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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


sábado, 2 de junho de 2018

UMA GLÓRIA EXPRESSAMENTE DE PLÁSTICO


Como qualquer benfiquista, com dois dedos de testa e uma coluna que não seja demasiadamente flexível, deixei há algumas semanas de comprar o Semanário Expresso. Consumir é também um ato politico, uma escolha, uma decisão que não envolve só o produto comprado e o valor que damos por ele, mas também a sua representação ética e social.

Assim, perante os ataques desmesurados ao Benfica, quase diários se considerarmos também o site, e a defesa cega e propagandista ao presidente do Sporting CP, que transbordaram com estrondo para o canal televisivo do mesmo grupo, outra atitude não se seria de esperar de quem se considera Benfica.

O que vale é que quebrar este hábito interrupto de quase 30 anos está a custar menos do que esperava, tal era indigência de jornalística que o Expresso vinha exibindo ultimamente.  A este propósito, até nisto ser Benfica é uma sorte. Por exemplo, é uma fortuna sermos patrocinados por uma Sagres e não por aquele refrigerante com álcool, que patrocina tudo o que é concertos e festas de estudantes, obrigando pela exclusividade o seu consumo em massa.      

De qualquer forma, sempre me fez alguma confusão este recente fundamentalismo lagarto de uma publicação que era, e devia ter continuado a ser, uma Instituição. Considero que o facto do filho do dono grupo, e atual administrador, ser fanático pela equipa do Campo Grande, não é suficiente para tal inflexão. Um jornal deve ter uma estrutura editorial complexa e seria inédito a paixão futebolística da administração intervir tão vigorosamente na sua linha de atuação.

Hoje ao comprar o Público, e porque ainda ia andar uns bons metros, pedi um saco ao jornaleiro para que o transporte fosse mais confortável, zeloso enfiou o diário num saco do Expresso que tinha por ali. Quando parei num café próximo, reparei surpreendido que o famoso saco do Expresso já não é patrocinado por um banco, por uma seguradora ou um operador de televisão. Quem o patrocina agora, quem ocupa o que é talvez o mais privilegiado espaço publicitário da imprensa portuguesa, é o abastado Sporting Clube de Portugal.   

Não sei se foi um caso pontual ou se em outras edições a situação se repetiu. O que tenho a certeza é que aquele espaço não é barato. Ainda mais que a publicidade não diz respeito a uma campanha de angariação de sócios ou bilhetes de época. É uma campanha dedicada a um avançado que marcava muitos golos na época em que o SCP se confundia tanto com o Regime que tinha a alcunha de Direção Geral dos Desportos.  Um período de grandes goleadas internas, mas ao mesmo tempo de resultados terceiro-mundistas ao nível da seleção, o que diz muito da qualidade conjuntural do jogador em causa e dos outros violinos.

O que a campanha procura não é o retorno financeiro consubstanciado em novos sócios ou  venda de mais bilhetes. O que se pretende é algo mais difícil de conseguir e é procurado incessantemente, mas com insucesso, por aqueles lados, desde que um neto foi pedir ao avô para fazer um clube, até à persistente luta para se conseguir campeonatos no passado, aos quatro de uma vez, de atacado.

É uma campanha que nos tenta vender "Glória", que sendo impossível de conquistar no presente ou no futuro, resta ser alcançada onde a falta de memoria dos homens faz adensar o nevoeiro. Podem não ser conquistas de carne e osso, com lágrimas e suor, perante adversários valorosos e de grande calibre, mas desde que sirvam para colocar em faixas no estádio e nos rodapés de comunicados, tudo impecável. Uma "Glória" de plástico, como o saco onde que se guardam os jornais, como o jornalismo que usa as palavras e as ideias para vender espaço publicitário.  

9 comentários:

  1. Os meus parabéns pelo excelente texto, digno de um jornal de referência de fim de semana em Portugal que deixou de ter expressão devido a sua falta de isenção e que perdeu a sua credebilidade por preferência clubistca.

    Ass: Redskinn

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  2. Ha muito que deixei de comorar o expresso.e preciso,agora,deixar de ver a sic,qualquer que seja o canal.vamos a isso

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  3. Há muito deixei de comprar o Expresso, mais propriamente, desde que de lá saiu o MEC !...

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  4. É preciso que os Benfiquistas tomem consciência do poder que está nas suas mãos ao decidir boicotar quem declaradamente nos calunia e prejudica.
    E apoiando quem nos patrocina, é preciso distinguir quem nos explora, como no caso da NOS.

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  5. Já cortei com a canalha toda, faz tempo. Nem um cêntimo meu comem. A pqp.

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  6. Grande texto. O meu aplauso.

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  7. E os gajos que fazem parte da Comissão de Fiscalização? Henrique Monteiro, o Duque, Nicolau Santos.

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  8. Boicote a todos os animais de estimação do BRUNALGAS.
    NOTA: Querem mexer nos bolsos de quem nos tenta denegrir, cortar com spotv btv dinheiros que nao entram no BENFICA, nao obrigado.

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