pela perda do
campeonato e da Taça de Portugal.
A questão é que, ao não renovar com Jesus, o Benfica está
a deitar tudo fora: a água do banho, o bebé e a própria banheira.
Mais do que um risco, um enorme desperdício, de que,
duvido, o clube se possa dar ao luxo neste momento.
Ao não renovar com o Jesus, obviamente que o Benfica não
acaba: Jesus passará, agora, amanhã ou daqui a 5 anos e o Benfica continuará
enorme como sempre foi, acima de qualquer treinador, presidente ou sócio.
Trata-se apenas de uma questão de risco e de termos todos
consciência de que podemos dar vários passos atrás (e nesta conjuntura talvez
irreversíveis) se nos atirarmos de cabeça para uma solução tipo Quique Flores
ou Ronald Koeman.
Sejamos claros: não há neste momento um único treinador
estrangeiro de topo que esteja disponível para se enfiar no campeonato português:
os melhores já têm, obviamente, clube.
Por outro lado, o futebol português está completamente
armadilhado: são necessários anos para entender como funciona esta complicada
teia.
Tudo tempo que não há, como é óbvio.
O mercado nacional, é por seu lado, curto, estando também cheio
de minas e armadilhas.
As soluções sugeridas pela imprensa poderiam ser a solução
num clube estabilizado e com cultura de vitória, o que como sabemos e
infelizmente para nós, está muito longe de ser o caso.
Defendo, por isso a continuidade de Jesus: se calhar por
ser uma espécie de mal menor; possivelmente por se temer menos o que já se
conhece.
Consciente, porém de que, a continuar terá tolerância zero:
para disparates, para invenções, para mais bazófias, robertadas emersonices e melgarejadas.
Ou seja, terá que ter aquilo a que em bom português se
chama rédea curta.
Uma estrutura séria, altamente profissional e
verdadeiramente benfiquista na assumpção e transmissão dos valores do clube e
todos iremos perceber que não custa nada pôr Jorge Jesus na linha e impedi-lo
de fazer os disparates que uma, duas e três vezes deitaram tudo a perder.
É a hora certa para o fazer e assim sendo, estes malditos últimos
15 dias não terão sido totalmente perdidos.
Aliás, talvez seja mesmo a última oportunidade...
RC