N

Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


terça-feira, 14 de agosto de 2012

O SAGRADO E O PROFANO

Como já devem ter reparado este blogue é escrito a várias as mãos. Apesar dos post estarem todos assinados por “Cosme”, um pouco mais acima está as iniciais dos nomes dos autores. Cada qual é responsável pelo que pensa e escreve. No entanto, existe uma coerência espontânea de opiniões resultante de horas e horas a discutir o nosso grande Benfica.
Esta introdução serve para dizer que apesar de uma postura critica em relação à gestão corrente do nosso clube nos últimos tempos, ansiamos sempre, e penso que falo por todos, por boas notícias.

Mas esta espera tem sido em vão. E este defeso está mais próximo do Verão quente de 93 do que da primavera de 2009. Não há dia sem problemas, contratações falhadas, declarações absurdas, castigos, ameaças de vendas inoportunas, etc. Esperamos por um lateral esquerdo e ou direito, desesperamos pela venda do Gaitan, sofremos pela do Witsel. E por ai fora.

Se tenho dito muitas vezes que o gabinete de comunicação do clube funciona mal, acho que neste momento está completamente à toa. O caso Luisão é paradigmático. Não se percebe a estratégia. Deixam o jogador ser crucificado em praça pública. O Benfica não tem poder nenhum nos jornais. Chegámos ao ponto de ter um vice-presidente num programa de televisão cuja participação é bastante prejudicial para o Benfica.

Hoje deparamo-nos com esta notícia. Só sou eu achar estranho que um dos maiores símbolos do Benfica seja apoiado pelo FC Porto?

Luís Filipe Vieira, por tudo o que fez, deve ficar destacado na história do clube. O Vieirismo está dar cabo desse legado. Esperemos que não seja de forma irreversível.

JL

QUEM TEM MEDO DA INFORMAÇÃO?

Sou do tempo em que os relatórios e contas do Sport Lisboa e Benfica, antes da parte sobre as contas propriamente ditas, traziam um resumo extensivo da actividade do clube. Antes da internet, esse resumo era de uma utilidade extrema.   
Escolhendo aleatoriamente um relatório do início dos anos 90, o que vemos? Iniciam com uma descrição pormenorizada das Instalações do clube – Estádio, balneários, departamento médico, instalações das comissões (secções), instalações administrativas, pavilhões, ginásios, etc. São três páginas cheias. Sem fotos.

A seguir a lista de filiações do clube (em Associações e Federações), as Filiais, Delegações e Casas do Benfica, lista das entidades e sócios galardoados (águias de ouro, prata e bronze, sócios beneméritos, honorários e de mérito, sócios distinguidos com anel de platina, emblema de ouro e emblema de prata), a lista dos órgãos sociais, a actividade interna (reuniões de AG, plenários dos órgãos sociais e reuniões de direcção), comissões especiais e constituição dos departamentos do clube. E assim se foram as primeiras 21 páginas.

Na página 22 temos a honra de conhecer os sócios do clube investidos em cargos de organismos nacionais da hierarquia desportiva (Associações e Federações). Vejam bem a utilidade desta informação. Nas páginas seguintes vemos o movimento associativo (número de sócios activos por categoria) e muito importante, a lista dos principais eventos do ano apresentados de forma cronológica, dia a dia, mês a mês. Assim termina a primeira parte.

Na 2ª parte é apresentado um relatório da direcção sobre toda a actividade do clube – administrativa, social, desportiva e cultural. A financeira fica de fora porque vem só na 7ª parte.

Na 3ª parte temos tudo que diz respeito ao futebol - quadro de jogadores, técnicos, médicos, pessoal de apoio, actividades das equipas (seniores e de formação), todos os resultados, jogadores campeões, jogadores seleccionados, etc.   

A 4ª parte é dedicada às modalidades, com o mesmo pormenor que a 3ª em relação ao futebol. A 5ª parte é dedicada ao departamento médico e a 6ª à secretaria. São um total de 67 páginas antes da parte financeira.

Obviamente que quase 20 anos depois a estrutura de tinha de ser diferente. Mas com a tecnologia que temos ao nosso serviço ao nível da informação é assim um investimento tão grande apresentar um documento anual desta envergadura?

Pensei nisto depois de andar à procura de uma lista dos títulos e troféus colectivos que o Benfica ganhou esta época. Uma coisa que me parecia simples de encontrar.

