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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


segunda-feira, 21 de julho de 2014

PARA SER ASSIM, BASTAVA A SPORT TV




Não foi por uma questão meramente financeira que o Benfica decidiu não renovar o contrato com a Olivedesportos para passar os seus jogos no seu canal. A Sport TV e os seus funcionários tinham ( e ainda têm) permanentemente uma atitude para com o clube que roçava a agressão. Comentários ofensivos e grotescos, repetições que nunca apareciam, lances apagados dos resumos, linhas de fora-de-jogo muito pouco paralelas. De tudo valia. 

Perante uma crescente e generalizada revolta dos associados, Luis Filipe Vieira, à beira de eleições, acaba por ceder e romper com o amigo. Falta fazer as contas finais, mas estas terão sempre de ter em conta os custos de se passar a ter um canal pago, ao contrário da concorrência. São custos dificilmente mensuráveis, mas que têm um peso enorme ao nível da divulgação do Clube a das suas actividades. 

Ganhando a possibilidade de transmitir os seus próprios jogos, o Benfica, para além receitas da subscrição, tinha na mão a possibilidade de mostrar a sua verdade, pelo menos nos jogos em casa. Já Joseph Goebbels, ministro da propaganda do regime nazi, era peremptório: “Nós não falamos para dizer alguma coisa, mas para obter um certo efeito”. 

Neste campo, a Benfica a TV vive uma profunda bipolaridade, que até seria muito positiva se não estivesse instalada completamente ao contrário. Nos programas de estúdio, onde se discute o clube, temos o pedroguerranismo elevado ao quadrado. Onde se poderia saudavelmente colocar questões, analisar problemas, denunciar situações, com elevação e sempre em prol do nosso clube, temos um Pedro Guerra em permanente loas à Direcção e ao senhor presidente. 

Nas transmissões diretas, nomeadamente no futebol, é como se estivéssemos a assistir ao jogo num canal do adversário, A necessidade ou a “fuçanga” de ser querer mostrar neutro é tanta, que quem sai prejudicado é sempre o Benfica.

Ontem, durante o Benfica- Naval… perdão… Sporting e perante uma arbitragem mais do que manhosa, não se ouviu uma palavra, um repúdio, um mero reparo. Tudo politicamente correto. Até os jogadores do Naval ou do Sporting ou que era aquilo, recebiam elogios sobre grandes jogadas ou bons passes e cortes.  

Há um penalti por marcar que é repetido apenas duas ou três vezes, de forma envergonhada. Antes do golo dos lagartos, há um lance duvidoso na área. Penalti a favor do glorioso? Não sabemos, porque não houve uma única repetição. E as duas agressões à cotovelada a jogadores nossos que nem falta mereceram? Quase silencio. Tudo gerido com pinças pelos comentadores. 

Em contraposição, de vinte em vinte minutos, tínhamos de levar com o boneco do Vieira a tapar quase um quarto do ecrã, a anunciar mais uma campanha. 

Assim, porque não são as respostas que movem o mundo, mas as perguntas, resta-nos questionar: O Benfica ainda tem canal de televisão? Ao serviço do clube e dos sócios? Ou é apenas mais um negócio e o que interessa são as receitas? O que até seria legítimo e proveitoso, se não ficássemos sem um canal nosso. 

Este seria um bom debate para se ter na “nossa” televisão. Houvesse vontade e coragem. 

JL


sábado, 19 de julho de 2014

CASEMIRO OU O DÉJÀ VU


Real Madrid e Benfica são velhos conhecidos.
Clubes míticos , aprenderam a respeitar-se e, mais que isso, desenvolveram através dos tempos, uma relação de amizade.
Nos últimos anos vários negócios foram feitos e com assinalável sucesso para ambas as partes: de Madrid vieram Javi Garcia, Saviola e Rodrigo e para Madrid partiram Fábio Coentrão e Di Maria.
Aquando do desaparecimento físico do King, o Real mandou de imediato uma embaixada a Lisboa, granjeando uma vez mais o respeito e admiração do povo benfiquista.
Mais recentemente, o Benfica retribuiu da mesma forma, enviando comitiva de peso recheada de antigos campeões europeus às exéquias de Di Stefano.

