Há um manto de despotismo que se vai alastrando pelo nosso Clube, ocultado pela indesmentível recuperação financeira e encoberto por alguma estabilidade económica. Só não consegue passar totalmente oculto porque o sucesso desportivo não é tão absoluto como nos foi prometido. Ao contrário do que dizem os cartazes espalhados pelo estádio, há quase uma década, o Benfica não é ainda a maior força desportiva nacional.
É muito pouco o que nos foi oferecido em dez anos. No futebol e nas modalidades. O preço foi demasiado elevado para quem vê o associativismo como um dos pilares da sociedade, de uma sociedade democrática. Aguentámos eleições estrategicamente antecipadas, estatutos alterados convenientemente, falta de debate e de contraditório, sangria de benfiquista nos comandos do clube. Tudo em nome de um pretenso profissionalismo que nos daria o domínio do desporto nacional.
Esta politica Goebbeliana, essencialmente alicerçada na Benfica TV, tem tido como efeito irreversível o fenecimento lento da nossa identidade. Querem um exemplo? Alguma vez se poderia admitir, mesmo que numa hipótese muito remota, que um personagem chamado Carlos Janela viesse trabalhar para o Benfica? Não está em causa veracidade da notícia, o que para o caso, e considerando exemplos recentes, até é irrelevante. O que é revelador do estado a que chegámos é simplesmente o mero facto de se colocar essa hipótese.
O Benfica não está só em risco de se tornar uma multinacional sem cor, sem alma e sem paixão. Pode ser bem pior. É que, com ou sem o consentimento do presidente, está a ser ocupado por uma gentalha com uma agenda própria, com cores políticas bem determinadas ou lóbis de interesses duvidosos. Isto num clube cujo ADN é a democracia, o pluralismo e a liberdade.
A Assembleia de sexta foi apenas um sinal exterior. Foi um efeito e não uma causa. Porque dentro das paredes do complexo desportivo, por vezes nos seus subterrâneos, longe dos holofotes mediáticos, a mediocridade vai derramando veneno sobre a competência e o verdadeiro benfiquismo.
Vendo a Benfica TV ou lendo A Bola e conhecendo os factos, percebemo-nos como a realidade é dourada por quem se move na sombra. Talvez um dia o Presidente Vieira, absolvido pela ignorância, se aperceba que o seu maior inimigo é o próprio vieirismo que criou. Talvez nesse momento seja tarde demais.
Alguma vez eu pensaria um dia assistir a um sórdido episódio de censura no meu Benfica?
Nós os verdadeiros, resta-nos a resistência. E para resistir temos de estar atentos, porque como cantava o Sérgio, o fascismo é como uma minhoca que se infiltra na maçã, por vezes vem em botas cardadas, outras em pezinhos de lã.
Bom post.
ResponderEliminarPatética, aquela assembleia geral.
Mas quem está do lado da "oposição" tem que ser mais esperto e não podem perder a razão como perderam...