E onde encontrei? No site do clube? No relatório e contas? No 345º livro do João Malheiro sobre jogadores do Benfica? Não. No oficioso fórum benfiquista.  

Aqui está ela. Não sei se está completa. Mas é a que existe. Com TV, revista, site e jornal e cada vez mais longe da informação que interessa. E isto não está pior porque temos o Alberto Migueis.

Futebol
Taça da Liga
Campeonato Nacional - Iniciados
Basquetebol
Campeonato Nacional
Trofeu António Pratas
Campeonato Sub-20
Campeonato Sub-18
Campeonato Sub-16
Hoquei em Patins
Campeonato Nacional
Taça Continental europeia
Campeonato - Juniores
Futsal
Campeonato Nacional - masc.
Taça de Portugal - masc.
Supertaça - masc.
Supertaça - fem.
Taça APL - fem.
Voleibol
Supertaça
Taça de Portugal
Atletismo
Campeonato pista coberta - Masculino
Campeonato ar livre - Masculino
Campeonato Sub-23-Pista coberta - Masc.
Campeonato Sub-23-Pista coberta - Fem.
Campeonato Sub-23 - Ar livre -Masc.
Campeonato Juniores - Pista coberta -Masc.
Campeonato Juniores - Pista coberta -Fem.
Campeonato Corta Mato Longo-Juniores masc.
Campeonato Corta Mato Longo-Juvenis masc.
Campeonato Europa C.Mato Longo - Jun.Masc.
Campeonato ar livre fem. Juniores
Campeonato ar livre masc. Juniores
Campeonato ar livre masc. Juvenis
Campeonato ar livre fem. Juvenis
Bilhar
Campeões Nacionais de Pool 1.ª Divisão (femininos)
Campeões Nacionais de Snooker 1.ª Divisão (masculinos)
Campeões Nacionais de Pool Português 2.ª Divisão (masculinos)
Campeões Nacionais de American Pool 1.ª Divisão (masculinos)
Vencedores da Taça de Portugal de Pool (masculinos)
Vencedores da Taça de Portugal de Pool (femininos)
Vencedores da Taça de Portugal de American Pool (masculinos)
Vencedores da Supertaça de Pool (masculinos)
Vencedores da Supertaça de American Pool (masculinos)
Rugby
Taça Portugal Feminina
Supertaça Feminina
JL

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

SENHORAS DE PATINS


Enquanto aguardamos quem vai de patins no plantel sénior do futebol, recebemos a notícia que o Benfica vai ter uma equipa feminina sénior de Hóquei. Uma boa notícia. O Benfica progressivamente vai dando espaço ao desporto feminino. Ainda falta o andebol e o Vólei que tantas alegrias nos deram no passado.  
Muito atabalhoadamente e com pouca estratégia, temos de admitir que um dos grandes trunfos desta direcção tem sido o eclectismo. Vontade há muita, nomeadamente das cúpulas. Estou a falar do vice-presidente e dos directores. O pior é por ali abaixo. Onde se confunde gosto com habilidade e ambição com capacidade.
JL

domingo, 12 de agosto de 2012

A PEQUENEZ, MODO DE USAR.

Dizia a poetiza que não existem seres mais previsíveis do que os medíocres e a escória dos fracassados. Que maior fracassado pode ser se não aquele que mesmo conseguindo glórias e riquezas inimagináveis, continua a olhar para o lado com olhos de inveja e ressentimento.
Ontem um dirigente português, mais precisamente o de flatulência fácil, do alto do camarote da corrupção assumida que frequenta e junto à meretriz que sustenta, não esboçou um sorriso pela vitória da sua equipa, conseguida no último minuto do jogo. Em vez disso, veio comentar um episódio marginal, ocorrido num jogo particular, a alguns milhares de quilómetros de distância. 

Há coisas no futebol português que não mudam. São previsíveis até à medula. Como é a mediocridade da mediação das palavras desta gente, feita por cobardes sem opinião. Cobardes que envergonham os antepassados da classe, que sofreram, alguns na pele, por defender uma profissão que está agora na sarjeta dos serviçais.
JL

SEM REI NEM ROQUE


Num jogo em que não consigo vislumbrar utilidade nem lógica (a que propósito o grande Benfica vai participar na apresentação de uma equipa da 2ª divisão alemã, quando está na fase final da preparação???), um imprevidente Luisão, dá um encosto no árbitro que cai fulminado no relvado, pelo menos a julgar pelo aparato.
Nem Proença se lembraria de uma destas, mas algo me diz que o árbitro alemão deve ter feito um curso no Chapitô e nos vai arranjar uma carga de trabalhos.
Pergunto-me se a uma semana do início do campeonato, o Benfica tem necessidade de se meter nestas confusões.

