N

Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


segunda-feira, 19 de maio de 2014

ABSOLUTAMENTE INÉDITO



O Benfica é o primeiro clube a ganhar três títulos nacionais numa só época. Só não juntou um título europeu por razões já muito dissecadas. Ainda assim, apesar das tais razões, esse feito esteve por uma unha negra. Foi a primeira vez que um clube terminou esta prova europeia sem derrotas. Curiosamente não trouxe a taça. 

De referir ainda que foi a nossa melhor época dos últimos 50 anos. Ganhámos tudo num mês, como tínhamos perdido tudo em maio do ano passado. A glória, por vezes, está à distância de um remate. Não quero com isto dizer que no futebol é tudo obra do acaso, pelo contrário. Para sermos vencedores a concentração e a focalização nos objetivos tem de ser permanente. Com esta atitude, no ano passado, tínhamos ganho muita coisa. 

Não estarei longe da verdade se disser que nunca uma equipa portuguesa fez tantos jogos oficiais numa só época. As lesões não nos largaram, em consequência desse facto ( e não só), nunca um campeão utilizou tantos jogadores. Mesmo assim, soubemos inteligentemente gerir as fraquezas e aproveitar as oportunidades. O triplete deve-se mais à estratégia que ao talento.  

No entanto, nada disto era possível, sem um plantel de qualidade. O Benfica apenas foi derrotado em alguns jogos. Poucos. Chega uma mão para contar. Em Paris bem, na Madeira mal, na Grécia de forma muito injusta, no dragão com equipas de recurso. Um quase imaculado percurso que não foi um passeio. Com as pedras que encontrámos fomos construindo um castelo. 

JL

domingo, 18 de maio de 2014

O QUE ARDE, CURA


Nisto de finais perdidas (e já conto cinco) não há melhores nem piores: cada uma tem o seu luto e de cada uma trazemos mágoas distintas.

De todas elas, recordo um sentimento comum: quando o jogo termina e nos apercebemos da realidade de mais uma derrota, o Benfica todo, na sua imensidão parece cair-nos em cima.
Algo entre a dor, a impotência, a raiva, a revolta, o desespero: que explique quem souber ou puder.

Não foi diferente em Turim, embora talvez com menos dramatismo do que em Amesterdão: a partir dos 60 minutos senti que dificilmente ganharíamos e chegada a lotaria dos penalties, percebi que a derrota era quase inevitável.
Não por acaso, aliás, o apito final foi celebrado pelos sevilhanos, enquanto o nosso topo ficou em silêncio.

Do que se sente após o jogo, nada fica, porém.
É a mágoa do momento, efémera e insignificante.

O que verdadeiramente ficará de mais uma final europeia é a extraordinária demonstração de grandeza de um clube oriundo de um país pequeno, pobre e periférico.
Invadimos Turim como havíamos invadido Amesterdão.

Em cada esquina um amigo, quase se poderia dizer sobre o que encontramos em Turim: as palavras de incentivo e amizade dos adeptos do Torino que a nós se juntaram na grande festa na Piazza Castello antes da ida para o estádio, provaram-no.

Assim como recordarei para sempre a conversa com um septuagenário adepto da Juventus, companheiro de viagem no autocarro que nos levou ao estádio: falou-me da sua presença em Heysel Park naquela noite trágica da final contra o Liverpool e como desde aí nunca mais pôs os pés num estádio de futebol; recordamos Eusébio e o grande Benfica dos anos 60, desejou-me sorte e ao ver aquele ambiente de festa e alegria, só disse ao despedir-se: “continuem assim!”
Tal como não esquecerei nunca aquele adepto vestido com as nossas cores que se dirigiu a mim na estação de Milão, lamentando a injustiça da derrota.
Estranhei o sotaque do seu inglês arranhado e perguntei-lhe a nacionalidade: argelino, respondeu. 
E lá seguiu, triste mas orgulhoso da sua equipa. Nossa.

É tudo isto, o Benfica: mais do que vitórias, mais muitíssimo mais do que derrotas e finais perdidas.

