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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A FRIO, SOBRE A VENDA DE BERNARDO SILVA


Já passaram algumas horas, quase um dia completo, e a única coisa que temos sobre o assunto é um comunicado da SLB, SAD., exíguo em palavras, divulgado perto da meia – noite, quando já quase todo o país dormia. Pode não querer dizer nada, mas…

A venda de Bernardo Silva por quinze milhões não é um bom negócio. Como o do André Gomes não o foi, como não foi a venda do Ronaldo pelo Sporting, ainda em tenra idade. Foi talvez, e com alguma generosidade, o negócio possível. 

O que determina se um negócio é benéfico é o cálculo entre valor atual e o valor potencial, no futuro. Aqui entra, obviamente, alguma carga de incerteza. Mas uma coisa é certa, não sei se daqui a dois ou três anos Bernardo Silva vale muito mais do que 15 milhões, contudo, tenho a certeza, salvo alguma lesão grave, que no futuro próximo, o jogador não vai valer menos que os 15 milhões. 

Assim, a nível financeiro, a venda só tem alguma vantagem para o clube à luz de uma eventual asfixia financeira. Só largamos ativos destes, cujo valor vai manter-se por um tempo significativo quando precisamos de liquidez com alguma urgência. É dos livros. 

Se for esse o caso, há uma distância enorme entre o Benfica precisar de dinheiro e não querer ver isso escarrapachado na praça pública e Domingos Soares de Oliveira e o Presidente passarem o tempo a garantirem que não precisamos de vender jogadores, que a situação do clube é invejável, que o passivo não interessa. A primeira chama-se dourar a pilula, a segunda chama-se mentir.

Acreditando que não é isto que se passa e que a venda do Bernardo foi um ato de gestão normal, sem pressão alguma de tesouraria, ficamos sem perceber o que levou o Benfica a desfazer-se de um ativo que não vai desvalorizar-se tão cedo. E não me venham falar da rigidez tática do treinador atual e que o bernardo não tem lugar do Benfica pela forma como a equipa joga. Isso pode justificar um empréstimo, nunca uma venda. 

Recordo que no ano passado, depois de umas declarações de Jorge Jesus, Bernardo Silva escreveu na sua página de Facebook: "Nasceremos mais 9 vezes se for preciso, ninguém nos rouba o sonho de uma vida". Jorge Jesus até tinha alguma razão no que queria dizer, mas, para variar, trocou-se todo e saiu disparate. O jovem jogador devia ter estado calado, não esteve. Azar, o Jorge não é Charlie. Como tenho a sensação que não vai ser Charlie com o promissor Raphael Guzzo, que disse a propósito da compra do alemão Mukhtar: "Porquê apostar em estrangeiros se os portugueses que temos cá também são bons."

No meio disto tudo, temos um Luis Filipe Vieira que fala em meis palavras: “O jogador vai voltar”, “tem para lá umas cláusulas”, finalizando sempre com o clássico: “sabem lá como encontrámos isto”. Contudo, apesar destas condicionantes todas, gostava que explicasse, de forma clara, como vende a maior promessa que alguma vez saiu do Seixal por uns míseros quinze milhões e como ao mesmo tempo vai querer uma equipa baseada na formação, sem se atrapalhar e sem voltar a falar da posição financeiramente invejável do Benfica. É pedir muito?


JL

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