Tenho para mim que, mesmo não percebendo nada de caça, se andar a caçar
coelhos com uma Kalashnikov sou capaz de matar
alguns, mas também é provável que acerte nos companheiros de caçada ou mesmo, com
algum azar, no próprio pé.
O brunocarvalhismo é um fenómeno de existência
muito recente, beneficiando por isso de um efeito determinante denominado “novidade”
e que é decisivo na força que exerce perante corpos externos. Este fenómeno
caracteriza-se pela emissão
intensa de verborreia ofensiva e sem qualquer critério, resultante de uma descarga
emocional produzida por um sucesso desportivo momentâneo.
O brunocarvalhismo, embora circunscrito no
espaço e no tempo, é altamente contagioso. Já são poucos os moradores da Quinta
do Lambert que não se julgam Rambos, perdidos e abandonados numa floresta do Vietnam,
a lutar contra tudo e todos. Mais abaixo, ao lado do Lidl, no epicentro do fenómeno,
dirigentes, jogadores e até roupeiro, mantêm uma verbalidade elevada, que se estende
pela planície de Alcochete.
A sua descoberta mais recente é sobre a existência
e manutenção de um sistema informal de favores, muito pouco gratuitos, em benefício
de apenas um clube. O autismo perante um processo já há muito divulgado parece
que terminou para aqueles lados. Noticias, entrevistas e gravações só agora
foram descobertas. Todavia, afetados pelo brunocarvalhismo intenso e de Kalashnikov
nos braços, esquecem que o único clube cujo dirigente foi apanhado depositar um
cheque na conta de um fiscal de linha que ia arbitrar um jogo do seu clube foi
precisamente o Sporting. E isto não foi no século passado. O Bufas ao menos
tinha (ou ainda tem) a gaveta da sala, de onde saiam os envelopes. Quem sabe, sabe.
JL
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