Perguntava-se até hoje na blogosfera: por onde anda o vice
João Coutinho? Multiplicavam-se as fontes que confirmavam que o vigente
vice-presidente das modalidades não faria parte da lista do actual presidente.
Algo que já era espectável. Aliás, muito sintomático foi a reportagem desta
semana no jornal do clube sobre as modalidades de pavilhão do clube. Nem uma
palavra sobre aquele que apenas formalmente era o responsável por elas. De
resto estão lá alguns dos que realmente dirigem: Luís Filipe Vieira, Carlos
Lisboa e Ana Oliveira.
No Benfica, os dirigentes vão e vêm, uns cumprem como podem,
outros nem por isso. É dever do verdadeiro benfiquista exercer funções no clube
quando para isso é solicitado. E quando se tem a honra de servir o SLB deve-se
fazê-lo cumprindo os estatutos e o desígnio do clube e abraçando a causa com
coragem. A história do Dr. João Coutinho no Benfica é idêntica a outros vices
que passaram ou vão passar pelo clube no reinado de LFV. São eleitos, dão cara,
mas não mandam nada. As principais orientações estratégicas não passam por eles.
São uma espécie de testas de ferro ou mordomos oficiais.
LFV sempre convidou para as suas listas figuras que poderiam
trazer no futuro alguns benefícios para o Benfica ou para ele (ou para os
dois). Por exemplo, a Direção que agora cessa funções é de um equilibro
exemplar no que diz respeito à representação de elementos com ligações aos
partidos do arco do governo: Luis Nazaré (PS), Domingos Lima e Rui Gomes da
Silva (PSD), Sílvio Cervan (CDS).
O convite ao Dr. João Coutinho veio nessa linha. No caso foi
devido a uma forte espectativa de retorno financeiro, já que à época, através da
sua empresa, afigurava-se como um importante patrocinador do clube, nomeadamente
das modalidades. Neste campo as espectativas foram totalmente goradas, porque a
situação alterou-se significativamente, não sendo portanto crível que continuasse
em funções.
Como foi referido atrás a estratégia para esta área foi sendo
definida em grande medida em outros gabinetes do estádio que não o ocupado pelo
Vice-presidente em causa. Neste prisma até podemos dizer que a sua actuação não
foi totalmente negativa, aparecia, ficava bem nas fotos das vitórias, mas não
atrapalhava. É certo que nunca colocou em causa a unidade, nem prejudicou o
clube, no entanto, isso parece-me muito pouco para um vice-presidente eleito
pelos sócios e nesta Direcção não foi caso virgem.
Formalmente foi o responsável pelos resultados, mas a
realidade era bem diferente. Na maior parte das vezes o gestor nomeado pelo presidente
é que despachava directamente com os responsáveis das secções. Sem a vantagem financeira, perdeu obviamente o
seu espaço.
Neste panorama pode-se perguntar o que poderia ter feito mais. Por
exemplo, se as modalidades de pavilhão, e mais tarde o atletismo, estavam protegidas
pelos burocratas do staff presidencial, as “pequenas” modalidades, menos
mediáticas, tiveram de fazer o seu percurso de forma quase totalmente desamparada
e entregues si mesmas. E neste campo exigia-se mais proatividade ao
vice-presidente.
No râguebi, apesar de ser uma SAD, nunca nos podemos esquecer que
o Benfica como accionista de referência tem muitas responsabilidades. Num desporto
com alguma visibilidade são degradantes os resultados da equipa principal, como
são vergonhosas as condições de treino e o silêncio sobre o abortado (será?)
projeto de Oeiras.
Depois temos o Ténis de Mesa (a vegetar na 2º divisão), o
Bilhar, as Artes Marciais, a competição da Natação e a Ginástica, modalidades
que estão há anos secundarizadas no panorama desportivo nacional, com uma
evolução lenta ou nula, sem projecto definido e com fogachos muito pontuais. Um
lado B da nossa actividade que muitos ignoram.
Acrescento ainda que este foi o mandato que fechou o Judo e o
Tiro com Arco, duas modalidades olímpicas, cujos processos deveriam envergonhar
os responsáveis do clube. A bem da nossa imagem ainda bem que não foram
mediaticamente esclarecidos. E temos a aposta em atletas isolados
desenquadrados de qualquer secção: Judo, Triatlo e Canoagem. Tudo isto passou e
passa ao lado do Vice-presidente.
Depois há aspectos da actividade que era útil sermos
esclarecidos. Quanto custa ao clube a manutenção do golfe? E com que benefícios?
Qual é a despesa anual em instalações alugadas para a formação das várias
modalidades? Não se poupava mais construindo ginásios na Luz?
As modalidades são um dos maiores trunfos eleitorais de Luís
Filipe Vieira, nomeadamente porque na última época os resultados foram relevantes,
mesmo em cima da meta, mas relevantes. Há muito que não havia tantas
conquistas, mas esteve longe de ser o ano mais vitorioso de sempre como foi
erradamente propagandeado. Contudo, ficámos com a sensação que a correlação Investimentos/resultados
não foi tão positiva assim. Não sendo necessário fazer mais, é imprescindível
fazer melhor. Para isso pede-se ao próximo
responsável, seja ele qual for, que o primeiro objecto que utilize que seja uma
vassoura.
JL
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