O Benfica é clube curioso: quando tudo
corre bem e ganhamos o mérito é dos treinadores, dos jogadores, do apoio dos
adeptos, da competência de médicos, massagistas, fisioterapeutas, pessoal da
manutenção e da lavandaria; quando se perde ou algo corre mal, a culpa é de
Vieira.
A saída de Jesus não escapou a
esta toada maniqueísta que atravessa transversalmente uma determinada camada de
benfiquistas.
O Benfica bi-campeão é mérito de
Jesus; a saída de Jesus é culpa de Vieira porque se mete na gestão do futebol,
como se, curiosamente não fosse essa uma das funções de um presidente.
Sobre este processo, duvido que
alguma vez conheçamos toda a verdade mas tenho cada vez menos dúvidas de que
Vieira foi completamente comido.
Sem, obviamente, que isso o
inocente, confiou muito, confiou demais, confiou até ao limite e obviamente
deu-se mal: do outro lado estava gente sem memória nem carácter que não olhou a
meios materiais ou não para atingir os fins.
Que desta história pouco
recomendável, algumas supostas eminências pardas da intelectualidade
benfiquista queiram fazer uma cabala contra Jesus é lá com eles.
As vitórias de Jesus ficam
obviamente na história do Benfica; o futebol espectacular, dinâmico, envolvente com que amiúde nos
brindou ficará também para sempre na nossa memória.
E porque falamos de história e de
memória, não esqueçamos também algumas humilhações que sofremos, algumas derrotas
dificilmente explicáveis, campanhas da Champions pouco condizentes com o
historial e o prestígio do Benfica, apostas falhadas, Emersons e Robertos, teimosias
e caprichos levados de derrota em derrota.
Manipular a história destas 6
épocas de Jesus é tão pouco sério e tão reprovável quanto tirá-lo das
fotografias.
Virou-se, pois, uma página: o
Benfica continuará para além de Jesus por impossível que possa parecer a
alguns.
De resto, quem não aguentar as
saudades tem uma óptima solução; comprar a Gamebox e ir para Alvalade aplaudir a
nóvel atracção do circo do gordo.
RC
Caro Cosme
ResponderEliminarNunca comentei neste blogue, não obstante o visitar. Hoje é a primeira vez e para o felicitar pela forma sucinta e, sobretudo, serena como põe as coisas. Muito bem. A hora é de serenidade e de crença.
Que diabo, muda um técnico mas a grandeza do Benfica é o que importa e essa alicerçou-se com vitórias. O monstro esteve adormecido mas depois de acordar já ninguém o pára, é por isso que de ora em diante só fortuitamente o predomínio de vitórias não será nosso. É isso que os inimigos e adversários bem sabem e temem.
Há pouco mais de 50 anos que sigo o Benfica. Já vi muita coisa e é por isso que, mesmo não havendo certezas absolutas e muito menos no futebol, estou certo que venha quem vier para treinador será um sortudo, isso sim, porque daqui a um ano estará a comemorar mais um campeonato do Benfica.
Mais uma vez, louvo-o por em tempos de bipolaridade benfiquista manter a objectividade,
Abraço benfiquista