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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


sexta-feira, 26 de abril de 2013

DE MUITOS, UM


Era uma tarde ensolarada de Maio do ano da graça de 1998 e faltavam 5 dias para 20 anos depois voltarmos a uma final da saudosa Taça dos Campeões Europeus.

O treinador era o mal amado Toni (a tendência obsessiva para maltratarmos os nossos, há-de um dia ser alvo de estudo…) que com uma equipa digna mas bem curta, conseguia o inimaginável milagre de nos pôr a sonhar de novo.

Toni ia fazendo a gestão possível e impossível, poupando alguns dos melhores para uma final com que a nação benfiquista sonhava há 20 anos.
Diamantino em grande forma e autêntica jóia da coroa numa equipa pobre de grandes talentos, ia sendo poupado sempre que possível num campeonato que estava já perdido.
Como habitualmente sempre que se tratava de Toni, a nação benfiquista foi implacável criticando sem piedade nem razão a gestão que o treinador ia fazendo.

O resto é história: a 5 dias da final, Toni ensaia o onze para Estugarda e um rapaz de nome Adão entra para a história fracturando a perna a Diamantino e transformando a conquista do 3º título europeu num sonho quase impossível.

Não sei quantas vezes Toni se terá arrependido daquela opção naquele fatídico dia: o futebol é um desporto estupidamente ingrato e em que todos somos detentores de toda a verdade depois do jogo terminar.

Tudo isto a propósito do jogo de hoje na Turquia em que o Benfica perdeu com uma equipa claramente inferior.
Depois do jogo, todos sabemos tudo e todos temos erros a apontar.
Talvez a famosa gestão do plantel não seja a mais correcta; talvez uma vez mais, Jesus tenha ficado a um pequeno passo de provar que ainda não é um enorme treinador a nível europeu; talvez se tenha provado definitivamente que, com grande pena de todos nós, Aimar já não é jogador para estas andanças; talvez tenha ficado evidente que Carlos Martins apesar de todas as lesões, poderia e deveria ter sido melhor aproveitado ao longo da época; talvez tenha ficado à vista de todos que Melgarejo apenas desenrasca mas que, definitivamente, não é defesa-esquerdo; talvez muitos de nós tenhamos sentido a falta de Nolito ou Bruno César perante um Ola John demasiado cru e incipiente para um jogo com este grau de exigência.

Talvez tudo isto ou o seu contrário: depois deste jogo tudo parece mais óbvio mas de certezas está também o inferno cheio.
De tudo isto se fará discussão: chegará a hora dos grandes balanços, mas por agora chegou, evidentemente, a  hora de deixarmos de lado as nossas pequenas-grandes certezas, as nossas verdades.

Não há tempo para polémicas, discussões, discordâncias, criticas arrasadoras.
Mais do que nunca, terminado o jogo em Istambul, o tempo é de união.

De muitos, um: é apenas disso que se trata.



RC

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