O Sport Lisboa e Benfica fechou
um contrato com a NOS pelos direitos dos seus jogos em casa e pela distribuição
do seu canal de televisão. Este contrato só devia dizer respeito, em primeira
ordem, ao Benfica e à referida empresa, ou seja, aos associados do primeiro e
aos acionistas da segunda. Obviamente que, devido aos valores e às instituições
envolvidas, é normal que o negócio seja noticiado, comentado e avaliado nos órgãos
de comunicação, nomeadamente os de teor desportivo e económico.
O que não é normal é o clima que
se instalou de, conforme o lado da barricada, de pânico ou excitação. Desde o
desmesurado regozijo das nossas hostes, às ridículas análises dos aziados do costume,
tudo foi desproporcional. A título de exemplo, o palhaço pobre que escreve no
semanário angolano Sol, José Lima, conseguiu torturar de tal forma os números que
apresentou que eles acabaram por ceder mas completamente ao contrário do que
próprio pretendia. Vale a pena ler para rir.
O que não é exemplar e de difícil
aceitação é o profundo silêncio de toda gente, salvo raríssimas exceções, sobre
mais um perdão de divida ao Sporting por parte do BCP e do Novo Banco. Se a
ação do primeiro diz respeito essencialmente aos seus acionistas e aos seus empregados,
estes últimos alvo de uma constante politica de downsizing pressionados para aceitar propostas pornográficas de rescisões
de contratos por mutuo acordo, a do segundo tem contornos inexplicáveis, pela
mediatização da intervenção estatal que o Banco sofreu.
Este desnivelamento de tratamento
mediático entre um legítimo contrato entre entidades privadas e um forte chuto numa
divida de 55 milhões, atirando-a para as calendas gregas, por parte de uma
entidade sustentada pelos contribuintes, traduz a podridão que reina no quarto
poder em Portugal. Importante pelos vistos, são os seguranças dos inocentes Jesus
e Trinca-Bolotas, ameaçados de crucificação, no quente Natal de 2015.
JL
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