Casemiro era, ao que parece e não foi nunca desmentido, um namoro antigo do Benfica.
Aliás, alguma imprensa, noticiou mesmo que o assunto foi abordado com os dirigentes do Real, por ocasião da deslocação de Vieira às cerimónias fúnebres de Di Stefano.

Culminando os zunzuns dos últimos dias, aconteceu isto.

Para ser inteiramente sincero, desconheço o real valor de Casemiro.
Mais: tenho as maiores dúvidas de que sermos “barriga de aluguer” de quem quer que se trate, seja, neste momento, a melhor solução para o presente e o futuro próximo do Benfica.

O que gostaria era de ver esta inteiramente esclarecida e explicada esta bizarra estória.
Porque das duas, uma: ou com amigos destes, não necessitamos seguramente de inimigos ou então nalgum momento teremos traído uma amizade de décadas.

Em qualquer dos casos, o estrago parece feito: não pelo Casemiro em si, mas pelo significado do desfecho.
Uma espécie de déjà vu.


RC




2014-2015: BREVE PREFÁCIO


Indiscutivelmente tem sido um defeso difícil para os benfiquistas: um êxodo de proporções bíblicas está a desfazer a equipa que tudo ganhou em Portugal na época passada.
Já aqui o disse: são os custos de sermos um clube de um país pobre e periférico.
Para os tubarões europeus, o Benfica é um mercado francamente apetecível com uma relação preço-qualidade óbvia e indiscutível.
E depois, claro, trata-se do preço do sucesso: após uma temporada brilhante e duas finais europeias consecutivas era quase inevitável que isto acontecesse.
Jesus disse-o na entrevista à Benfica TV após os títulos de 2013-2014: só os melhores saem, só os melhores têm procura.
É óbvio, não é?
Pelos vistos não, pelo menos para algumas carpideiras que andam por aí a pretensamente chorar baba e ranho e a destilar os habituais ódios de estimação.
Curiosamente, a mesma gente que em igual período da época passada, criticava tudo e o seu contrário: a “armada sérvia”, a continuidade de Jesus e a manutenção de uma estrutura (leia-se presidente-treinador-jogadores) que tudo havia perdido naquele fatídico final de época 2012-2013.
Curiosamente ou não, os mesmos que frequentemente clamam indignados por reduções de preços, quotas mais baixas, descontos e promoções diversas.
Em que mundo viverá esta tribo?



A lógica inevitável de um futebol cada vez mais mercantilizado, não tem, porém culpa das habituais inabilidades do Benfica: durante 2 longuíssimos meses a nação benfiquista fica entregue a si própria, à mercê de uma comunicação social que desinforma, intoxica, envenena e baralha, movimentando largas dezenas de nomes entre hipotéticas entradas, saídas, empréstimos e outro tipo de transacções comerciais.
O Benfica é uma entidade com responsabilidades, com uma SAD cotada em bolsa, pelo que não pode, obviamente, andar na praça pública a desvendar os meandros dos negócios que efectua ou que simplesmente perspectiva.
Por outro lado, não pode também, obviamente, produzir um desmentido por cada nome que surge na comunicação social: perante a avalanche de nomes, teríamos resmas intermináveis de comunicados.
Seria, porém, fundamental que num momento de alguma apreensão, alguém aparecesse com uma mensagem de firmeza e tranquilidade para a nação benfiquista.
É apenas isto que as pessoas querem ouvir: será pedir muito?



E foi assim que entre a partida de muitos, a chegada de outros tantos e as férias dos nossos mundialistas, a bola começou a rolar.
Começar a ganhar é, sem dúvida, simpático mas vamos com calma: se é verdade que nos faltam Ruben Amorim, André Almeida, o patrão Enzo e Maxi Pereira, nada nos diz também que até dia 31 de Agosto, não saiam ainda 2 ou 3 jogadores fundamentais.
Alguns sinais de esperança: Benito desce bem e cruza melhor, César tem pinta de jogador, Talisca pode ser uma agradável surpresa e Derley teve algumas movimentações interessantes.
E Ola John corre, mexe-se, joga e faz jogar.
É por estas e por outras que desconfio sempre destes jogos de inicio de época.



Gostei que a Benfica TV assegurasse a transmissão da Taça de Honra.
Não gostei mesmo nada que a nossa televisão transmitisse o jogo da lagartagem.
Imagens de lagartos, entrevistas a lagartos, na Benfica TV não!



