Este blog escrito a dois tempos e a quatro mãos, não
poucas vezes tem sido extremamente critico em relação a muito do que constitui
o actual estado da nação benfiquista.
Não o fazemos por nenhum motivo em especial, nem nos movem
outros objectivos que não sejam o de tentar contribuir para um Benfica melhor,
mais forte, mais vezes vencedor.
Uma espécie de “cidadania benfiquista”, se quisermos.
Não pertenço a nenhuma facção, nem me movem ódios de
estimação relativamente a outros benfiquistas.
Tudo isto para dizer que nada me move (e interpreto,
seguramente, o estado de espírito do meu companheiro de blog e de Benfiquismo)
contra Luís Filipe Vieira.
Mais: porque nada tenho a dissimular, assumo a condição de
votante em Vieira nas duas últimas eleições: mais convictamente na primeira
eleição do que na segunda…
Luís Filipe Vieira merece o meu respeito, quanto mais não
seja porque é o presidente do Sport Lisboa e Benfica, eleito democraticamente
como é apanágio desta casa que, no que a liberdade e democracia diz respeito,
não tem lições a receber de ninguém.
Mas não só: Vieira poderia ser sair hoje que ninguém lhe
tiraria um lugar de relevo na história do Benfica.
O Benfica de que LFV é presidente, pouco tem a ver com o
clube arruinado, descredibilizado, financeira, desportiva e moralmente falido
que encontrou: sem dinheiro, sem acesso ao sistema financeiro a quem ninguém
fiava um cêntimo que fosse.
Um clube vindo de uma gestão danosa e desleixada e de um
saque meticulosamente organizado e
levado às últimas consequências.
Assim, das ruínas de um cataclismo chamado Vale e Azevedo
e seguindo as pisadas de Manuel Vilarinho( um homem a quem verdadeiramente o
Benfiquismo ainda não fez justiça!), Vieira reergueu um novo Benfica, qual fénix renascida
das cinzas.
Não é argumento falacioso para enganar ingénuos ou almas
menos avisadas: a história é a que é, por muito que o revisionismo esteja em
voga e dê jeito a muita gente.
Vieira fez tudo isso e mudou o Benfica: um novo estádio, 2
pavilhões, um centro de estágio, um Benfica renascido desportivamente,
voltando, de novo, às vitórias.
As modalidades antes extintas ou moribundas renasceram e
mesmo com alguns erros e acidentes de percurso, fizeram o seu caminho: o
Benfica domina hoje claramente o panorama das modalidades com várias vitórias
importantes no futsal, no basquetebol e até no hóquei em patins, feudo durante
mais de uma década dos senhores da batota e da corrupção.
Também o futebol mudou, sejamos justos e ainda que
esporadicamente, voltou ás vitórias com a Taça de 2004 e os campeonatos de 2005
e 2010.
Com condições de trabalho completamente inigualáveis na
história do clube, passaram pelo Benfica em diferentes fases da “era Vieira”
jogadores como Tiago, Simão, Nuno Gomes, Zahovic, Mantorras, Miccoli,
Katsouranis, Karagounis, Suazo, David Luiz , Ramires, Fábio Coentrão, Javi
Garcia, Witsel, alguns deles valendo encaixes fabulosos e inimagináveis há
poucos anos.
Mesmo “sangrado” anualmente, por cá continua um lote de
grandes jogadores, grande parte deles internacionais: da Argentina ao Brasil,
do Paraguai à Sérvia.
A formação, antes moribunda e completamente desleixada
voltou às vitórias; temos de novo uma equipa B que pratica um excelente futebol
e está nos lugares cimeiros da 2ª liga.
A exemplo dos grande clubes europeus, temos hoje um canal
de televisão, algo que há uns anos pareceria cenário de ficção cientifica.
É um Benfica diferente: de novo credível, respeitado internacionalmente,
honrando os seus compromissos, parceiro de negócios respeitado.
Também e sobretudo a Vieira o devemos e esquecê-lo não é
justo.
Passaram 10 anos.
Duas eleições ganhas com votações esmagadoras e um poder
quase absoluto.
Vieira teve o Benfica na mão e condições únicas,
provavelmente irrepetíveis para fazer voltar o Benfica aos seus tempos de glória
e de vencedor quase crónico.
E contudo, Vieira falhou quando o mais fácil parecia
precisamente… não falhar.
Repetindo os mesmos erros, confiando em quem não deveria
apostar um tostão furado.
