Não há palavras para descrever que
se passou ontem no estádio da Luz. Ontem? Até me custa escrever “ontem”. Aquilo
que assistimos ao vivo, com som, cheiro, tacto, não foi ontem, hoje ou amanhã,
foi eterno. Daqui a cinquenta anos, quando se falar de futebol, de clássicos, de
grandes jogos, toda gente se vai lembrar o dia em que o Benfica com menos um
jogador em campo, com a equipa cansada de tanto jogar, com jogadores nucleares
na bancada, suplantou o FCPorto, coleccionador de títulos dos últimos anos.
Não vamos encontrar palavras para
contar aos mais novos quem era Pedro Proença, o diabo com nome de terra da beira
interior, que sorria de dentes brilhantes enquanto expulsava o brasileiro Siqueira.
Vamos procurar conjuntos de
letras que elucidem, a quem não esteve lá, como era o olhar de resignação de quem
de cachecol vermelho ao pescoço pensava que ia rever a mesma história de
sempre. E como esse olhar se agigantou com o passar dos minutos, com o brio e
com a luta de homens que nasceram, maior parte deles, a milhares de quilómetros
de Lisboa, mas que se deixaram infectar de um vírus chamado mística.
Não teremos ali à mão, seja em que
língua for, uma gramatica compatível com as lágrimas provocadas pelo mais improvável
dos heróis. Podemos tentar a língua gestual, caracteres chineses, os mais avançados
códigos existentes, que vai ser impossível explicar. Quem lá esteve guardará
para si e para sempre o Benfica-FCPorto de 16 de Abril de 2014.
No futebol os bons ainda ganham
no final, como nas histórias que nos contavam na infância. Fosse assim a vida e
eramos mais felizes.
JL
Palavras... apenas uma: ÉPICO!
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