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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

AS MODALIDADES E AS ELEIÇÕES


Perguntava-se até hoje na blogosfera: por onde anda o vice João Coutinho? Multiplicavam-se as fontes que confirmavam que o vigente vice-presidente das modalidades não faria parte da lista do actual presidente. Algo que já era espectável. Aliás, muito sintomático foi a reportagem desta semana no jornal do clube sobre as modalidades de pavilhão do clube. Nem uma palavra sobre aquele que apenas formalmente era o responsável por elas. De resto estão lá alguns dos que realmente dirigem: Luís Filipe Vieira, Carlos Lisboa e Ana Oliveira.
No Benfica, os dirigentes vão e vêm, uns cumprem como podem, outros nem por isso. É dever do verdadeiro benfiquista exercer funções no clube quando para isso é solicitado. E quando se tem a honra de servir o SLB deve-se fazê-lo cumprindo os estatutos e o desígnio do clube e abraçando a causa com coragem. A história do Dr. João Coutinho no Benfica é idêntica a outros vices que passaram ou vão passar pelo clube no reinado de LFV. São eleitos, dão cara, mas não mandam nada. As principais orientações estratégicas não passam por eles. São uma espécie de testas de ferro ou mordomos oficiais.
LFV sempre convidou para as suas listas figuras que poderiam trazer no futuro alguns benefícios para o Benfica ou para ele (ou para os dois). Por exemplo, a Direção que agora cessa funções é de um equilibro exemplar no que diz respeito à representação de elementos com ligações aos partidos do arco do governo: Luis Nazaré (PS), Domingos Lima e Rui Gomes da Silva (PSD), Sílvio Cervan (CDS). 
O convite ao Dr. João Coutinho veio nessa linha. No caso foi devido a uma forte espectativa de retorno financeiro, já que à época, através da sua empresa, afigurava-se como um importante patrocinador do clube, nomeadamente das modalidades. Neste campo as espectativas foram totalmente goradas, porque a situação alterou-se significativamente, não sendo portanto crível que continuasse em funções.
Como foi referido atrás a estratégia para esta área foi sendo definida em grande medida em outros gabinetes do estádio que não o ocupado pelo Vice-presidente em causa. Neste prisma até podemos dizer que a sua actuação não foi totalmente negativa, aparecia, ficava bem nas fotos das vitórias, mas não atrapalhava. É certo que nunca colocou em causa a unidade, nem prejudicou o clube, no entanto, isso parece-me muito pouco para um vice-presidente eleito pelos sócios e nesta Direcção não foi caso virgem.
Formalmente foi o responsável pelos resultados, mas a realidade era bem diferente. Na maior parte das vezes o gestor nomeado pelo presidente é que despachava directamente com os responsáveis das secções.  Sem a vantagem financeira, perdeu obviamente o seu espaço.
Neste panorama pode-se perguntar o que poderia ter feito mais. Por exemplo, se as modalidades de pavilhão, e mais tarde o atletismo, estavam protegidas pelos burocratas do staff presidencial, as “pequenas” modalidades, menos mediáticas, tiveram de fazer o seu percurso de forma quase totalmente desamparada e entregues si mesmas. E neste campo exigia-se mais proatividade ao vice-presidente.  
No râguebi, apesar de ser uma SAD, nunca nos podemos esquecer que o Benfica como accionista de referência tem muitas responsabilidades. Num desporto com alguma visibilidade são degradantes os resultados da equipa principal, como são vergonhosas as condições de treino e o silêncio sobre o abortado (será?) projeto de Oeiras.
Depois temos o Ténis de Mesa (a vegetar na 2º divisão), o Bilhar, as Artes Marciais, a competição da Natação e a Ginástica, modalidades que estão há anos secundarizadas no panorama desportivo nacional, com uma evolução lenta ou nula, sem projecto definido e com fogachos muito pontuais. Um lado B da nossa actividade que muitos ignoram.
Acrescento ainda que este foi o mandato que fechou o Judo e o Tiro com Arco, duas modalidades olímpicas, cujos processos deveriam envergonhar os responsáveis do clube. A bem da nossa imagem ainda bem que não foram mediaticamente esclarecidos. E temos a aposta em atletas isolados desenquadrados de qualquer secção: Judo, Triatlo e Canoagem. Tudo isto passou e passa ao lado do Vice-presidente.  
Depois há aspectos da actividade que era útil sermos esclarecidos. Quanto custa ao clube a manutenção do golfe? E com que benefícios? Qual é a despesa anual em instalações alugadas para a formação das várias modalidades? Não se poupava mais construindo ginásios na Luz?
As modalidades são um dos maiores trunfos eleitorais de Luís Filipe Vieira, nomeadamente porque na última época os resultados foram relevantes, mesmo em cima da meta, mas relevantes. Há muito que não havia tantas conquistas, mas esteve longe de ser o ano mais vitorioso de sempre como foi erradamente propagandeado. Contudo, ficámos com a sensação que a correlação Investimentos/resultados não foi tão positiva assim. Não sendo necessário fazer mais, é imprescindível fazer melhor.  Para isso pede-se ao próximo responsável, seja ele qual for, que o primeiro objecto que utilize que seja uma vassoura.
JL

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