Na Luz, a equipa B tropeça em jogo fraco, sem brilho e com muita falta de atitude competitiva.
Se na equipa principal, há falta de defesas esquerdos, aqui temos dois: Luís Martins (não consigo entender porque não está no plantel principal) e Carole que, porém, joga a central.
Tudo, portanto, na mesma semana em que o avançado Hugo Vieira jogou a…defesa direito.
(Percebo, finalmente, o que significa a expressão “ o modelo vai ser o mesmo da equipa principal").
Os maus hábitos entranham-se cedo e a equipa foi deixando correr o marfim até ao limite: um belo golo de André Gomes fez alguma justiça mas há ali jogadores que nem para um Benfica Z serviriam.
Quanto à organização, uma mente brilhante achou que nem a marcadores electrónicos a funcionar teríamos direito mas ninguém impediu um speaker idiota de anunciar orgulhosamente aos ventos que estavam na Luz 2700 (!) pessoas.
Pior ainda: parte delas aplaudiram, o que prova que estamos a entrar no domínio do surreal.
Uma palavra para o hino que os yuppies do marketing decidiram inventar esta época e que só hoje pude ouvir: óptimo como musica de fundo para velórios.
Se é um prenúncio para a nova época, estamos conversados quanto ao que nos espera.

A Sportv passa em rodapé a noticia que os adeptos do Braga terão bilhetes a 10 euros para o jogo do próximo sábado.
Ou é redondamente falso ou o Braga assume o remanescente ou é pura verdade e os adeptos do Braguinha terão bilhetes mais baratos do que os sócios do Benfica.
Aguardo sem esperanças nem ilusões um esclarecimento da SAD do Benfica sobre uma notícia que, a confirmar-se, significa mais uma afronta aos sócios.


Confirma-se a saída de Mora, emprestado ao River Plate.
Tem apenas o que merece depois de uma pré-época a marcar golos como se tivesse possuído pelo demo.
Tivesse feito como Kardec e tinha lugar garantido no plantel.


Sinceramente: há algo neste Benfica que me faz lembrar os últimos tempos de Damásio.
Sem rumo nem estratégia, desorganizado, algo decadente até.
A massa associativa por ali vagueia: adormecida e entorpecida, sem entusiasmo nem grandes expectativas.
Espero apenas que a coisa não acabe com um novo Vale e Azevedo…



RC

sábado, 11 de agosto de 2012

UM FILME SÉRIE B


Sobre o Jogo. Enzo a fazer de Ramires. Saviola de regresso mas sem a frescura de há 3 anos e Olá John longe, muito longe do Di Maria de 2009/10. Sem Witsel este é plano B do Jesus? Regressar ao sítio onde fomos felizes, mas com outras personagens?
Deve resultar nos jogos em casa contra metade das equipas da nossa divisão. Com a despesa de meio campo apenas entregue ao Javi e ao Martins, a equipa demora a tomar conta do Jogo e vê-se aflita quando perde a bola.

Até à interrupção estava a ser um jogo muito morno, sem perigo para ambas as balizas.
Depois veio a palhaçada. O árbitro que andava doido por expulsar alguém do Benfica, atira-se ao chão, tipo filme de série B. Foi música para os anti-benfica da Sport TV, vai ser música para as prostitutas que trabalham nos jornais desportivos portugueses. Agora vamos ver que autoridade tem o Benfica no nosso futebol.

JL

BELA IMAGEM


Hoje começam as idas ao Santuário. Os B são só um aperitivo, mas já vai dar para matar alguma fome. De resto espera-nos uma época empolgante. No futebol, nas modalidades e no clube. Para já a novidade veio do povo, a base do clube. Que bela imagem está agora em frente à Catedral.  
JL

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

QUEM DORME, AFINAL?

