Não vivemos, de facto, dias entusiasmantes.
Depois de um final de época desastroso, sem as feridas
saradas nem o luto feito, o que vemos?
Duas trincheiras, ambas inexpugnáveis e cheias de
irredutíveis.
De um lado, uma direcção que legitimada por uma votação
expressiva e inequívoca, se julga acima de toda a critica, esquecendo que tem
explicações a dar, já para não falar de um princípio elementar: a democracia e o
debate interno não se esgotam em eleições de 4 em 4 anos.
O Benfica tem uma história ímpar de democracia interna e
participação associativa, facto que, por vezes, pouco parece interessar aos nossos actuais
dirigentes.
Do outro, move-se uma pseudo-oposição que claramente se
sobrevaloriza.
De uma forma geral, actua pela gritaria e pela arruaça, unindo-se
apenas num ódio estúpido e cego a Vieira, perdendo argumentos, razão, legitimidade.
Um diálogo de surdos, uma conversa acabada.
E no meio, aquilo que verdadeiramente nos interessa: o
Benfica.
Desportivamente é que se vê: a nova época parece ser
preparada, uma vez mais, ao sabor de uma qualquer moda.
Depois dos contentores de paraguaios e argentinos, eis que
chega a brigada sérvia, constituída por agregados familiares quase completos
que irão provisionar as equipas A, B e o que mais adiante se verá.
Dos jornais, chegam-nos pormenores, fictícios ou não, de
contactos e negociações: Lisandro Lopez tem nome de novo folhetim, Eduardo é o
susto e Rui Patrício o pânico absoluto.
Tudo especulação?
Quanto aos guarda-redes, espero estes sejam nomes para
entreter papalvos e que a verdadeira alternativa a Artur apareça.
Caso contrário, temos Oblak e algo me diz que não ficaríamos
nada mal servidos…
De defesas laterais e de jogadores de qualidade para
reforçar um meio-campo demasiado exposto e espremido, nem novas nem mandadas:
estarão porventura na clandestinidade acompanhados pelo director-desportivo.
E a propósito: quem sucederá a Carraça?
Por aqui e por ali, fala-se de Carlos Janela.
Perante tal hipótese socorro-me da mais famosa das frases
de Hagan: “no comments”.
No comments mesmo.
E de resto, tudo como dantes: Miguel Rosa, uma vez mais
escorraçado do Benfica e constata-se que a formação já nem para abastecer a
equipa B vai servindo.
Valerá a pena continuar a gastar milhões na formação de
jogadores e na manutenção de um centro de estágio?
Inquieta a falta de coerência, de rumo, de um fio
condutor, de uma verdadeira politica desportiva, tentando-se resolver com
injecções de dinheiro e fornadas de novos jogadores o que falta em método e
organização.
Nada de novo, portanto.
RC