No futebol, não há vitórias morais e preferia, obviamente estar aqui a falar sobre a vitória em Turim.

Cada final perdida é, porém, uma enorme aprendizagem de Benfiquismo no mais improvável dos momentos: o da derrota definitiva.

Dói, arde.
Mas cura.

A prová-lo, amanhã, milhares de Benfiquistas e famílias farão do Jamor uma enorme festa e uma grandiosa comemoração de Benfiquismo.

Tudo isto apenas quatro dias depois de mais uma final europeia perdida.
É esta a força, a lenda e a magia do Benfica.


RC







sexta-feira, 16 de maio de 2014

VEM COMIGO VER A MALDIÇÃO



A malta aqui da Travessa já tem uma mão cheia de finais europeias no currículo. Lisboa, Alemanha, Áustria, Holanda, Turim. Só? Não estávamos cá nos anos 60, mas ainda vamos ver mais. Mais e mais finais. Mais e mais Benfica.  

Desde 62 que acontece de tudo. A cores e a preto e branco. Frango do guarda-redes, falhanço do Eusébio ao último minuto, meias com goma, apito inusitado da bancada, perna partida do melhor jogador na véspera da final, penaltis em barda por assinalar, penaltis infantilmente falhados, golos depois da hora.  Enfim. São oito seguidas. Um recorde. Não existe uma explicação realista para isto. 

Desta vez foi em Turim. Por mais que saibamos que o Bella Guttman não disse nada daquilo, que apenas falou na impossibilidade do Benfica voltar a ser bicampeão europeu, estou crente que existe de facto uma maldição. O Benfica está amaldiçoado. 

Todavia, a vida está difícil para a maldição. E ontem, o trabalho que deu impedir-nos de ganhar o caneco? Foi preciso colocar três jogadores nucleares fora-de-jogo, mais um árbitro descaradamente ladrão, mais um guarda-redes leiteiro, mais uma noite de infelicidade dos nossos avançados e mesma assim para se cumprir teve de esperar pelos penaltis. 

Para o ano (ou no outro a seguir) voltaremos a estar presentes. Estou para ver como se vai safar. A maldição não vai ter a vida fácil. Aliás, não tem futuro. E sabem porquê? Vai chocar de frente com a nossa grandeza.Coitada.  

JL

sábado, 10 de maio de 2014

DERROTA À ANTIGA NUM TEMPO NOVO?



A distância entre este Benfica e este FCP é tão grande, que mesmo contra uma equipa cheia de B´s, alguns deles a necessitarem de ser ainda muito limados, foi necessário um penalti à Calheiros para os da casa vencerem. A derrota foi à antiga, vamos ver se os tempos são novos. 

Assim se ganham campeonatos, porque quando adiamos decisões, sendo o último jogo no Dragão ou no Olival corremos riscos sérios de decepção.  

JL

sexta-feira, 9 de maio de 2014

A FINALITE, ESSA DOENÇA SÚBITA


Espectadores nos jogos disputados no Estádio da Luz durante a 1ª volta, até ao jogo com o Porto:

Benfica – Gil Vicente : 37.381
Benfica – Paços Ferreira: 34.575
Benfica – Belenenses: 31.635
Benfica – Nacional: 35.519
Benfica – Braga : 35.764
Benfica – Arouca: 28.848


Não deixa de ser um exercício curioso recordar estes números, num momento em que aparecem fervorosos benfiquistas de todos os lados, jurando amor eterno, assegurando não terem faltado a um único jogo e clamando, indignados e enrouquecidos pela espera, pelo desespero e pela paixão, por bilhetes para tudo quanto é final.



RC

terça-feira, 6 de maio de 2014

E DE REPENTE…O AMADORISMO



Os nossos rivais, como tanto gosta de apelidar o mister, andam emudecidos com tanto profissionalismo da nossa equipa de futebol. Os sucessos sucedem-se numa sucessão imparável. Parece um relógio. O ambiente é de família, a atuação em campo é de digníssimos profissionais. 

