Mais de 13 meses depois da venda de Fábio Coentrão ao Real
Madrid, o Benfica ainda não encontrou substituto.
Isto quando faltam 4 dias para o arranque do campeonato
2012-2013 e quando é quase unanimemente reconhecido que a falta de um
defesa-esquerdo razoável (para sermos simpáticos) contribuiu de forma generosa
para a perda do campeonato transacto.
Treze meses, meia-dúzia de extremos e várias dezenas de
milhões de euros depois, continuamos, portanto, com um buraco monumental na
equipa.
Seria cómico se não fosse trágico.
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Não poderia ter corrido pior o encerramento da pré-época:
o que se passou na Alemanha constituiu um dos episódios mais burlescos (para
voltarmos a ser simpáticos) da história recente do Benfica.
Alguns jogadores do Benfica demasiado impulsivos (ou
nervosos?), um capitão de equipa brioso e valente mas que ali foi irresponsável
e destrambelhado e finalmente um árbitro dado às artes circenses.
Um cocktail explosivo do qual, suspeito, não resultará
nada de bom para Luisão e por consequência, para o Benfica.
No rescaldo da “opera buffa” eis que, de Eduardo a
Argel, de Rui Águas a Jesus, cresce uma vaga abonatória do carácter e das
intenções do nosso capitão; para desconforto dos benfiquistas até o
incomparável Proença vem dar uma mãozinha (o que, suspeito, nos vai sair caro…).
Todos defendem, pois, Luisão.
Todos? Não!
Algures na Lusitânia, um grande clube nem mais nem menos
do que a entidade patronal de Luisão, resiste mudo e quedo.
Compreende-se: a canícula tem apertado e os vários
directores de comunicação do nosso clube, algures entre o eixo Vilamoura-Ancão-Manta
Rota, têm mais que fazer do que perder tempo com peripécias entre um brasileiro
abrutalhado e um alemão com queda (literalmente) para o teatro.
Dos directores desportivos, nada de novo: um, por
benfiquismo e educação anda desaparecido, o outro falou mas nada disse,
tentando consertar no aeroporto da Portela o que deveria ter resolvido em
Dusseldorf.
Alguma imprensa avançou já que o Benfica irá rapidamente ao
mercado se Luisão for castigado, o que me leva a acreditar que o problema do
defesa-esquerdo estará em breve resolvido: basta que o pobre do Melgarejo dê um
encontrão num Proença qualquer…
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Rodrigo Mora confessou: “apesar de ter jogado 4 jogos e
marcado 5 golos, Jorge Jesus nunca me disse nada”.
E pronto, lá foi até Buenos Aires, tentar fazer no River
Plate o que o “mestre da táctica” não o deixou continuar a fazer no Benfica:
marcar golos, esse pequeno pormenor.
Depois de Urreta e antes de Nolito (aceitam-se apostas que
o espanhol é o próximo a ter guia de marcha…) lá foi Mora, mais um proscrito.
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Lê-se e parece mentira.
Gralha do jornal, exagero jornalístico, falta de rigor, o
que quisermos inventar para tentar fintar a verdade crua e dura que nos magoa: o
Porto assinou um protocolo de cooperação com a Academia Mário Coluna.
O Porto associa-se, assim, a um dos maiores nomes da história
do Benfica: “O Capitão”, o “Monstro Sagrado”, figura maior dos anos de ouro do
nosso clube.
Sejamos francos e honestos: dificilmente sairá da “Academia
Mário Coluna” um novo Eusébio, um outro Coluna.
Foram génios e esses são irrepetíveis, únicos.
Não é isso, porém, que está em causa: este protocolo é
algo que o Benfica nunca poderia ter deixado acontecer, sob pena de estarmos a
trair a nossa história e um dos nossos maiores símbolos.
Na longa guerra com o Porto, esta é, para mim, uma das
maiores humilhações a que o Benfica se sujeitou, esquecendo a sua história e os
homens que, de forma indelével, o tornaram Glorioso.
Posso tentar imaginar o que sentirá Mário Coluna ao ver o
seu nome associado a outro clube que não o seu clube de sempre, o seu Benfica,
o nosso Benfica.
E sinto crescer a mesma raiva que senti quando, ainda
miúdo, vi o ruço Artur ser escorraçado da Luz ou quando há poucos anos vi João
Vieira Pinto, capitão e símbolo único daqueles tristes tempos sofrer a mesma
sentença.
Então, como agora, o meu clube renegou os seus símbolos, negando-se
e traindo-se, deitando para o lixo pedaços de uma história única, mas pior do
que isso, esquecendo e vilipendiando os homens que a fizeram.
RC