N

Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


segunda-feira, 11 de maio de 2015

A ARTE DA GUERRA


Triunfam aqueles que sabem quando lutar e quando esperar
Sun Tzu


Caso se concretize, a importância de vencer este campeonato terá uma dimensão maior que a sua conquista isolada proporcionaria. Ser bicampeão não é um verbo-de-encher. Pode ser a concretização do regresso à glória, que faz parte do ADN do Benfica. É importante escrever isto quando ainda não temos as mãos na taça. Segunda-feira, já podemos estar bêbedos de felicidade.  

Diz-nos a história que o Benfica só conseguiu ser grande na Europa depois de resolver os seus assuntos caseiros. Foi assim nos anos 60. Depois de arrumar o Sporting, clube cheio de dirigentes ligados às elites do regime, o Benfica sai da década de cinquenta preparado para enfrentar a Europa. Naturalmente que foi assim que o Porto conseguiu, desde anos oitenta, os seus sucessos fora de portas. Qualquer presença numa final, sem a suficiente estabilidade caseira é somente resultado de pontuais conjunturas favoráveis.

Por essa razão este campeonato era fundamental. Contudo, não foi uma linha reta. Júlio César e Jonas chegaram mesmo em cima do tiro da partida. E que importantes foram. Colecionou-se uma serie de erros de casting, desde Benito até Tiago ou bebé.  A equipa estava longe do equilíbrio e das opções da anterior. Até ao nível das lesões o panorama não foi um mar de rosas.

Acresce que o Benfica não jogou sozinho. O FCP reforçou-se como nunca, apresentando um plantel com vários elementos daquelas que sozinhos podem ganhar jogos. E apesar da asneirada que foi a contratação de um labrego para conduzir um carro de alta cilindrada, o FCP acaba o campeonato praticamente ombro a ombro com o Benfica. Se ganhar os próximos dois jogos faz 84 pontos.

Seria isto tudo possível com a passagem do Benfica aos oitavos de final da Liga dos Campeões? Teria a equipa sido capaz de se focalizar no jogo a jogo, de conseguir a concentração necessária para ter a dose elevada de pragmatismo que utilizou em vários momentos?   

Assim, devo dizer que tenho sérias dúvidas sobre o eventual acaso nos resultados da nossa participação na fase de grupos de Liga dos Campeões. Jesus sabe muito de futebol e certamente olhando para a nossa equipa, imaginou-a a jogar contra um Bayern, Barcelona ou Real Madrid e arrepiou-se. Talvez até tenha tentado a confortável Liga Europa. Mas o maior sentimento que sentiu foi de alívio após ser arredado do lago dos tubarões. Mais uns jogos na Europa e a história deste campeonato seria outra.
 

JL

3 comentários:

  1. tudo verdade. mas tambem é verdade que perdemos na champions porque os outros foram melhores. nao foi por desprezar a competicao, como alguns iluminados dizem por aí. em leverkusen so jogaram 2 suplentes, o resto foram 9 titulares e acusaram o jesus de usar uma segunda equipa... o benfica com o grupinho do porto passava. aquilo era um grupo de liga europa!

    e o porto com o nosso grupo? se calhar ate passava. mas nao e certo que assim fosse...

    ResponderEliminar
  2. Caro Cosme,

    Perfeitamente de acordo.

    No primeiro terço desta época, um portista colega de trabalho falou-me com alguma troça das exibições do Benfica na Liga dos Campeões. Na altura disse-lhe: "Há que focar no campeonato. Primeiro arruma-se a casa e depois, logo se viaja com conforto."

    Arrumar a casa passa pelo Bi, que é mais importante hoje que uma final europeia.

    Abraço,
    Isaías

    ResponderEliminar
  3. Primeiro, vamos fechar a história deste campeonato...

    ResponderEliminar