Num artigo de opinião que envergonharia qualquer um dos
fundadores ou dos grandes mestres do jornalismo que já passaram por aquela
casa, Serpa mostra bem ao ponto a que chegou o jornalismo desportivo em
Portugal.
Em “A Bola” de ontem, o director que faz do anti-benfiquismo primário
um autêntico modo de vida, pergunta se “Porto e Benfica estarão mesmo
interessados em destruir o sistema e construir algo de sério “.
E mais à frente, continua: “Umas vezes uns, outras vezes
outros e sempre os mesmos sacrificados, sendo certo que Porto e Benfica
acabarão, sempre, por ter menos razões de queixa”.
Fica, pois, confirmado que para Serpa, é tudo a mesma
coisa, sendo Porto e Benfica duas faces da mesma moeda, uma espécie de Dupont e
Dupond, daquilo a que se chama “o sistema”.
É tempo, pois, de sabermos tudo: seguramente Serpa terá
tido acesso a escutas telefónicas em que Vieira e seus pares falavam de fruta e
café com leite para árbitros, em que dirigentes do Benfica falavam de malas com
quinhentinhos para árbitros.
Certamente Serpa saberá de árbitros que foram recebidos na
casa de Vieira ou em bares de alterne, propriedade de algum dirigente
benfiquista.
Evidentemente que Serpa terá bem presente na memória a
agressão cobarde de que Carlos Pinhão foi vitima, a mando do presidente do
Benfica ou de algum dos seus brutais capangas.
Obviamente que Serpa se recorda bem dos “chitos” de que se
orgulhava Adriano Pinto, histórico dirigente da Associação de Futebol de Lisboa
e que tanto poder oculto ou não, granjearam ao Benfica.
E claro que Serpa não esquece a fuga de Vieira para a
Galiza, previamente avisado por um juiz amigo, como convém.
O célebre “Apito Dourado” nasceu nas profundezas do
Estádio da Luz, não foi, Serpa ?
Serpa manipula, desinforma, deseduca, intoxica, confunde.
Deliberadamente, como é óbvio.
Na ressaca de uma semana em que de todos os cantos,
desesperados e frustrados vários assestaram baterias contra o Benfica, Serpa
junta-se à horda e dá largas ao anti-benfiquismo que, de resto, nunca fez gala
em esconder ou dissimular.
Desta vez, em desespero de causa, excedeu-se, porém,
recorrendo sem pudor nem vergonha à maior das ofensas e das calúnias,
pretendendo meter no mesmo saco um clube sério, honrado, leal, digno com um
associação criminosa que nos últimos 35 anos não terá conquistado um único
titulo de forma limpa, honesta, sem mácula.
Serpa finge esquecer ou ignorar quem tem sido o grande
prejudicado ao longo desta espécie de longa noite em que o futebol português
está mergulhado há mais de 3 décadas: o Benfica, obviamente, que quase sempre
sozinho tem travado uma batalha nem sempre bem sucedida contra a corrupção, a
vigarice, a batota.
Tudo isto, enquanto Serpa ouve deleitado o velho senil a
declamar António Nobre.
Serpa é isto mesmo: um traste e um sabujo sem dignidade
nem coluna vertebral, que mais não faz do que emporcalhar as páginas, a
história e a tradição de um jornal que já foi “A Bíblia” do futebol português e
que durante décadas foi uma escola de grandes Homens e de notáveis jornalistas.
RC