À semelhança do lado esquerdo da defesa, a baliza do Benfica é outro caso mal resolvido.
Recuemos no tempo e recordemos a era que se seguiu ao fim prematuro do enorme Manuel Galrinho Bento.
Para Silvino, um livre directo era um penalty; para Neno (e para nós…), os cantos eram uma aflição.
Chegou Michel Preud’Homme e todo o Benfica suspirou de alívio e uivou
de prazer: com o melhor do mundo entre os postes, não era por ali que a
casa viria abaixo.
Para mal dos pecados do fantástico belga e dos nossos, o melhor
Michel viu-se metido no pior Benfica e por aqui acabou a carreira com
muita honra mas pouca glória.
Seguiu-se Enke, jovem promissor com muitas qualidades e alguns
defeitos, o maior dos quais o excesso de ambição que o levaria a
embarcar numa aventura sem sentido chamada Barcelona.
Infelizmente e como sabemos hoje, ser-lhe-ia fatal.
A Enke, sucedeu Moreira, desde cedo apadrinhado pelo 3º anel.
Sempre o favorito dos sócios, nunca o foi dos treinadores e
sucessivas lesões nos joelhos foram-na afastando da ribalta que parecia
estar-lhe destinada.
De Quim, sem classe nem nível para o Benfica e que contudo conseguiu
ganhar 2 campeonatos(!) a um equívoco chamado Moretto, até uma rábula
chamada Roberto, tivemos direito a tudo.
E assim chegou Artur.
Confesso que chegou a entusiasmar-me: parecia finalmente que a baliza do Benfica estava em boas mãos.
O primeiro sinal foi o fatídico jogo contra o Porto na Luz em Abril
de 2012: o remate de Hulk, embora forte, foi para o meio da baliza mas
Artur ensaiou um bailado estranho, abriu alas e entregou o campeonato.
E depois foi o que se tem visto: Artur falha consecutivamente em todos os momentos decisivos.
Em 2012-2013 fez o pleno: disparatou na Luz contra Jackson, ofereceu o
golo ao Estoril, foi mal batido no Porto e para completar o brilhante
ramalhete, tentou defender a maldita cabeçada de Ivanovic com o golpe de
vista.
Artur tornou-se um guarda-redes inseguro, trémulo, fraco, hesitante
nas saídas aos cruzamentos, patético a jogar com os pés, desastrado a
sair aos pés dos avançados.
Oblak poderia ser uma excelente opção para, a curtíssimo prazo,
ocupar a baliza do Benfica, mas Jesus qual elefante numa loja da Vista
Alegre, tratou de resolver o problema na célebre entrevista a Moniz:
desde então, do esloveno nem novas nem mandadas.
Veremos, aliás, onde Oblak irá parar…
É óbvio que neste momento, o Benfica necessita de um guarda-redes à
altura: se Artur já andava assustado com a própria sombra, neste momento
é um jogador com a cabeça a prémio e as mãos a tremer.
Depois de um inglês com nome semelhante a uma cerveja australiana, fala-se agora de Júlio César como estando a um passo da Luz.
Mesmo não sendo um grande entusiasta da escola brasileira de
guarda-redes, creio que Júlio César poderia ser uma excelente opção para
a baliza do Benfica: maduro, conhecedor do futebol europeu, habituado à
pressão de adeptos exigentes em grandes clubes.
Numa altura em que Artur, tem tudo para se tornar a par de Cortez, no
próximo patinho feio dos sócios, a contratação de Júlio César poderia,
portanto, ser uma das poucas boas noticias destes últimos tempos,
podendo ajudar a serenar um clube que parece um barril de pólvora.
RC
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