O lançamento de petardos é das
coisas mais inócuas que existem no futebol, até no que diz respeito ao apoio à
equipa. Mas há quem ache uma piada imensa ao infantil e inesperado barulho do
seu rebentamento e há quem lhe dê demasiada importância quando se trata da cobrança
de multa. O financiamento de cargos assim o obriga. A conjugação de ambos os
fatores aproxima o jogo de futebol da festa da paróquia.
O Benfica foi vilmente prejudicado
na final de Turim. Como já o tinha sido em outros jogos, com destaque para o
jogo com a Juventus, das meias-finais, na mesma cidade. De Jorge Jesus ouvimos sempre
uma reação tímida, um esgar acanhado, um olhar acabrunhado. O homem, que em
outros clubes, gritava nas conferências de imprensa e referia jogos de
computador, deu lugar ao diplomático participante em encontros da UEFA.
Já ultrapassou amplamente o delírio,
por isso tenho dificuldade em classificar, a campanha que está ser feita em
favor dos nossos vizinhos do Lumiar. Mais do que ao colo, a equipa do Bruno de Carvalho
vai às cavalitas de um exército de funcionários da imprensa escrita e falada. Já
nem falo das loas aos selecionáveis, nem ao facto de jorrar ouro em Alcochete,
nem das pretensas exibições galácticas a cada vitória lagarta, que em boa
verdade, em jogos oficiais, foram só quatro.
Basta apenas falar deste jogo da Alemanha.
O penálti não existe, ponto. Todavia, o jogador salta com os braços à frente, em
posição de segurar a bola. Não houve um único comentador que tenha dito que não
era penalti à primeira, e caso tivesse mesmo sido, como viveria o árbitro com
um corte com as mãos na pequena área. É um erro, grave, mas um erro. Depois falam
de um golo de fora-de-jogo. Desafio alguém a dizer se o jogador está adiantado
mais que um pintelho.
Por tudo isto, achei de um disparate
imenso as declarações de Jorge Jesus. A certo ponto não percebi se falava o
treinador do Benfica ou o adepto do Sporting. Em Turim, depois de nos tirarem uma
taça (mais uma) era certamente o treinador do Benfica. Diplomático, europeizado,
com fair play. Ontem, atirou-se à arbitragem, falou de política e prejuízo, e
deitou lenha para fogueira da festa lagarta. Estas declarações vão trazer
tantos benefícios para o Benfica como os petardos lançados da bancada. Jorge Jesus
até pode ser um grande treinador, mas calado é um poeta.
JL
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