É com orgulho que vejo a minha cidade ser a capital
mundial do futebol, recebendo a final da mais importante competição de clubes
do planeta.
É, evidentemente, com redobrado orgulho que vejo o meu
estádio transformado na Babel do futebol, percorrido, calcorreado, fotografado
por dezenas de nacionalidades entre staff da organização, turistas, meros
curiosos, adeptos.
É com emoção que reconheço que o Estádio do Sport Lisboa e
Benfica, esse anfiteatro de sonhos e paixões se mostrará amanhã ao mundo:
grandioso, imponente, mítico.
Como sempre.
E, no entanto, não gosto do que vejo.
Irrita-me que em cada canto, os símbolos do Benfica tenham
sido substituídos pela marca “Champions”, assim mesmo, de forma massiva, opressiva,
repetitiva até à exaustão e à náusea.
Mudaram-se cadeiras, outdoors, nomes de portas.
Por decência, talvez o último pingo de vergonha, deixaram
intocados a Águia e Eusébio.
Por outro lado, a Luz parece estar sob lei marcial: toda a
área comercial está encerrada, parecendo um gigantesco mausoléu.
Salva-se a Adidas em nome de óbvios interesses comerciais.
Para cúmulo, até o Museu Cosme Damião se encontra
encerrado, perdendo-se uma oportunidade única de o divulgar a milhares de
visitantes, turistas, adeptos, jornalistas.
Perde o clube, mas perde também o futebol e a cidade de
Lisboa que se vê estupidamente privada de um espaço único.
É assim a UEFA: um estado dentro de vários estados.
Onde chega, dita leis, impondo-as umas vezes,
subvertendo-as outras.
Um império dominado por gente pouco recomendável, como,
aliás, sentimos na carne há 9 dias em Turim.
De tudo isto sobra um sentimento de desconforto e uma
dúvida: arrogância e poder desmesurado da UEFA ou a tradicional subserviência
portuguesa perante tudo o que vem de fora?
Fica apenas uma certeza: amanhã joga-se a final da
Champions, uma competição que por muitos milhões que jorre e faça jorrar não
terá nunca, um décimo da magia da velha e saudosa “Taça dos Clubes Campeões e
Europeus”.
Que seja um grande espectáculo: que o Estádio da Luz fique
na história dos dois clubes e na memória de milhões de adeptos de todo o Mundo.
Mas já agora, fica também o pedido: façam a festa,
desmontem rapidamente a tenda e ponham-se a mexer.
Devolvam-nos a Catedral.
RC
Qual subserviência? Em qualquer estádio onde se realize a Final da Champions fica por conta da UEFA.Ou não te deste conta que nos jogos da Champions toda a publicidade existente nos estádios é tapada e fica só a contratada pela UEFA? E donde pensas que vem o dinheiro dos prémios de participação e dos pontos conquistados dados aos Clubes participantes?
ResponderEliminarApesar de tudo o MUNDO ficará a saber que o jogo da FINAL É NO ESTÁDIO DA LUZ DO SPORT LISBOA E BENFICA
MARQUÊS DA PRAIA E MONFORTE
Sinto o mesmo misto. Orgulho e uma certa desilusão pelo que se passa à volta e dentro do Estádio!
ResponderEliminarNão me choca não ver o emblema e o nome Benfica, pois isso é normal... Mas choca-me ver tudo fechado...
Restaurantes - Isto faz algum sentido? Aquando do Euro/2004 não aconteceu nada disto...
Museu - Porque aceirou isto o Benfica? Perde-se uma oportunidade de o divulgar ao Mundo...
Media Market - Por acaso vende publicidade desportiva?
´Há muito de subserviência, sim senhor!
Já assisti a duas finais - Estugarda e Viena - e não vi nada disto...
Tenho algum receio do que possa acontecer... O estádio não tem saídas condizentes com a lotação e o corredor entre a zona comercial e o campo sintético está anulado com uma tenda gigante! Como vai ser a saída dos milhares de espectadores?
Já reclamei sobre isso para o Benfica, mas parece que a maioria está contente... São precisas mais saídas no exterior!
Esperemos que tudo corra bem e que os nomes Portugal, Lisboa, Estádio da Luz, voem bem alto!
Ontem à noite fui ao Bairro Alto! Gritava-se Real, Atlético, Bayern, Benfica... Enfim, uma irmandade global unida num gosto comum pelo futebol!
Concordando com o muito que foi aqui escrito (comentário anterior incluído) acrescento que a arrogância e prepotência para não lhe chamar lata(!) destes sujeitos, que queriam impor ao município de Lisboa a restrição em ter ecrãs para os adeptos das duas equipas ver a final... Nisso o António Costa foi exímio e perentoriamente mandou-os à fava como quem diz "aqui mandamos nós!!" e instalou 2 ecrãs gigantes, 1 no Rossio para os adeptos do Real e outro no parque Eduardo VII para os adeptos do Atlético. Havia de ser o bom e o bonito milhares de adeptos dos 2 clubes sem bilhete e sem local para ver o jogo, imagine-se o que podia ter ocorrido!
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