Citando Jesus ou, pelo menos,  interpretando a sua forma de pensar, titula “A BOLA” que Ola John tem que acordar.
Parece-me um claro sinal da completa adaptação do holandês.
De facto, gente a dormir é o que parece não faltar na estrutura do futebol do Benfica, na SAD, no marketing e por aí fora.
Não há, por exemplo, quem acorde para o facto de ser ridículo, patético, absurdo o clube não conseguir contratar um defesa-esquerdo enquanto contrata extremos às carradas.
Não há também quem acorde para a impossibilidade e mais que isso, a irrazoabilidade de continuar a  tratar os sócios detentores de Red Pass como meros clientes , assim uma espécie de asnos que vão alegremente fazendo girar a nora, para que meio mundo receba bilhetes de borla e se divirta à custa do dinheiro alheio.
Não há quem acorde para a realidade de uma vida difícil para muitos benfiquistas que, por muito que amem o clube, não podem continuar a suportar politicas de preços desajustadas e ultra-liberais, com as visiveis consequências em termos de médias de assistência nos jogos na Luz.
Voltando ao futebol: que se acorde, pois, o malandrete do Ola Jonh, oriundo, de resto, de um país sem cultura de trabalho nem de rigor.
Enquanto isso, peço ao Sr. Jesus para falar mais baixo, não vá acordar Nico Gaitán de um mais que merecido sono dos justos.

RC

OLHA A BORLA, MANEL!


Manel teve uma infância feliz. Nascido e criado em Sacavém, por influência paterna ou pelas amizades, depressa se tomou de amores pelas camisolas vermelhas do Glorioso. Desde cedo que em tardes impossíveis de enumerar, Manel deixava a beira do Trancão para estacionar no cimento frio do 3º anel a ver Humberto, Alves, Galrinho e outros que faziam sonhar os adolescentes do mundo a preto a branco.  
Manel casou, teve um filho e por ali ficou, mais ou menos perto da sua Sacavém natal. O seu amado 3º anel caiu e no seu lugar nasceu um recinto novo e funcional. Mas nem a mudança de cenário lhe mudou os hábitos. O que dantes era cativo passou a ser Redpass e quinzenalmente Manel continua a não falhar a sua bem – aventurada liturgia.

Os tempos mudam e a esperança dá lugar ao desânimo. O desemprego atinge o núcleo familiar.  No entanto, a solidariedade ainda conta e Manel lá vai levando uma vida aceitável.  O Benfica faz parte do seu equilíbrio. É no grito do golo que ganha forças para enfrentar um quotidiano de fel.

O IVA aumenta e com ele o Redpass. Manel nem pestaneja e poupa em ninharias a diferença, mas não a tempo de o renovar pelo multibanco. Está feliz no dia anterior a ir ao estádio fazer a aquisição. Será que ainda há lugar junto do meu amigo Alberto? Pergunta para si próprio. Pelo menos deve dar para entrarem na mesma porta. Assegura.

Nessa noite assiste como habitualmente à Benfica TV e detém-se numa reportagem sobre um evento promocional nos Restauradores. Filas de gente, transeuntes como se costuma chamar. Tudo à procura de um autógrafo dos jogadores. Manel sente-se superior pois ele é dos da primeira hora. Dos sempre presentes. Não pertence àquela gente que tanto podia estar ali como numa fila para um concerto do Tony Carreira.   

De repente, ao segundo 55, o que vê ele? Uma senhora a entregar bilhetes. Carradas de bilhetes sem olhar. Mas será para que jogo? Só pode ser para o Braga. Borlas para o jogo com o Braga? Para os transeuntes? Manel está incrédulo. Uma angústia aperta-lhe no peito. Lembra-se de repente do Benfica- PSV de há dois anos em que fez um esforço para dar 25 euros por um bilhete e depois o Jorge do Talho, que brinca com o seu Benfica diariamente, acabou por ir à borla. Ou então as vezes que é gozado pelo Tavares do café, um lagartão de primeira, porque tem bilhetes oferecidos pela Sagres.
Manel sente-se um “pató”. Sente- se o maior otário da Terra. Sente uma raiva entre os dentes. Olha para o filho e diz: “Amanhã vamos ver o Madagáscar e podes comer pipocas”. Tinha decidido, este ano não há Redpass para ninguém.

JL

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

MAIS DIFICIL DO QUE O EUROMILHÕES...


Não ficaram, por cá passaram, saíram, vão saindo, estão em vias disso.
Shaffer, César Peixoto, Carole, Emerson, Capedevila, Luís Martins, Luisinho.
E vão 7.
Um pouco como o Euromilhões:  um dia acertaremos.
Entretanto, continuamos a jogar...



