Os jornais mentem e especulam. Todos
concordamos, a vida está difícil e o centro de emprego é ali à esquina. A ética
não liga com sobrevivência. O Presidente esclareceu o que lhe foi perguntado, entre
a modéstia disfarçada e a humildade forçada e até fez mea-culpa em alguns casos.
Tudo tem a sua explicação, tudo tem a sua lógica. Concordemos ou não, e há muito
para discordar, é gestão e a gestão não é uma ciência exacta. O que não se compreende
é o timing da entrevista. As
explicações vêm tarde e a más horas. Como fruta que se apanha já do chão.
São vários os exemplos. A notícia
do Expresso foi no sábado. Há seis dias exactamente. Qualquer empresa da dimensão
do Benfica não fica tanto tempo para reagir. Há quantos dias o Benfica fez o
negócio do Djavan com o Braga? E quando saíram os três jovens prodígios em
comboio para o Valencia, Mónaco e Corunha? E quantos dias distaram entre a
vergonhosa participação na Emirates Cup e a gloriosa jornada de Aveiro? Foram
dias e dias em que uma ou várias eventuais mentiras se tornaram certezas.
É neste campo que a estrutura do Benfica
continua a falhar redondamente. Não consegue dominar os acontecimentos, não percebe
como se criam ambientes favoráveis. No futebol o silêncio é de lata. Uma empresa
como o Benfica tem responsabilidades. E ao contrário do que diz o presidente,
tem estar sempre no terreno a esclarecer. E tem canais para isso. Os adeptos
merecem, o clube precisa.
Este aspecto é mesmo importante? E
se o Benfica ganhar em campo? O Benfica foi campeão e estiveram 25 mil no
Eusébio Cup. O Benfica vive de receitas, as receitas vivem da adesão e a adesão
é alimentada pelas espectativas.
Todavia, estou em crer que o grande
objectivo desta entrevista nem sequer era esclarecer a massa associativa sobre
as trocas e baldrocas no plantel. Calhou. Como explicou Vieira: “pela obra que
fiz, têm de confiar”. Ou seja, se fosse por isso, nem sequer se tinha incomodado.
O sumo da intervenção esteve
concentrado no momento em que Luís Filipe Vieira, numa falsa espontaneidade,
olhou para câmara na esperança de chegar a determinado Conselho de Administração.
Vimos que os objectivos da ida ao estúdio estavam cumpridos quando, no final da
primeira parte, empurrou a papelada que tinha em cima da mesa para o seu lado esquerdo.
Como o taberneiro quando tira o avental e vem para o lado de cá do balcão. Há
imagens que valem mil palavras. A partir dali foi cumprir calendário.
No fundo, isto não foi uma
entrevista. Foi um recado. Como muito bem salientou.
Isto faz Luís Filipe Vieira ter
menos razão sobre a relação Benfica BES. Não. Mas o Benfica está ser tratado
desta forma, muito por culpa própria. Como no futebol, também aqui o silêncio é
de lata.
Que tudo nos corra bem.
JL
O timing da entrevista
ResponderEliminarfoi o mais positva decisão.
Obviamente, não quiz alterar o protagonismo que a supertaça merecia da equipa.
Aliás as questões levantadas pela contra-informação dirigida ao clube toda ela foi direccionada para criar instabilidade na equipa, tendo em vista não ganhar o trofeu. Foi demasiado visivel.