Bem pode ser considerada a nossa terceira
cidade porque ali vivem, trabalham e estudam cerca de um milhão de portugueses,
mas não é sequer isso que está em causa, porque as vítimas do terrorismo não têm
nacionalidade e são apenas isso: vítimas.
Paris voltou a ser alvo da face
mais odiosa e cobarde da violência: o terrorismo exercido contra cidadãos anónimos
e indefesos, contra gente comum com vidas normais e iguais à de cada um de nós: um jantar em família
ou com amigos, um concerto, uma simples ida a uma festa chamada futebol.
Na noite em que todos fomos
parisienses, morreu gente inocente cujo único crime foi estar no sítio errado à
hora fatídica.
Para alguns deles o local que
devia ser de festa e se transformou em morte e tragédia, foi o Stade de France.
Os cobardes alucinados que
semearam o terror na noite de Paris sabiam bem os quês e os porquês: apesar de
todo o mercantilismo que hoje existe, o futebol continua a ser em qualquer parte
do mundo uma das grandes festas genuinamente populares e é talvez ali que o
grande lema da República Francesa mais sentido faz: só quem nunca festejou um
golo ou uma grande vitória na liturgia única de um estádio, pode pensar que “Liberté-Égalité-Fraternité”,
nada têm a ver com futebol.
É isso que nos move quando, de
muitos nos tornamos um só; quando afastamos as diferenças e somos iguais no
apoio às nossas cores; quando no êxtase do golo, abraçamos o desconhecido que
está ao nosso lado.
É tudo isso que o terrorismo quer
também matar: o nosso modo de vida, as nossas paixões, a nossa possibilidade de
em liberdade, igualdade e fraternidade festejarmos os golos da nossa vida.
RC
Não há palavras para tanta barbárie
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