Era uma tarde ensolarada de Maio do ano da graça de 1998 e
faltavam 5 dias para 20 anos depois voltarmos a uma final da saudosa Taça dos
Campeões Europeus.
O treinador era o mal amado Toni (a tendência obsessiva
para maltratarmos os nossos, há-de um dia ser alvo de estudo…) que com uma
equipa digna mas bem curta, conseguia o inimaginável
milagre de nos pôr a sonhar de novo.
Toni ia fazendo a gestão possível e impossível, poupando
alguns dos melhores para uma final com que a nação benfiquista sonhava há 20
anos.
Diamantino em grande forma e autêntica jóia da coroa numa
equipa pobre de grandes talentos, ia sendo poupado sempre que possível num
campeonato que estava já perdido.
Como habitualmente sempre que se tratava de Toni, a nação
benfiquista foi implacável criticando sem piedade nem razão a gestão que o
treinador ia fazendo.
O resto é história: a 5 dias da final, Toni ensaia o onze
para Estugarda e um rapaz de nome Adão entra para a história fracturando a
perna a Diamantino e transformando a conquista do 3º título europeu num sonho
quase impossível.
Não sei quantas vezes Toni se terá arrependido daquela
opção naquele fatídico dia: o futebol é um desporto estupidamente ingrato e em
que todos somos detentores de toda a verdade depois do jogo terminar.
Tudo isto a propósito do jogo de hoje na Turquia em que o
Benfica perdeu com uma equipa claramente inferior.
Depois do jogo, todos sabemos tudo e todos temos erros a
apontar.
Talvez a famosa gestão do plantel não seja a mais
correcta; talvez uma vez mais, Jesus tenha ficado a um pequeno passo de provar
que ainda não é um enorme treinador a nível europeu; talvez se tenha provado
definitivamente que, com grande pena de todos nós, Aimar já não é jogador para
estas andanças; talvez tenha ficado evidente que Carlos Martins apesar de todas
as lesões, poderia e deveria ter sido melhor aproveitado ao longo da época;
talvez tenha ficado à vista de todos que Melgarejo apenas desenrasca mas que,
definitivamente, não é defesa-esquerdo; talvez muitos de nós tenhamos sentido a falta de Nolito ou Bruno César perante um Ola John demasiado cru e incipiente para um jogo com este grau de exigência.
Talvez tudo isto ou o seu contrário: depois deste jogo
tudo parece mais óbvio mas de certezas está também o inferno cheio.
De tudo isto se fará discussão: chegará a hora dos grandes
balanços, mas por agora chegou, evidentemente, a hora de deixarmos de lado as nossas pequenas-grandes certezas, as nossas verdades.
Não há tempo para polémicas, discussões, discordâncias,
criticas arrasadoras.
Mais do que nunca, terminado o jogo em Istambul, o tempo é
de união.
De muitos, um: é apenas disso que se trata.
RC
1998??? talvez 1988...
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