Há guarda-redes inseguros de mãos, há outros maus a jogar com os pés.
E há aqueles que têm uma cabeça miserável, sem carácter, gratidão ou princípios.
Oblak pertence a este último grupo.
Espero que tenha a pior carreira possível e que nunca mais se cruze com o Benfica.


RC










quinta-feira, 10 de julho de 2014

PRÉ-ÉPOCA SURREAL



Não, não vou falar de vendas, reforços, empréstimos, brasileiros, argentinos ou sérvios. Não por falta de vontade, mas por manifesta falta de tempo. Porque com o rodopio à volta da nossa equipa, que devia estar a preparar-se de forma concentrada para a época que se avizinha, gastava a mesma quantidade de palavras que Tolstoi gastou para descrever a batalha de Borodino.  
  
Mais simples, e de difícil complicação, deveria ser a definição dos jogos de preparação. Mais do que preparar a equipa perante diferentes níveis de dificuldade, estes serviam para mobilizar adeptos, motivar as massas. Sempre foi assim, desde que me lembro. No entanto, ao que parece, esta confiança pertence ao passado. 

Logo a abrir, o Benfica campeão arrisca-se a defrontar a lagartagem, num jogo que, a realizar-se, nada tem ganhar e muito tem a perder, podendo até desbaratar o capital amealhado com a melhor época dos últimos 50 anos. A posição dos do Lumiar é a inversa, nada têm a perder e se ganharem dão um passo de gigante para restituírem a confiança, que já vem sendo alimentada, de forma artificial, pelos delírios do seu presidente. Delírios levados a sério por uma cúmplice comunicação social. Mais uma vez damos a mão a quem nos morde.   

Ainda mais num torneio organizado por uma associação que não nos respeita e insiste em alterar a história, falseando o palmarés da competição para benefício do clube dos viscondes.  

Se fosse só isto, seria apenas descuido ou desatenção de dirigentes que não conhecem a história do clube que representam. Mas há mais.  

Há um torneio na Suíça, anunciado na Benfica TV (ou BTV? Não sei, não informam), para este fim-de-semana, que pelos vistos não se vai realizar. Há bilhetes vendidos, que agora nada valem, a emigrantes que aguardam um ano inteiro para verem o seu Benfica. Há duas equipas espanholas a anunciarem a presença do Benfica nos seus jogos de apresentação e há o Benfica a desmentir tudo no dia seguinte. Há uma enorme confusão e um progressivo afastamento dos adeptos, o que nunca pode ser positivo.  

Faltam quatro semanas para o primeiro jogo oficial e, para além da taça da desonra, temos três jogos de preparação confirmados. Um clube que se orgulha de ter um grupo de comunicação. 

Talvez seja problema meu que sou curioso demais e os restantes associados estejam mesmo é interessados nos torneios de golfe onde participam os bem pagos administradores e quadros do clube. 

JL

segunda-feira, 7 de julho de 2014

SOBRE O DEFESO


Já o tenho dito: se há coisa pior, muito pior do que algum vieirismo, é o anti-vieirismo que grassa por aí.
Obstinadamente estúpido, cego e radical.
Alimentado de ódios irracionais, de preconceitos e de pretensas superioridades morais.
Populista e demagógico, aparece em momentos críticos, cavalgando ondas e dizendo o que algum povo quer ouvir.
Nada de novo: é assim qualquer neo-fascismo populista e pretensamente moderno.

Vivia dias complicados o anti-vieirismo: depois de todos os agoiros, premonições e voodoos, o Benfica tinha feito uma época de sonho só parcialmente estragada em Turim por um alemão ao serviço de mais elevados valores.

Eis, porém, que o defeso trouxe novo alento ás trincheiras e entre mortos e feridos ninguém escapa á debandada: a acreditarmos em alguns arautos da desgraça, o Benfica não tem jogadores sequer para uma equipa de futsal.

Para alguma imprensa é um festim: não é novidade, é disto que se alimentam os vampiros.
Para o tal anti-vieirismo militante, melhor ainda: era a oportunidade em falta depois de uma época quase irrepreensível.

O que incomoda não é tanto a verborreia: são os custos da democracia e nisso o Benfica fez história, quando votar, escolher e debater eram coisas proibidas.

