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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


sábado, 26 de maio de 2012

O DISCURSO E O MÉTODO


Ao contrário do que aconteceu com muitos e bons benfiquistas, o discurso de LFV não despertou em mim qualquer centelha de entusiasmo.
Considero mesmo que poderá ser um erro estratégico determinante.
Desajustado, antes de mais. No tempo e no espaço. O que estava em causa pela negativa, era a forma miserável como (uma vez mais!) o Benfica foi tratado naquele antro de cobardia, vigarice e corrupção.
Era isso que urgia desmascarar e denunciar: até para que nunca mais pudesse acontecer.
Pela positiva, seria obviamente de enaltecer a postura e a atitude de uma equipa do Benfica que mesmo não fazendo um jogo brilhante, arregaçou as mangas, foi à luta, fez-se à vida e de lá voltou campeã, fazendo deste jogo um exemplo para todas as modalidades do Benfica, que não poucas vezes parecem derrotadas logo que passam Aveiras de Cima.
Ao invés, LFV perdeu-se num desenfreado ataque pessoal a Pinto da Costa do qual, temo, o Benfica terá muito pouco a ganhar.
Sinceramente, não recordo uma guerra deste tipo da qual o Benfica tenha saído vencedor. É o velho principio da inutilidade em discutir com um idiota: para além da perda de tempo, ele leva anos de vantagem.
Acontece que aqui, não estamos a falar de um qualquer idiota. Falamos, sim, de bas-fond no sentido mais literal do termo. De alguém que tem décadas de experiencia a corromper, a chantagear, a urdir estratégias para ganhar a qualquer custo,não olhando a meios e atropelando a ética, a justiça e a verdade desportiva.
Para além disso, estamos a falar de alguém que criou uma tentacular máquina de propaganda e contra-informação. Basta ver, aliás, como menos de 24 horas após o jogo, todas as televisões sem excepção já tinham invertido e distorcido completamente o que sucedeu naquela espécie de arena.
Pelo momento pré-eleitoral que se começa a adivinhar, percebo que LFV tenha tentado com este discurso, uma espécie de toque a reunir e para nisso nada como um bom ataque a Pinto da Costa: música para os ouvidos de qualquer benfiquista.
Temo, porém, que da turbulência que já se gerou, nada de bom saia para o Benfica.
Perdeu LFV uma grande oportunidade: a de, usando como exemplo este jogo e a equipa de basquetebol, mostrar à nação benfiquista como é afinal, fácil derrotar a Besta, ainda que no seu antro.
Basta acreditar, ousar, lutar e ser Benfica.
Obviamente que o sistema tem de ser desmascarado, combatido, de armas na mão se necessário for. Diariamente, porém. Em campo, tal como fez a equipa de basquete ( e não há melhor forma de o fazer...), mas também em termos institucionais, com estratégias concretas e coerentes.
O Benfica não pode permanecer mudo e quedo uma época inteira, para vir esbaforido tentar pôr trancas à porta quando a casa já foi roubada.
Questão, pois, de método, mais do que de discurso.
RC

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