RC

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O 3º ANEL


Não terá havido na história dos estádios de futebol, local tão mítico como o antigo 3º anel.
Impressionava e arrepiava até despido de público, na fria crueza do betão.
Esmagador, imponente, acredito que aterrador para adversários, ainda que calejados e rodados em ambiente adversos e hostis.
Vê-lo de frente, cheio, a abarrotar, com gente a trepar até às torres de iluminação, era um choque para quem nos visitava, hoje não tenho dúvidas.

Um tributo, pois, ao velho 3º anel.
Sem saudosismos bacocos e inúteis, mas com o respeito que se deve a tempos gloriosos, a pedaços de história inolvidáveis e infelizmente irrepetíveis.
Quem o viu não esquece; quem lá esteve nem que fosse por uma vez, muito menos.
Debaixo de sol abrasador, sob chuva torrencial, fazendo parte daquele povo imenso, desvairado, feliz, exuberante, enlouquecido e enrouquecido até à exaustão.
Era tudo isso, o 3º anel, mas ainda muito mais: local simbólico de um clube do povo, que do alto daquela bancada mítica, se fez enorme e derrotou tudo e todos.
Quem esteve no meio do bruaá imenso, não esquecerá nunca.
Quem sentiu a gigantesca estrutura abanar ao ritmo da batida de dezenas de milhares de pés, muito menos.
Quem sentiu o urro unânime e irreal de Benfica!Benfica!Benfica! arrepiar-se-à ainda hoje.






RC

terça-feira, 7 de agosto de 2012

O OUTRO LADO DO DESPORTO


Estamos a assistir a uns Jogos Olímpicos de excelente qualidade. Não só pelas belas imagens proporcionadas pela televisão, mas especialmente pelos resultados e marcas dos atletas em permanente superação.

Em Portugal, como habitualmente, ficamos admirados com a nossa dificuldade em chegar perto dos lugares cimeiros. Olhamos para o medalheiro, vemos a imensidão de países já contemplados e temos dificuldade em perceber como é que um país que julga pertencer ao primeiro Mundo, não consegue sequer figurar no fim da lista.

Até ao fim dos jogos, na canoagem ou no atletismo, irá provavelmente aparecer a medalha da ordem que impedirá de fazermos uma reflexão séria e necessária sobre a política desportiva do país. Um país que transformou o futebol no desporto eucalipto, cujo governo considera que a educação física nas escolas não é nada importante e que deixa o desporto escolar, que até teve algum desenvolvimento nos últimos anos, a amargurar e preso pelo ténue fio da carolice de alguns professores.

A visão romântica do desporto, difundida até à exaustão pela comunicação social vai de encontro à forma de estar da nossa atual sociedade. Em que o “fazer” é diminuído face ao “ser” ou ao “aparecer”. Onde o trabalho não está ligado directamente ao sucesso ou vice-versa.

No desporto de alta competição, aquele que estamos a ver nestes jogos, os resultados não caiem do céu e não são fruto de um pedidos mais ou menos intensos a alguma divindade ou de inspiração momentânea fruto de génio inato. A focalização na atividade é levada ao extremo, vai de mãos dadas com a ciência e tem como suporte o trabalho. Pouca gente em Portugal está preparada para isso. Seja qual for a estrutura, pública ou associativa.

Em junho de 2011 saiu no público este artigo de Paulo Moura. Pouco foi divulgado e comentado. Em qualquer país com algum sentido crítico tinha dado água pela barba, mas no nosso Portugalzinho passou completamente despercebido.