Esquecem alguns que o Benfica apesar de imenso, não passa de um clube de um país pobre, periférico e inserido num realidade futebolística à beira da falência económica, moral e desportiva.
Esquecem esses mesmos que a única possibilidade de sobrevivência para um clube como o Benfica, é a diferença gerada entre as boas compras e as boas vendas ou, se quisermos, as vendas possíveis.

Claro que num meio inquinado e no mínimo pouco transparente, muita coisa se pode questionar, desde uma politica de comunicação trapalhona e pouco clara, até às opções desportivas pouco compreensíveis.

Pretender-se (ou apenas vender a ideia) que o Benfica tem de ser uma espécie de aldeia de irredutíveis, que não cede, não aceita propostas, não vende, é, contudo, de uma desonestidade intelectual enorme.

Podemos sempre, obviamente, discordar dos moldes em que um qualquer negócio foi efectuado, ainda que e cada vez mais, desconheçamos os meandros.
Podemos e devemos também questionar uma política de comunicação que ao invés de esclarecer, prefere calar e deixar arrastar dúvidas e suspeições: a transferência de Garay é, aliás, um óptimo exemplo.

Tudo isto é uma coisa; algo bem diferente é, porém, ignorar o capitalismo selvagem em que o futebol se enredou em favor de meia-dúzia de clubes ricos e poderosos e fingir que estamos longe, imunes, inalcançáveis.

Não me agrada, obviamente, poder perder 4 ou 5 jogadores titulares mas não me parece que o Benfica tenha argumentos para contrariar uma tendência a que nem os Liverpool e os Chelsea deste mundo escapam: é bom que não esqueçamos que os anos 60,70 e 80 já lá vão e que a lei da opção acabou há muito.

Ignorar isto é apenas tentar tapar o sol com a peneira.
Ou então mentir, enganar e manipular, o que, de resto, é bem pior.


RC





domingo, 6 de julho de 2014

CONVERSA DE CAFÉ



Manel: Sô Zé, como estamos de pré-época?
Sô Zé: Imparáveis. No futsal vamos ficar fortíssimos. Parece que vem o Juanjo para a baliza. E como um bom guarda-redes faz falta nos jogos equilibrados. O Ré foi o melhor marcador do campeonato passado. O Chaguinha e o Alessandro Patias são craques e os que saíram não faziam cá falta.  
Manel: Mas eu falava do…
Sô Zé: Do Vólei? Mais fortes ainda. Veio o Ivo Casas, o André Lopes e Vinhedo, tudo gente de primeira água. Até o Perini deu o dito por não dito. E este ano estamos nas provas europeias, como no Basquetebol. Como vai ser bom voltar a ter basquetebol europeu na Luz. A equipa mantém-se. Forte.  Tenho certeza que estas modalidades vão passear a nível nacional.
Manel: Eu não queria falar de passeios…estava a arreferir-me ao…
Sô Zé: O andebol resiste. Novo treinador pode ser que queira dizer nova filosofia. Já tivemos tantos recomeços, mas pior que o ano passado não deve ser. Um treinador jovem, ambicioso e trabalhador, sem saídas significativas e com dois reforços de peso... não, não podemos estar pessimistas. Não há mal que dure sempre.
Manel: Já vi que nas modalidades vai tudo sobre rodas, mas no…
Sô Zé: Sim, tudo sobre rodas. No hóquei só saiu o Marc Coy e regressou o Tiago Rafael e chegou o Carlos Nicolia, que é um senhor jogador. Estou na espectativa. Este ano vai haver canecos.
Manel: Nessas modalidades devemos fazer melhor, mas há uma que ganhámos tudo e que agora…
Sô Zé: O atletismo? Sempre a crescer e a vencer. E com tanto crescimento qualquer dia também dominamos nos femininos. Já falta pouco.
Manel: Ó Sô Zé, já percebi que está bem informado, mas o que eu queria saber era do futebol, como estamos de equipa?
Sô Zé: Eu sei lá, não tenho cabeça para isso. A confusão é tanta, que por vezes acho que nem eles sabem. O melhor é não nos preocuparmos muito com isso. Há lá gente a ganhar ainda alguns tostões para perder noites com estas coisas dos que entram e dos que saem.
Manel: Olhe, a Holanda vai a penaltis.
Sô Zé: Não sei porquê, mas deixei de ter prazer em ver jogos decididos assim. Sinto uma angústia inexplicável. Parece azia.
Manel: Tem graça. Também eu. Terá sido da morcela?
JL