Não é que esperasse grande coisa da candidatura de Rui Rangel.
Uma candidatura decidida à pressa, filha da janela de oportunidade que resultou
da conturbada Assembleia do Relatório e Contas chumbado. Uma coisa do estilo: “Vamos
lá ó Rui! Temos uma hipótese”.
Contudo, o que lemos do seu programa, das suas entrevistas,
das suas mensagens é muito pouco. Em primeiro lugar revela um desconhecimento significativo
do que se passa no clube. Depois porque por mais obra que tenha feito o actual
presidente nos últimos 3 anos, o período que devemos avaliar, muito haveria para
propor e para apresentar, mas o que lemos no programa do candidato Rangel é um manancial
de ideias muito vagas, de intenções superficiais.
Todos parecem esquecer que estas são as primeiras eleições
para um mandato de 4 anos. É preocupante estar no horizonte um mandato com estas
dimensões e as discussões em cima da mesa resumirem-se ao facto se um candidato
pagou ou não 5 anos de quotas em atraso ou se o outro tem o 25 ou mais anos
sócio.
Sobre a venda dos direitos televisivos, sobre as modalidades,
sobre as instalações, sobre o valor dos redpass, sobre a relação com as
claques, sobre o relacionamento com o Porto e Sporting, sobre o apoio ao Fernando
Gomes, sobre o modelo de organização do futebol, não ouvimos nada. Mesmo sobre
o passivo e a situação financeira do clube ficamos exactamente na mesma.
Anteontem Rui Rangel fez um desafio à blogosfera benfiquista,
todos os blogs benfiquistas poderiam dirigir ao candidato Rui Rangel, um máximo
de três perguntas, cujas respostas seriam mais tarde divulgadas na página
oficial da candidatura. Mesmo com muitas repetidas, as perguntas efectuadas
ultrapassaram as duas centenas. O que é revelador do interesse e da necessidade
de informação dos Benfiquistas. As respostas a estas perguntas vão ser a ultima
hipótese de Rui Rangel de fazer a diferença.
De qualquer forma não se entende como um clube com a tradição
democrática do Benfica chega a esta situação cubana de candidatado quase único
a um mandato de quatro anos. Se ganhar, como é expectável, Luís Filipe Vieira
vai ser de longe o presidente com mais longevidade no cargo. Os 13 Anos de Vieirismo
terão, para o bem e para o mal, um peso decisivo no futuro do Clube.
Por isso, era com espectativa que se esperava pelo programa da
candidatura do actual presidente. Porque é um conhecedor único da situação do
clube e porque quatro anos de governação permite-lhe delinear uma estratégia bem
estruturada para desenvolver a médio/longo prazo.
No entanto, se o programa de Rangel é vago, o de Vieira é um autêntico
deserto. São 23 páginas em que as primeiras 11 são com a chamada comissão de honra,
onde temos de tudo. Mais de metade são funcionários do clube, gente que recebe honorários,
que têm interesse na manutenção do establishment. Numa organização associativa
que se prese, os seus funcionários, por razões óbvias, estão impedidos de participar
na campanha eleitoral que elege os seus dirigentes. No Benfica não se entende
assim. Tenho pena. De resto, são os chamados “notáveis”, a maior parte deles nunca
põem os pés no estádio da Luz.
A seguir vêm mais 9 páginas para a obra dos últimos nove
anos. Nove anos? Mas o último mandato só teve três anos e em democracia são
esses que devemos avaliar. Os outros já foram avaliados, e bem, em eleições
anteriores. Para além deste abuso temporal, a obra é relatada ao pormenor,
chegam até a ser contabilizados o número de subscritores do twitter.