É das mais espantosas narrações do que é o desporto de alta competição neste início de século. A história de Vanessa Fernandes é exemplar a todos os níveis e permite uma variedade de ensinamentos que abrange várias áreas. Realço estes excertos, mas o artigo é tão rico que a sua leitura integral é obrigatória.
“A vida no CAR era obses­siva. Treinava-se desde as 6 da manhã até às 8 da noite, todos os dias. Não havia mais nada. Tudo era orga­ni­zado em função dos treinos, dos cinco treinos diários. Todos os atle­tas dormiam em quar­tos dup­los, exceto Vanessa, que tinha um só para si. Mas era um cubículo claus­trofóbico. Depois do jan­tar, Vanessa ia ter com os cole­gas, que se reu­niam no quarto de um deles, para con­ver­sar. Mas os temas não eram muito vari­a­dos. “Falá­va­mos sobre tri­atlo”, conta o tri­atleta Bruno Pais, que esteve inter­nado no CAR entre 2000 e 2007, e hoje, aos 29 anos, vive na sua própria casa, com a mul­her e a filha, perto do Cen­tro. “O que fazíamos era comer, dormir e treinar todos os dias. Não íamos ao cin­ema nem sair à noite. Por isso os nos­sos temas de con­versa eram os treinos, os tem­pos que fize­mos, as reações do treinador”.
Aos fins-de-semana, alguns iam a casa, mas lev­avam um pro­grama de treino rígido para cumprir. Na alta-competição não há dias de folga. “Desde que foi para Lis­boa, ela ficou difer­ente”, diz Vânia, a irmã de Vanessa. “Não que­ria saber de nada além daquilo. Não se inter­es­sava por nada, não que­ria sair à noite, não ouvia música”.
(…) Com estas car­ac­terís­ti­cas, em 2006, aos 21 anos, Vanessa gan­hara mais medal­has do que qual­quer outra atleta da sua idade. Quando chegava a uma prova, todos esper­avam que gan­hasse, e isso fez nascer nela um sen­tido de respon­s­abil­i­dade. Não podia perder. E não per­dia. Mas a pressão foi crescendo. Tinha à sua volta os jor­nal­is­tas, os patroci­nadores, os treinadores, a família, o país inteiro. Ela não podia decep­cionar. Era pre­ciso fazer mais. Havia o Campe­onato do Mundo, os Jogos Olímpi­cos. Os objec­tivos eram cada vez mais ambi­ciosos, desmesura­dos. Era pre­ciso ser a mel­hor do mundo.
Vanessa superava-se. Estava cada vez mais em forma, cada vez mais ráp­ida, cada vez mais magra. E adoe­ceu. “Eles pre­cisam das medal­has, por isso não recon­hecem que uma pes­soa está doente”, diz Maria Are­osa. “Ela era a gal­inha dos ovos de ouro”.

A história de Vanessa, como a de Pedro Mantorras, deviam ser dadas a conhecer a todos os jovens atletas. A competição distanciou-se de tal forma da prática desportiva como recreação e cultura, que nem sequer são primos afastados.  

Outro facto relevante, para nós benfiquistas, é a ausência do clube em toda a narrativa. Este facto é revelador do apoio que é dado ao propagado projeto Olímpico. Que apoio teve a Vanessa do Benfica para além do vencimento ao fim do mês? Sei que teve bastante da pessoa que está à frente desse projeto no clube. Que não fez mais e melhor porque não podia, nem lhe deram condições para tal.

No fundo o projeto resume-se a uma só pessoa, que tem uma capacidade de trabalho enorme e uma paixão impar pelo Benfica e pelo desporto. Não há nenhuma equipa interdisciplinar, nem médicos, psicólogos ou outros técnicos que acompanhem permanentemente os atletas. Quando há vitórias aparecem muitos para a fotografia, quando não há, fica só a solidão de quem trabalhou.  

No entanto, sejamos justos estamos longe da situação ridícula em que se colocou o presidente do Sporting quando se vangloriou pelos resultados do remo, mas este vizinho caricato, não deve impedir de sermos exigentes connosco. Não nos podemos comparar. Temos de fazer muito mais. Somos o Benfica. 


JL








segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Parabéns, Capitão!

O monstro sagrado.
O Capitão.
O Senhor Coluna.


RC

E SE?


E se Fábio Coentrão fosse o nosso defesa-esquerdo da próxima época? E se o Manuel Fernandes viesse substituir o Witsel no meio campo? É uma hipótese muito rebuscada? E se o Cardozo sair mesmo, vamos saber escolher o substituto? E se ficar tudo na mesma?  


JL

domingo, 5 de agosto de 2012

OLA JESUS


Ola John é um jovem jogador com qualidades e já o demonstrou.
Ola John é um jogador que está a acusar manifestas dificuldades de adaptação a uma nova equipa, a um sistema táctico diverso, a um clube com uma dimensão completamente diferente e isso tem sido, também, evidente.

Na semana em curso, acabou por andar nas bocas do mundo e nas primeiras página dos jornais, por força de um raspanete público de Jorge Jesus após o jogo de Genebra com a Juventus.

