O anúncio do possível fim da taça da liga, por mais defeitos que esta tenha, é uma má notícia. Compreende-se que esta competição não é filha desta direcção da liga e que esta direcção está a utilizar o eventual encerramento para fundamentar promessas por cumprir, como o alargamento do campeonato maior e a entrada do Boavista. Só à luz deste facto, se compreende (mas não se aceita) que mais uma vez vá fora o bebé junto com a água do banho.
A ideia de criar a taça da liga foi uma lufada de ar fresco no nosso futebol. Acontece que no antro de podridão que se tornou o desporto rei no nosso país, a última coisa que fica bem é uma brisa de frescura. São como perolas a porcos. Por isso nunca foi bem aceite, nem acolhida por todos os agentes do futebol. Acresce que a competição nunca foi bem estruturada. Querer arranjar dérbis e clássicos à pressão, fazendo uma calendarização martelada, torna-a artificial aos olhos do público.
No entanto, a competição tem vários méritos. Permite diversificar a oferta, tão importante quando estávamos a caminhar para a monopolização do espectáculo futebolístico por parte de apenas um operador televisivo, a utilização de jogadores menos aproveitados, com várias vantagens para todos os clubes, pequenos e grandes e uma repartição de receitas mais directamente relacionada com o mérito desportivo.
Apesar do martelamento de calendário referido atrás, a taça da liga ainda consegue um equilíbrio competitivo que não se verifica no campeonato nacional, porventura devido às quotas obrigatórias na constituição do onze e à necessidade de rodagem dos jogadores nas equipas mais fortes. Não esquecer que em todas as edições não houve um vencedor que não tenha jogado com pelo menos um dos grandes, a maior parte jogou até com dois.
Com a gradual bipolarização do campeonato e com o crescente desequilíbrio entre o Porto e Benfica e os restantes competidores, qualquer falha nesta competição é decisiva. Assim sendo, não pode haver lugar a grandes experiências e novidades, ficando quase vedado o acesso de jogadores menos utilizados aos onze iniciais. Não sofrendo das pressões da competição maior, a taça da liga configura-se como um espaço mais candente e aprazível, onde jovens, novas aquisições ou jogadores em período de recuperação de lesões podem evoluir sem a pressão dos grandes jogos. Tanto as equipas B e a recuperação da taça de honra não respondem a estas necessidades. Este facto deveria ter uma maior atenção por parte do sindicato dos jogadores.
JL
Juntando a isso o facto de o Sport Lisboa e Benfica ter vencido a maioria das edições...
ResponderEliminar