O Presidente anda contido. Fala apenas em “trabalho” e sorri.  O treinador, anteriormente o rei da bazófia, acumula simpatias, algumas bastante improváveis. O sol brilha e as finais sucedem-se. 

O Benfica iniciou hoje a venda dos bilhetes para final de Turim. Venda complexa, pela legislação italiana, que obriga a informação suplementar sobre os espectadores e pelo número insuficiente de bilhetes em relação à procura. Esperava-se uma organização da bilhética cuidadosamente preparada. Acresce que o clube tinha a experiencia do ano passado. 

O que se passou foi mau demais para ser verdade. Segurança e funcionários da bilheteira começaram as suas funções depois da hora marcada. A fila exemplarmente organizada por amadores foi completamentamente desorganizada pelos poucos profissionais que se apresentaram em funções. Por exemplo: havia mais homens da Prosegur no último Benfica- Águas Santas da semana passada. 

Assistiu-se de tudo um pouco. Duas horas depois da abertura apenas cerca de 20 pessoas tinham conseguido adquirir bilhetes. Quem é o responsável por este monumento à estupidez? Porque vemos dezenas de seguranças em qualquer jogo das amadoras e para uma situação destas surgem apenas quatro ou cinco. Porque os funcionários da bilheteira estavam a ter formação apenas naquele momento? Porque razão o clube ignorou por completo as movimentações de milhares de benfiquistas dentro do complexo desportivo? 

Quando Luis Filipe Vieira enche a boca com elogios aos profissionais da estrutura do clube, deve ficar ciente que alguns deles não chegam aos calcanhares dos sócios anónimos, que hoje mostraram porque, ao fim de 110 anos, o Benfica é dos maiores clubes do mundo. Os benfiquistas estiveram à altura, os funcionários pagos, não. 

JL

domingo, 4 de maio de 2014

A PAUSA NECESSÁRIA


Sabíamos do grito que tínhamos preso na garganta e da raiva que desde Maio de 2013 aguentávamos no peito.

Sabemos que o campeão voltou e que, portanto, toda a alegria, esperança e euforia são legitimas.

Só nós sabemos o que que nos custou cada segundo daquele final de Maio sacana, injusto, filho da puta, cobarde e traiçoeiro.
E só nós podemos agora gozar e desfrutar a desforra: só nós percebemos a sua verdadeira dimensão.

É bom, porém que se faça uma pausa na merecida e justificada festa: há 3 finais para ganhar a caminho de uma época verdadeiramente inesquecível.


Depois sim, que siga a festa até que a voz nos doa de tanto gritar Benfica, Benfica, Benfica!

RC

quarta-feira, 30 de abril de 2014

POR ENZO, PELO BENFICA


Se estamos cá para criticar quando a estratégia de comunicação parece errática, sem rumo, rei ou roque, cá estamos também para uma enorme chapelada quando tudo é bem feito.

A Juventus comportou-se de forma miserável, mesquinha, cobarde, atirando a pedra e escondendo a mão: afinal, da arrogância inicial ao pânico foi um pequeno passo.

A isto, respondeu o Benfica da única forma possível: à Benfica.
O comunicado foi sucinto mas disse tudo quanto era necessário, mobilizando o povo benfiquista que percebeu o que estava, de facto, em causa.

 E quando assim acontece, não há UEFA, Platini ou Juventus que nos consigam derrotar.

RC

AS FINAIS EUROPEIAS DO BENFICA



Ponto prévio: este é um post repetido. Pois dá vontade de repetir até à exaustão. Caso o Benfica tenha sucesso amanhã, será a a 12ª final europeia do Benfica. Para que conste: 

Taça Latina: 1950, 1957.
Taça dos Clubes Campeões Europeus: 1961, 1962; 1963, 1965, 1968, 1988, 1990.
Taça UEFA: 1983.
Liga Europa: 2013.

Enquanto outros contabilizam taças toyotas e vitórias com a camisola de Portugal, o Benfica, por vezes, esquece-se de lutar pelo que já conquistou. 


JL