Que um treinador ralhe, repreenda, corrija, ensine é absolutamente normal e faz parte das suas funções.
Que o faça em pleno relvado, com a exuberância que se viu, demonstra uma incrível falta de tacto, de bom senso e de capacidade de conduzir homens.
Jorge Jesus poderia e deveria ter evitado este ralhete público a um jovem jogador que está a atravessar algumas dificuldades e que até pelo preço que custou (e do qual, de resto, não tem qualquer culpa…) começa a ser posto em causa.
Ao fazê-lo, fragilizou-o, expondo-o à óbvia curiosidade vampira do jornalismo desportivo que vamos tendo e que esfregou as mãos perante um tal “petisco” servido de bandeja.

Haja quem explique ao nosso treinador que é na intimidade do balneário ou no remanso de um gabinete que se tratam estes assuntos: o que é nosso, discute-se entre nós, não se evidencia, nem se mostra à saciedade; não se grita, nem se aponta o dedo em pleno relvado, linchando publicamente um jogador, ainda para mais jovem e acabado de chegar.    
A leitura na diagonal de um qualquer manual de iniciação à liderança ensinará ao “mestre da táctica” que só os elogios deverão ser públicos: as críticas são privadas, para que não se fragilize ainda mais quem errou, se errou.

Já agora, gostaria de ver esse rigor e esse grau de exigência aplicados ao jogador mais irritante, preguiçoso e indigente do actual plantel: Nico Gaitán.
É, porém, muito mais fácil ser forte com os mais fracos, não é, Sr. Jesus?




RC

sábado, 4 de agosto de 2012

OS OLÍMPICOS E O ÓDIO AO VERMELHO

Depois de referir até à náusea que Clarisse Cruz é atleta do Sporting , o energúmeno que está a fazer os comentários das provas de atletismo na RTP2 vomita esta pérola: "os EUA apresentam o equipamento mais feio desde tempos imemoriais e não só por ser vermelho..."
O nojo do costume, agora em modalidade olímpica, o que me leva a acreditar que com a privatização e o presumível despedimento, esta corja não tem mais do que aquilo que merece.


RC

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

SIM, ESTOU CONFIANTE


Modalidades 2012/13 – Futsal.
O Futsal tem sido a modalidades mais estimulante da última década. Pelo número de títulos conseguidos e domínio a nível nacional, pela inédita vitória europeia e por ser a modalidade de pavilhão com maior capacidade de atrair público para as bancadas.

Na época passada conseguiu-se o pleno, supertaça, taça e campeonato. Obviamente que com estes resultados exigia-se que as mexidas fossem mínimas. Aquisições apenas para colmatar saídas inevitáveis.

Houve duas saídas significativas. De Ricardinho, que estava emprestado e teria sempre de voltar para o clube a que pertence e de Dentinho, que vinha com selo de goleador e foi uma semi-deceção.

A saída de Ricardinho é difícil de compensar, porque apesar de não ter chegado ao seu nível, nunca devemos esquecer que estamos falar de um dos melhores jogadores do Mundo. Acho de um enorme desproposito dizer que o Benfica joga melhor sem ele, ou mesmo que só ganha sem ele.

Entram Vitor Hugo, uma promessa do futsal nacional e que eu acho que vai ser uma boa surpresa e Nenê, jogador brasileiro com muita experiencia, até mesmo na nossa liga. Na baliza regressa Carlos Paulo para substituir o outro Vitor Hugo.

Se olharmos apenas para os nomes, pode parecer que a equipa não ficou mais forte. No entanto, há alguns fatores a ter em conta. Por um lado, grande parte do plantel manteve-se, o que é sempre positivo ao nível dos automatismos criados e se juntarmos as conquistas da época passada será certamente uma equipa mais confiante e motivada. Por outro, de realçar que houve jogadores que andaram lesionados ou tocados parte significativa da época. Imaginem César Paulo e Joel a 100%? Eu por mim estou confiante.

Guarda-Redes:
Marcão
Bebé
Carlos Paulo

Fixo:

Davi
Diego Sol

Ala:

Bruno Coelho
Vitor Hugo
Diece
Gonçalo Alves
Marinho
Anilton
Teka

Pivot:

César Paulo
Joel Queirós
Nenê




JL

DEFENDE MELGA, DEFENDE!


“Quando ataco somos milhares” diz Melgarejo no vídeo promocional. Para atacar, no plantel, podem não ser milhares, mas são bem mais que uma dúzia. De todos eles terem escolhido precisamente o Melgarejo para dizer a frase não deixa de ser irónico.   


JL

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

SAIR DA DEPRESSÃO


Modalidades 2012/13 – Andebol.

