O Benfica começou a época ceifado de duas pedras fundamentais: Javi Garcia e Witsel, que nunca chegarão a ser substituídos. Luisão, num misto de imprudência e azar, derruba um árbitro num jogo a feijões. Uma histérica comunicação social instiga a um castigo pesado e consegue. Jorge Jesus, que vinha a ser contestado desde ao final da época passada, teima num defesa-esquerdo adaptado. O primeiro jogo é sofrível, apesar da inenarrável anulação de um golo que daria vitoria.
Era portanto muito improvável que o Benfica chegasse a 10 jogos do final da época com reais possibilidades de conseguir um dos mais brilhantes feitos da sua longa e gloriosa historia. Mas cá estamos. Esta equipa está um passo de se tornar uma lenda e aconteça o que acontecer esta época vai-nos ficar na memória.
Uma das primeiras grandes lendas do futebol, William Henry "Fatty" Foulke, guarda-redes do Sheffield United e do Chelsea entre 1894 e 1907, apesar de chegar a pesar mais de 160 quilos, foi fundamental na conquista de vários títulos em ambos os clubes. Reza a lenda que ia para o campo alcoolicamente bem-disposto. Morreu aos 40 anos, de cirrose dizem uns, de pneumonia afirmam outros.
Hoje em dia, seria impensável a existência de um jogador com essa estrutura. Naquela época foi um elemento fundamental nas equipas por onde passou, mas vendo as imagens distingue-se perfeitamente dos restantes elementos em campo. Nunca seria o modelo de jogador de futebol.
Jorge Jesus tem um manancial de defeitos. Para além da sua imagem caricata a todos os níveis e da forma sui generis com que se expressa, é de uma teimosia colossal. É presunçoso, vaidoso e gabarolas. Parece não fazer o menor esforço para se aproximar do protótipo do treinador de elite. No entanto, está à beira de se tornar uma lenda. O futebol é isto.
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