Muito se sopra no futebol português. É ver quem sopra mais. E
é no soprar é que está o ganho, porque o jogo é mais intenso e decisivo fora
das quatro linhas. E mesmo dentro do campo, durante os noventa minutos regulamentares
as grandes decisões não são de quem joga a bola, são de quem sopra.
Pegando nas edições em papel dos jornais, nestes dias todos
que passaram, é difícil encontrar um artigo de opinião que não fale do Luisão.
Estamos há uma semana nisto. Da esquerda à direita, de cima a baixo, dos azuis
aos verdes, passando pelos prateados, todos têm algo a dizer e com autoridade.
Quase todos querem à viva força o castigo. Exemplar. Fala-se
já em seis meses. Seis meses? Mas isso foi o que levou João Pinto por ter
socado um árbitro no baixo-ventre num jogo do campeonato do Mundo? È comparável?
Para eles, claro que é.
Deve ter sido o primeiro jogador da história a tocar num árbitro.
O facto de ser um jogo particular, não ter havido ficha de jogo, nem cartões
mostrados não interessa nada. O que interessa é que o Capitão do Benfica não suba
ao campo.
Porque é disso que se trata. De um jogador fundamental. Vem-me
logo à memória o castigo do Assis quando era fundamental no meio campo do
Benfica. Ou o boato sobre Calado quando era titular indiscutível. E as campanhas
contra o Katsouranis, David Luiz e Javi a torná-los violentos por decreto.
Hoje a coisa subiu de tom. Apesar de “A Bola” garantir que o
árbitro alemão Christian Fischer, não utilizou em qualquer parte do seu
relatório a palavra «agressão» para classificar o incidente com o jogador
encarnado, “O Jogo” sopra em letras garrafais na capa “AGRESSÃO”. Está feito o serviço.
É assim que se condiciona.
Os benfiquistas podem e devem criticar o que acham mal no
clube, porque ser exigente faz parte da nossa cultura. Contudo, devemos unir-nos
sob o nosso lema quando um dos nossos é atacado de forma vil e injusta. Amanhã
o mínimo que espero é um grande apoio ao nosso capitão. Eles vão sentir o bafo
da maior massa associativa do Mundo.
JL
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