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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


quarta-feira, 23 de abril de 2014

À VOLTA DA JUVENTUS


Conhecendo como conheço de forma razoável a mentalidade do adepto italiano, não tenho qualquer dúvida em afirmar que serão muito poucos os adeptos da Juventus que não dão a passagem à final como praticamente assegurada.

Se é verdade que alguns comentários vão demonstrando alguma prudência (o respeitinho ainda é muito bonito...),tenho como certo que a habitual arrogância italiana em matéria de futebol, nos pode dar alguns trunfos.

Objectivamente, será um jogo dificilimo: ainda que o futebol italiano esteja em fase de claro apagamento, longe da epoca aurea de finais de 80’, a Juventus é claramente  a equipa italiana mais forte da actualidade.
Jogadores experientes amadurecidos no habitual rigor competitivo do calcio e um excelente treinador que conhece o clube como poucos depois de uma bela carreira como jogador, fazem da Juventus uma equipa claramente de Champions.

Acontece, porém que tenho a sensação de que no fundo não somos levados muito a sério, pelo menos para a generalidade dos adeptos juventini.
Os italianos são um pouco assim, hoje menos que no passado é verdade, mas são velhos defeitos: demasiados agarrados às suas pequenas-grandes rivalidades clubisticas e regionais, fechando um pouco os olhos e a mente para o que se passa fora das fronteiras do chamado Bel Paese.
Não é aliás por acaso que o futebol italiano se foi afundando com o público a debandar dos estádios e as equipas italianas de topo a perderem notoriamente capacidade competitiva nos últimos anos.

Um campeonato como o português, não gera qualquer impacto no elitista adepto italiano ou mesmo na imprensa desportiva italiana.
Não tenho, por isso, qualquer dúvida de que o Benfica conhece muito melhor a Juventus do que o contrário.

Não nos iludamos, porém: iremos deparar-nos com um espirito competitivo fortissimo, um rigor extremo que os leva a cometer pouquissimos erros, ao mesmo tempo que aproveitam cirurgicamente cada um dos lapsos cometidos pelos adversários.

Esta Juve não brinca, porque está sequiosa de titulos e de voltar à ribalta do futebol europeu.

Estaremos,por isso, condenados ao insucesso ?

Nada disso, até porque e volto a dizê-lo, pressinto que há uma certa dose de sobranceria e algum desdém que se pode voltar contra eles.

Estou seguro de que JJ conhece muitissimo bem a Juve e os seus pontos fracos e creio no valor dos nossos jogadores que poderão estar a caminho de uma época inesquecível, vingando-se de um passado recente.

Preocupam-me sobretudo dois factores: o peso institucional da Juve (a omnipresença de Platini, a final em Turim, a tradicional força do futebol italiano nos pouco recomendáveis bastidores da UEFA) e alguma eventual falta de frescura em alguns dos nossos jogadores a juntar a uma onda de lesões que parece encomendada pelo bruxo de Fafe

É bom também que a equipa não se mostre demasiado ansiosa com o peso do 1º jogo na Luz.
Se é verdade que uma vitória sem golos sofridos poderá ser maio caminho andado para voltarmos a Turim dia 14 de Maio, dificilmente a eliminatória ficará já resolvida.

Em Turim há outro jogo para jogar  sem medo nem complexos: somos o Benfica,voltamos a ser Benfica.

Já agora: num jornal desportivo italiano, um leitor dizia que “meia Italia iria puxar pelo Benfica”.


A Juventus é considerada a equipa do sistema : nada, pois, a que não estejamos habituados...


RC

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Subscrevo inteiramente a sua opinião amigo(s) Cosme(s), a sobranceria, as debilidades a explorar, o factor Platini e o boost psicológico favorável que dispomos hoje... No entanto falando de equipa do sistema, nunca será demais recordar que em 93 na velhinha Luz vi um grande Benfica com um grande Paneira e Cª vencer por 2-1 uma equipa (para mim) mais forte e muito mais perigosa que esta Juve... Era só Peruzzi, Kholer, Julio Cesar, Carrera, Dino Baggio, Torricelli, Marochi, Conte, David Platt, Andreas Moller, Di Canio, Roberto Baggio, Vialli, Ravanelli etc etc treinados pelo "nosso" Trapattoni. E foi, de facto, em Itália que se viu a força do status desta Vecchia Signora ao estarmos a perder ao 1º minuto com um golo que só custou ao nosso Silvino o nariz partido e consequente substituição e ainda na 1º parte (se a memória não me falha) a expulsão de Mozer não fosse o Diabo ser do Benfica... Fomos "corridos" por 3-0 (a única derrota no confronto directo) sem honra nem glória, nem...respeito! Essa equipa nesse ano venceu a Taça UEFA e 3 anos mais tarde a mesma base venceu a já Liga dos campeões!
    Por isso, temos de facto contas a ajustar com este clube que personifica tudo e mais qualquer coisa de perverso, vergonhoso e obscuro que existe no futebol moderno. Se juntarmos as pérolas dos jogadores da Juventus em (des)consideração ao nosso clube então melhor receita não podia haver. Vamos a eles e para passar, eu acredito.

    Ps.: Parabéns atrasados pelo aniversário do blog, que acompanho regularmente mas que nunca tinha comentado até hoje.

    Saudações Benfiquistas

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  3. Amigo M Rossetti, recordo muitissimo bem os 2 jogos contra a Juve em 1993.
    Na Luz um jogo monstro de Paneira e depois em Turim foi aquilo que se sabe.
    Este Benfica, porém, faz-me acreditar: a união do balneário, um JJ transfigurado e uma equipa que soube exorcizar todas as maldições da época passada, são capazes de derrotar todas as Juventus deste mundo.
    Um abraço e apareça sempre!

    RC

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