Consequência dos anos que vão passando e da paciência que vai escasseando, dou por mim a recordar com nostalgia tempos em que as coisas eram diferentes.
Não falo da regularidade com o que o Benfica ganhava: evitemos um assunto que nos levaria a uma espécie de depressão colectiva de efeitos colaterais inimagináveis.
Recordo com saudade, algum carinho e laivos de romantismo, admito-o, a figura do Director do Departamento de Futebol.
Figura grada dos benfiquistas, homem com prestígio e serviços prestados ao clube, a nomeação para esse cargo era muitas vezes, uma espécie de prémio de carreira.
Eram tempos diferentes, obviamente, sem a pressão do profissionalismo exacerbado e sem o advento das SAD’s. Para o bem e para o mal.
O Director do Departamento de Futebol tinha, pois, o cargo mais apetecido na estrutura do clube: figura tutelar para os jogadores, próximo do presidente, era ele o homem da acção no terreno quando se tratava de negociações e contratações, de declarações á imprensa, de novidades sobre o futebol.
Confesso que mesmo entendendo que os tempos mudaram e que o futebol entrou numa era de profissionalismo desenfreado levado às últimas consequências com tudo o que isso acarreta em termos de “superestrutura circundante” (leia-se bocas para alimentar…), olho para o meu clube e vejo uma multidão de assessores, directores de comunicação, secretários-técnicos, culminando na originalidade de termos 2 directores desportivos, sem que nessa gigantesca teia se perceba muito bem “quem faz o quê”, sobretudo quando assessores jurídicos decidem botar discurso sobre… negociações e hipotéticas contratações de jogadores.
Tenho por isso, uma nostalgia assumida, dos tempos em que se percebia claramente quem decidia as contratações e as dispensas, quem, se fosse caso disso, controlava os desvarios do treinador, quem, enfim, assumia e punha em prática uma política desportiva.
RC
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