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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

JESUS LANÇA PETARDO



O lançamento de petardos é das coisas mais inócuas que existem no futebol, até no que diz respeito ao apoio à equipa. Mas há quem ache uma piada imensa ao infantil e inesperado barulho do seu rebentamento e há quem lhe dê demasiada importância quando se trata da cobrança de multa. O financiamento de cargos assim o obriga. A conjugação de ambos os fatores aproxima o jogo de futebol da festa da paróquia. 

O Benfica foi vilmente prejudicado na final de Turim. Como já o tinha sido em outros jogos, com destaque para o jogo com a Juventus, das meias-finais, na mesma cidade. De Jorge Jesus ouvimos sempre uma reação tímida, um esgar acanhado, um olhar acabrunhado. O homem, que em outros clubes, gritava nas conferências de imprensa e referia jogos de computador, deu lugar ao diplomático participante em encontros da UEFA. 

Já ultrapassou amplamente o delírio, por isso tenho dificuldade em classificar, a campanha que está ser feita em favor dos nossos vizinhos do Lumiar. Mais do que ao colo, a equipa do Bruno de Carvalho vai às cavalitas de um exército de funcionários da imprensa escrita e falada. Já nem falo das loas aos selecionáveis, nem ao facto de jorrar ouro em Alcochete, nem das pretensas exibições galácticas a cada vitória lagarta, que em boa verdade, em jogos oficiais, foram só quatro. 

Basta apenas falar deste jogo da Alemanha. O penálti não existe, ponto. Todavia, o jogador salta com os braços à frente, em posição de segurar a bola. Não houve um único comentador que tenha dito que não era penalti à primeira, e caso tivesse mesmo sido, como viveria o árbitro com um corte com as mãos na pequena área. É um erro, grave, mas um erro. Depois falam de um golo de fora-de-jogo. Desafio alguém a dizer se o jogador está adiantado mais que um pintelho. 

Por tudo isto, achei de um disparate imenso as declarações de Jorge Jesus. A certo ponto não percebi se falava o treinador do Benfica ou o adepto do Sporting. Em Turim, depois de nos tirarem uma taça (mais uma) era certamente o treinador do Benfica. Diplomático, europeizado, com fair play. Ontem, atirou-se à arbitragem, falou de política e prejuízo, e deitou lenha para fogueira da festa lagarta. Estas declarações vão trazer tantos benefícios para o Benfica como os petardos lançados da bancada. Jorge Jesus até pode ser um grande treinador, mas calado é um poeta. 

JL

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