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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


segunda-feira, 16 de junho de 2014

SIM, ODIEMOS O ALEMÃO!


É uma espécie de fatalidade: logo agora que começava a enternecer-me perante o look entre o exótico e o “alien” de Raul Meireles, a forma abnegada e patriótica como Pepe canta o hino entre duas patadas e três cabeçadas num qualquer adversário, os perus internacionais do Patrício ou a imponente bigodaça de Hugo Almeida, acontece isto.

Depois de vários dias de enormes expectativas, entusiasmo e gritaria em barda, histeria luso-brasileira e reportagens de todos os ângulos prováveis e imaginários sobre a roupa interior de Cristiano Ronaldo com o inefável Nuno Luz a arfar até à exaustão, Portugal estreou-se no Mundial, encaixando 4 batatas dos arrogantes e pouco disponíveis teutónicos.

Não é de admirar que a coisa não tenha começado bem, se nos recordarmos que o palácio de Belém e uma audiência com Cavaco Silva foram a última escala da selecção antes da partida para as Américas.
É certo que Cavaco estará também de pé atrás com a selecção, pelo menos desde a sulipampa na Guarda, mas nem por isso será caso para dizer que só se estragou uma casa.
Decididamente, não sejamos injustos para os mais altos e nobres símbolos pátrios.

Por mim, garanto não rejubilar com as derrotas da selecção ainda que me faça alguma confusão que gente que se borrifa para um país que vendeu a electricidade a chineses, a gestão de aeroportos a franceses e a alma ao diabo desde que isso de traduza em meia-dúzia de patacos, se sinta genuinamente indignada se alguém insinua que Pepe é uma besta, Bruno Alves um animal e Meireles uma versão futeboleira do homem de Neandertal.

Hoje será, pois, dia de raiva contra os alemães, esses gajos que para além de nos massacrarem com austeridade, ainda tiveram a desfaçatez de porem a Frau Merkel na tribuna de honra a troçar da acne do Ronaldo, das digníssimas e visigóticas barbas do Meireles ou da cláusula de rescisão do Patrício.

Peço apenas um pouco de comiseração: não me obriguem a odiar a Alemanha, toda a Alemanha.
Afinal, as gajas são giras, a cerveja é fantástica e as salsichas e o haxen, um petisco de se tirar o chapéu.

Se perante o desconsolo, a impotência, alguma raiva e uma pontinha de frustração quiserem mesmo odiar um alemão, então escolham este.
E não se poupem.






RC

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