UMA ESPÉCIE DE SÍNDROMA DE ESTOCOLMO

Admito existir um acordo encoberto. Uma consonância de interesses que poderá, mais tarde, trazer alguns benefícios ao clube. Admito, mas não tenho conhecimento. Do que eu tenho conhecimento é que as publicações da Cofina, nomeadamente o Correio da Manhã e o Record, não são nada meigas para o Benfica. Há jogadores vendidos várias vezes, conflitos internos inesperados e revelados, destaques de gente que não interessa, apoio incondicional aos nossos adversários.  

A isto o Benfica responde com a possibilidade do Record fazer uma mega entrevista a um dos nossos mais destacados funcionários, precisamente ao treinador da equipa principal. Obviamente que numa publicação asfixiada com a queda a pique nas vendas caiu do céu esta possibilidade. Mais uma vez fazemos o papel de Madre Teresa. 

Para a semana, o jornal do Magalhães, vai de certeza agradecer com uma (ou várias) capa e título sonoro sobre algum jogador da Selecção do Mendes, filho da famosa academia situada nos bovinos prados de Alcochete ou com uma declaração intelectualmente poderosa e moralmente inatacável do Bucha de Carvalho. 

Em paralelo, temos o nosso jornal. Que vai sobrevivendo a uma distribuição terceiro-mundista. Escondido nas bancas, entre os jornais locais e o jornal 1X2, como se fosse uma ilegalidade. Tentem procurá-lo no centro de Lisboa, nas avenidas novas, nas principais bombas de gasolina. É uma espécie de rally paper das tabacarias e afins. 

O nosso jornal não tem prioridade nas entrevistas, nas notícias, nas novidades. E quando chega um novo jogador, a exclusividade é somente a transposição para o papel da breve entrevista na BTV. Uma coisa insonsa e cheia de trivialidades. O que pode dizer de interessante um jogador acabado de chegar?    

Interessante, seria esta entrevista ao treinador ter sido no nosso jornal e não numa publicação que passa a vida a lesar os nossos interesses. Sobre o nosso jornal e a sua qualidade escreverei mais tarde. O tema merece um post isolado. Todavia, pensem numa serie de entrevistas de fundo, de várias paginas, ao Jorge Jesus, ao Presidente, ao Rui Costa, ao vice das modalidades, ao Domingos Oliveira, entre outros. Com questões pertinentes e enviadas pelos associados. 

Não deixem morrer o jornal e não façam transfusões de sangue para aqueles que só nos querem mal. 

JL