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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A BALIZA ASSOMBRADA

Não me parece que haja meio-termo: ou Oblak é a solução ou temos um enorme problema na baliza do Benfica.

De Artur, não me parece que se possa esperar muito mais.
Substituiu o mal-amado Roberto e foi de inicio uma esperança para muitos de nós: parecia sóbrio, firme, frio e eficaz.
Pelo contrário: revelou-se fraco sempre que os níveis de pressão aumentavam, falhando em praticamente todos os jogos decisivos.
Recordo algumas boas defesas de Artur; não recordo uma única defesa que tenha feito a diferença num jogo importante, decisivo.

Fraco, atabalhoado e complicativo a jogar com os pés, hesitante e desajeitado a sair aos cruzamentos, lento a fazer-se a bolas rasteiras, Artur tem como ponto forte as bolas de meia-distância: claramente insuficiente para um guarda-redes do Benfica, não me parece que subsistam grandes dúvidas.

Falhas repetidas baixaram drasticamente os níveis de tolerância e de paciência do público para com o Artur.
Saber se o guarda-redes é um dos grandes culpados da intranquilidade e fragilidade defensiva da equipa ou se é apenas a última das vítimas, é um pouco a discussão do ovo e da galinha, sendo completamente inútil nesta fase.

A baliza do Benfica tornou-se um castelo assombrado por dois enormes fantasmas: Manuel Galrinho Bento e Michel Preud’ Homme.
Ambos enormes, não podiam, no entanto, ser mais diferentes: sem condições físicas de excepção para o posto, Bento foi um proletário da baliza, subindo a pulso, à custa de litros de suor e de dedicação sem fim.
Manuel Bento treinava como jogava: sempre a sério.
Entre os postes, a dominar a área, Bento era um gigante: com pouco mais de 1,70m mas um gigante.

Michel era uma espécie de príncipe, um predestinado.
Elegante sem ceder à tentação das “defesas para a fotografia”, dominava a área, orientava a defesa, intimidava os adversários, pela presença. Pela classe.
Nunca se acomodava, porém: Lucien Huth, o seu treinador no Benfica costumava dizer que Michel era um perfeccionista.

É, pois, nesta área assombrada em que demasiados têm falhado, uns por manifesta falta de categoria, outros por medo da própria sombra, que Oblak se prepara para entrar.
Aparentemente, terá tudo a ganhar e muito pouco a perder.

Se tudo correr bem, o lugar é seu e ponto final parágrafo.
Se falhar, é apenas mais um que não resistiu à assombração da baliza da Luz.







RC

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