Mudando estratégias, desfazendo o que estava bem feito,
secundarizando completamente a figura do director-desportivo.
Sejamos claros: os dois únicos campeonatos da “era Vieira”
foram ganhos quando a gestão directa do futebol estava entregue a quem sabe do
oficio: José Veiga em 2004-2005 e Rui Costa em 2009-2010.
E por duas vezes, LFV repetiu o mesmo erro, tratando de
descartar-se rápida e inexplicavelmente daqueles que foram peças fundamentais
da vitória.
Com isso, Vieira por uma e outra vez escaqueirou o
trabalho feito, perdendo uma oportunidade histórica de terminar definitivamente
com o domínio sujo do Porto.
A juntar a uma gestão interna desastrada, junte-se o incompreensível apoio institucional a figuras sinistras do futebol português e está encontrada a fórmula mágica para tão poucas vitórias em 10 anos.
Assumindo pessoalmente a gestão do futebol, Vieira terá
provavelmente dado ouvidos a quem não devia, renegando quem verdadeiramente o
ajudou a ganhar.
É a pior face de Vieira: o vieirismo, uma espécie de
criatura que ameaça devorar o criador.
São os novos cortesãos que pululam na SAD, defendendo
interesses que não, seguramente, os dos Benfica.
Uma SAD metastizada por não benfiquistas, uma estrutura
profissional sugada por gente no fundo estranha e alheia ao Benfica, aos seus
valores, à sua história e aos seus reais interesses, defendendo apenas o
lugar, a mordomia, o estatuto, fazendo da subserviência e da intriga uma forma
de vida.
Esta espécie de anomia em que vive actualmente o Benfica é
consequência, pois, da pior face de Vieira: um poder quase absoluto que ameaça
engolir o clube, secando tudo à sua volta e colocando o Benfica nas mãos pouco
recomendáveis dos cortesãos tecnocratas da gestão e do marketing, para quem os
sócios são números, os jogadores são activos e o Benfica nasceu no dia em que
pisaram as alcatifas do novo Estádio da Luz.
Continuarei a votar Vieira ! Ainda para mais agora que um personagem nojento e mau caracter se vai tentar candidatar a mando do maninho para apanhar os direitos televisivos. clã rangel NUNCA !
ResponderEliminarexcelente Post...devia ser lido por todos...até pelo presidente
ResponderEliminarSubscrevo inteiramente o texto acima.
ResponderEliminarQuanto ao clã Rangel não percebo o medo que está afligir alguns.
Que se saiba Rui Rangel é um benfiquista como nós e o insulto é vago.
Obviamente que em relação ao Rangel o insulto será sempre vago. É o desespero, as pessoas estão tão amedrontadas não sei bem de quê, que quaquer pessoa por mais credivel que seja...é para queimar.
ResponderEliminarOntem já vi por aí estabelecerem um paralelismo entre Vale e Azevedo, Bruno Carvalho e Rui Rangel. Hoje já vi que o Rangel é uma marioneta nas mãos do Veiga.
Isto são os sintomas gerais do Vieirismo, que revêm no Presidente mais daquilo que no próprio clube. O Benfica é dos Benfiquistas, não é do LFV, do Rangel, do Veiga ou dos Espanhóis.
A Venezuela é na América do Sul, não deixem que nos importem isto para o nosso clube.
Fantástico texto, do início ao fim. Parabéns, tudo dito.
ResponderEliminarSe há mais candidaturas ainda bem. Que haja uma boa discussão de ideias e quem ganhar que faça um bom trabalho e que quem perder não ande a boicotar e a colocar o nome do clube na lama.
ResponderEliminarFelizmente que o LFV não se demitiu e que se vai recandidatar porque quem reclama mais democracia para o clube não pode temer ir à luta e desejar eleições sem a actual direcção como andaram a pedir.
O Rui Rangel até agora só me desapontou. Principalmente quando condenou um titular de um cargo público, Ricardo Sá Fernandes, por ter feito a gravação da tentativa de corrupção por uma empresa de construção! Felizmente que o supremo não foi nesta cantiga!
O grande problema do desporto nacional é a corrupção. Rangel, enquanto Juiz foi a favor dos corruptos. Rangel, enquanto benfiquista também acha que o Porto tem ganho justamente. Por isso digo sem constrangimento que o Rangel vai ter de se esforçar muito para me convencer!
Grande, Grande texto!
ResponderEliminarQue todos os Benfiquistas deviam ler!