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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


sábado, 18 de abril de 2015

HAVERÁ ALGUMA DIGNIDADE?


O anonimato na internet, em blogues por exemplo, é até aceitável, mesmo existindo uma relação desequilibrada entre a desresponsabilização e a liberdade. Um jornal, especialmente nestes tempos em que o valor do papel escrito está em declínio acentuado, tem de ter outras responsabilidades. Tratando-se do semanário Expresso, uma instituição com três décadas, essa garantia é ainda maior. Conspurcar as suas páginas com cretinismos é o mesmo que grafitar o Mosteiro dos Jerónimos.

A notícia anónima que hoje o Expresso publica e dá grande destaque, fazendo uma chamada na sua primeira página - na primeira página, realço - é do mais profundo chiqueiro tipográfico dos últimos anos. Em primeiro lugar, não vem assinada. Nem com simples iniciais. Não se trata de uma chamada de pé de página, nem uma entrada humorística da coluna “gente”. Houve investigação? Houve fontes? Houve confirmação oficial do clube? Quem é o responsável? Provavelmente deve ser da mesma autoria das notícias que quinzenalmente surgem neste semanário sobre as dificuldades financeiras do Benfica.

Acresce que a notícia é de uma imbecilidade atroz. Fala de um hino de campeão 14/15 e fala de uma nova versão do hino escrito por Paulino Gomes Júnior. Só quem não conhece a letra. De resto, refere que algumas pessoas foram convidadas para trabalhar num tema musical alusivo ao clube. Algo que por acaso acontece todos os anos, seja o Benfica campeão ou não.

Mas mesmo que fosse verdade, mesmo que o Benfica tentasse antecipar a produção do tema da próxima época para que, caso o campeonato nos sorrisse, o aproveitar, que importância tem este facto para vir com tanto destaque no mais importante jornal generalista do país? A título de exemplo, o destaque é igual às próximas presidenciais, às movimentações jiadistas em Portugal e às novas sobre o caso José Sócrates.

Como provavelmente podia não chegar, a “coisa” é rematada com uma página inteira sobre a questão da utilização ou não dos emprestados frente ao seu clube de origem. Algo que vem acontecendo desde o início da época e como já foi explicado no post anterior é uma falsa questão. No entanto, este é o momento. Uma página, inteira, realço.

Estas publicações cirúrgicas não são inocentes, nem ocasionais. Esta é a semana decisiva. Se viesse do lado do Record ou do Jogo ainda se compreendia, ou pelo menos não surpreendia. Que a maltinha que tem o privilégio de escrever no Expresso sobre desporto é cega pelo azul também já se sabia. Contudo, este descarado ataque, esta pressão desmesurada sobre uma equipa que apesar de ter feito um menor investimento está liderar o campeonato é totalmente incompreensível. Mais, é vergonhosa e indigna.

Estes tipos, quando nalgum evento social referem a sua profissão, devem dizê-lo com um sorriso nos lábios - “Sou jornalista”. Mas o sorriso deve se desvanecer rapidamente, porque lá no fundo, sabem que entre eles e as mulheres que passam frio, encostadas ao muro do Técnico é apenas uma questão de temperatura ambiente.

JL

1 comentário:

  1. Expresso, uma instituição com 4 (quatro) décadas, nasceu e foi publicado em 1973 e eu umas 'ajudas' no abanar da Ditadura.

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