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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


domingo, 20 de dezembro de 2015

QUARTO PODRE PODER


O Sport Lisboa e Benfica fechou um contrato com a NOS pelos direitos dos seus jogos em casa e pela distribuição do seu canal de televisão. Este contrato só devia dizer respeito, em primeira ordem, ao Benfica e à referida empresa, ou seja, aos associados do primeiro e aos acionistas da segunda. Obviamente que, devido aos valores e às instituições envolvidas, é normal que o negócio seja noticiado, comentado e avaliado nos órgãos de comunicação, nomeadamente os de teor desportivo e económico.

O que não é normal é o clima que se instalou de, conforme o lado da barricada, de pânico ou excitação. Desde o desmesurado regozijo das nossas hostes, às ridículas análises dos aziados do costume, tudo foi desproporcional. A título de exemplo, o palhaço pobre que escreve no semanário angolano Sol, José Lima, conseguiu torturar de tal forma os números que apresentou que eles acabaram por ceder mas completamente ao contrário do que próprio pretendia. Vale a pena ler para rir.   

O que não é exemplar e de difícil aceitação é o profundo silêncio de toda gente, salvo raríssimas exceções, sobre mais um perdão de divida ao Sporting por parte do BCP e do Novo Banco. Se a ação do primeiro diz respeito essencialmente aos seus acionistas e aos seus empregados, estes últimos alvo de uma constante politica de downsizing pressionados para aceitar propostas pornográficas de rescisões de contratos por mutuo acordo, a do segundo tem contornos inexplicáveis, pela mediatização da intervenção estatal que o Banco sofreu.

Este desnivelamento de tratamento mediático entre um legítimo contrato entre entidades privadas e um forte chuto numa divida de 55 milhões, atirando-a para as calendas gregas, por parte de uma entidade sustentada pelos contribuintes, traduz a podridão que reina no quarto poder em Portugal. Importante pelos vistos, são os seguranças dos inocentes Jesus e Trinca-Bolotas, ameaçados de crucificação, no quente Natal de 2015.   

JL  

 

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