Muito se podia dizer sobre o andebol do Benfica, no entanto apetece dizer muito pouco. As épocas passam, a equipa é reforçada, muda o treinador e os resulta são sempre deprimentes. Um caso de motivação? Má organização? Azar? Bruxedo? Sinceramente, não encontro resposta. 
Este ano mais uma mão-cheia de reforços. Para a baliza vem o conceituado guarda-redes espanhol Vicente Álamo e ficamos com 3 de grande categoria. De Espanha vem também o Sérvio Davor Cutura para lateral esquerdo. De Portugal 3 reforços: Álvaro Rodrigues (ex- ABC), Tiago Pereira (ex- ABC) e Dario Andrade (ex-FCPorto).  

Sobre estes últimos jogadores que vêm do nosso campeonato sei que o Álvaro Rodrigues é melhor a defender que atacar e que o Dário Andrade não é mau jogador, teve contudo uma época complicada ao nível das lesões, mas o Rito conhece-o bem, talvez por isso foi busca-lo. Já o Tiago Pereira, não me recordo de o ver jogar, mas é novo e pode ter potencial para vingar, apesar ser central que é a posição do capitão Carneiro, de certeza o titular.  

Nenhum deles aparenta vir a tornar-se um barrete, apesar de também não serem as chamadas “trutas”. Dos estrangeiros conheço pouco. São ambos experientes e com um bom palmarés. À primeira vista parece que a equipa está mais forte e com mais soluções. Mas não faltará outro pivot?

Vamos ver se é desta que o andebol do Benfica sai da imensa depressão em que está metido.


Guarda Redes:
Vicente Álamo
Ricardo Candeias
João Ferreirinho

Central:
Carlos Carneiro
Tiago Pereira

Pivot:
José Costa

Lateral Esquerdo:
Nuno Grilo
Davor Cutura

Álvaro Rodrigues
João Lopes


Lateral Direito:
Cláudio Pedroso
Inácio Carmo

Ponta Esquerda:
Dario Andrade
João Pais

Ponta Direita:
David Tavares
António Areia



JL

CHEGAREMOS LÁ?

Foi uma boa ideia a marcação deste jogo. A equipa precisa de testes destes, que a obrigue a jogar sob pressão. Quando falo em pressão é a possível num jogo particular.
Surgiu uma Juventus por vezes muito pressionante, rápida sobre a bola, muito forte no contra-ataque, naquele estilo italiano de jogar. Levaram o jogo a sério, foram duros.  Não sei em que estado de preparação estão, contudo impressionaram-me positivamente. O Benfica na maior parte do tempo conseguiu equilibrar e até podia ter ganho o jogo. Mas penso que no cômputo geral os italianos foram ligeiramente superiores.

Parece uma verdade de La Palisse dizer que houve jogadores que estiveram a abaixo do normal, que outros cumpriram o esperado e outros melhoraram em relação a jogos anteriores. Ou seja, nada a destacar de muito positivo, nem negativo para além da exibição consistente de Enzo Perez e a subida de forma de Javi Garcia.

De resto, a defesa do Benfica voltou a ter bastantes problemas, nomeadamente porque jogar com a defesa tão subida contra equipas como a Juventus é como andar com um colete de bombas relógio. A quantidade de foras-de-jogo tirados no limite foi impressionante.

Por exemplo, no lance do penálti, a meu ver, a falha não é de todo do Artur. O Jogador adversário surge completamente isolado e se o nosso guarda-redes não saísse era golo certo. Saiu como se pedia, contudo não chegou a tempo por milímetros.  

Outro aspecto tem a ver com a saída do Martins, a equipa passou a jogar um futebol mais directo, menos apoiado, mais aos soluços. Esta alteração faz toda diferença na filosofia de jogo. Não é melhor nem pior. É diferente. Ou jogamos com dois avançados e libertamos mais o Cardozo ou povoamos mais o meio campo e fazemos um jogo mais equilibrado. È uma manta que fica curta contra equipas da primeira divisão europeia.

Por fim, não podemos ficar lixados com o golo dos italianos já na compensação, consequência duma ridícula perda de bola do Luisinho. O nosso golo, que nasce precisamente num belíssimo centro do mesmo Luisinho, resulta de um falhanço inacreditável de marcação ao Cardozo.

Um jogo possível perante uma equipa que pertence a um nível competitivo que infelizmente ainda não é o nosso. Chegaremos lá?

JL