Por fim, vem o esperado manifesto eleitoral. Meramente 3 páginas,
esta Direcção demonstrou diversas vezes que para eles os benfiquistas não
precisam de saber muito. E o que se propõe fazer nos próximos 4 anos? Lemos e
chegamos à conclusão: quase nada. Somente: manter, reforçar e continuar. Vejam vocês
mesmo. Em três páginas apenas uma novidade: a criação da Benfica FM (uma boa
ideia). Não chega a ser pouco, é mesmo nada.
Perante estas duas listas, apenas nos resta uma coisa: ter
fé. Uma fé ilimitada na grandeza do nosso Clube.
JL
Eu só queria confirmar uma coisa no programa de Vieira e está lá o que eu queria saber:
ResponderEliminar"Reforço dos Proveitos do Benfica, através do novo modelo de exploração dos direitos televisivos."
Os sinais já eram mais que muitos e este, bem como o inicio dos trabalhos por parte do sistema para a negociação centralizada direitos televisivos, são a prova que faltava para perceber que o Benfica não pretende renovar com a Olivedesportos.
João Oliveira,
EliminarOlha que essa tua interpretação pode não ser a mais correcta, pois o "novo modelo de exploração dos direitos televisivos" pode significar exactamente a negociação centralizada.
Durante um período de eleições como este aprendem-se imensas coisas.
ResponderEliminarPor exemplo eu aprendi que de facto a democracia só pode ser uma miragem em Portugal, porque nós Portugueses não temos a mínima noção quem é bom, mau ou oportunista.
Depois há uma cegueira de títulos e toda a gente diz quase a mesma coisa - queremos ganhar limpo, mas não fazemos a mínima ideia como - a direcção é que tem de resolver esse problema. Nós só queremos que o Benfica ganhe. Tanto faz ser à paulada, ou à traulitada, ou com a mão, ou fora de jogo, mas tem de ser limpo e não queremos favores dos árbitros - a direcção é que tem de resolver.
Ninguém, ou quase ninguém é capaz de concluir que a única forma de ganhar títulos que possam ser reconhecidos, não pode haver nem traulitada nem batota. É preciso sim, digo mesmo é essencial que a corrupção acabe para conseguirmos ganhar mais títulos idênticos ao do passado.
Com todos os defeitos que lhe apontam (e que confirmo concordar com vários) o LFV quanto a mim foi um dos poucos que sempre teve a visão de reconhecer que corrupção e títulos (à Benfica) não conjugam.
Também teve a visão de elaborar uma fórmula eficaz de combater a corrupção, que quanto a mim é a única legal ou seja por estrangulamento financeiro.
Que é que os Benfiquistas fizeram? Não só o desautorizaram como gozaram com a ideia.
Os Benfiquistas não podem ser proibidos de ver o seu Benfica jogar onde quer que vá, diziam eles, porque queremos suportar o nosso clube sempre.
Fraco argumento quando na realidade estão a alimentar o polvo.
Depois exigem que a direcção obrigue todos os nossos inimigos a respeitar-nos. Não conseguem ver que quem tem esse poder somos nós e não a direcção. Se quando vamos aos outros campos nos recebem chamando-os filhos da puta, nos roubam quebrando o dobro e o triplo no preço dos bilhetes e nos apedrejam, o que é que fazermos no jogo a seguir? Vamos ainda em maior número para sermos muitos. A direcção que resolva o problema da respeitabilidade.
Agora pergunto eu, com este tipo de mentalidade haverá algum Presidente minimamente inteligente que queira liderar uma massa associativa assim à base da democracia? Nem 3 Salazares juntos chegam.
Programa do Vieira ?
ResponderEliminarQual programa?
E a comissão de honra ? Parece o Soviete Supremo.
E do outro lado ?
Programa ?
Oposição ?
O que é isso ?
Depois de uma prestação miserável no Telejornal da RTP, o Sr. Juiz Desembargador achou que o sitio mais apropriado para tentar ter piada era o programa do Nilton.
E amanhã, onde vai ?
À casa dos segredos ?
Com esta oposição, até o Guerra Madaleno parece o Barack Obama...