Luisão está no Benfica desde
2003. É justamente o capitão. Marcou golos decisivos, uns que desbloquearam
campeonatos, outros que facilitaram eliminatórias. Ao contrário de outras figuras
históricas do clube atravessou parte de uma fase míngua em títulos coletivos, no
entanto já coleciona alguns. Está sem duvida a fazer a sua melhor época no
Benfica.
Desde a sua chegada, numa tarde
solarenga de domingo, o Benfica mudou muito. Na altura jogávamos no Jamor e
treinávamos em Massamá. Entretanto, o capitão já fez dupla, entre outros menos
destacados, com Alcides, Hélder, Anderson, Ricardo Rocha, Argel, David Luiz,
Sidnei e Jardel. Não estarei a ser injusto se referir Garay como o mais
consistente colega de sector que encontrou.
Assim chegamos ao ponto em que sofrer
golos é um acaso cada vez mais raro no Benfica, não se conseguindo avaliar o
que é mais preponderante, a qualidade do argentino ou a forma do brasileiro. Tal
como perceber a influência da mudança de guarda-redes em todo o processo. É o
Oblak que inspira (e respira) confiança ou é a defesa que lhe dá segurança? O
que eu sei é que o sector defensivo entrou num ciclo de melhoria contínua. Numa
análise distraída a causa e o efeito confundem-se, mas não são a mesma coisa.
Vejamos mais da equipa.
Na retaguarda o Benfica tem uma ideia de jogo. Essa ideia começou a ser testada
amiúde com o Javi e foi aprimorada com Matic. Falhada a conceção do lateral/central,
graças à inadaptação de Emerson e da contratação falhada do lagarto Rojo, a
aposta do trinco como vértice da defesa tem resultado essencialmente na
construção de jogo. Assim é fácil Fejsa fazer de Matic, Amorim fazer de Fejsa e
André Almeida fazer de um ou de outro. O efeito é sempre o mesmo.
Sabendo que nos processos
ofensivos este triângulo se desfaz com o recuo do trinco a libertação dos
laterais torna-se uma realidade. Mais libertos, estes avançam pela faixa
lateral, libertando por sua vez os extremos para estes virem desequilibrar ao
centro, o que por sua vez liberta os ponta-de-lança das marcações. Num
exercício de imprudência terminológica chamemos a isto um ciclo de libertação
contínua ou um ciclo permanente de causa efeito.
Este ciclo alimenta-se
essencialmente da melhor época de Nico Gaitan no Benfica, da rápida
aprendizagem de Lazar Markovic e da recuperação do élan de Rodrigo que tinha
sido perdido algures na Rússia aos pés do Bruno Alves. Toda esta gente em
redopio constante é compensada com a mobilidade de Lima. Com um avançado menos
móvel o ciclo fica amarrado e a equipa emperra. Perde-se o efeito.
Tem ainda um motor, um veio de
transmissão. Mais precisamente a caixa de velocidades da equipa. Chama-se Enzo
Perez e chegou a ser um caso perdido quando veio. O Argentino desmultiplica a
rotação da equipa por forma a transformar a sua potência em força ou velocidade,
dependendo da necessidade. A importância nuclear de Enzo, com as suas características
intrínsecas, faz-nos compreender a dificuldade de André Gomes em entrar na
equipa. O efeito não é o mesmo.
A relação entre a causa e o efeito leva-nos a
Allan Kardec. O (ainda) nosso jogador deve o seu nome à admiração que o seu pai
nutria pelo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail. O “inventor” do espiritismo
defendia que todo efeito tem uma causa. Verdade de la palisse. Mas
pormenorizava explicando que a grandeza de um efeito estava proporcionalmente
ligado à inteligência de uma causa.
Jorge Jesus levou cinco anos
semear a causa, chegou a hora da estrutura do Benfica amadurecer o efeito.
Depois de criado manter o ciclo é fundamental. A estrutura tem de o alimentar. A
grandeza dos resultados também depende de nós.
Como o Luisão, como talvez Jorge
Jesus, também nós, massa associativa e adeptos, podemos ter uma das melhores
épocas de Benfica. Saibamos estar à altura. Ser também a causa de um efeito
grandioso.
JL
Excelente! !
ResponderEliminarBENFICA...é estranho mas estou zangado
ResponderEliminar…isto é, a vitória conseguida no dia de ontem e, acima de tudo, a exibição, o futebol praticado, a competência e o desempenho dos nossos jogadores, deixam qualquer benfiquista confiante. Não há dúvidas sobre a forma competente como a nossa equipa se apresenta em campo, joga e não deixa o adversário jogar, pressiona, ataca e gere o jogo ao seu ritmo, sem pressa mas com excelência. Muito provavelmente, desde os anos 70 (e ao vivo) e nos anos do Sven-Goran Eriksson, não via assim o Benfica.
Mas quando tudo parece quase perfeito, esperamos pelo “pós-final” do jogo, tentamos ouvir as apreciações ao mesmo, ao desempenho da equipa e, em particular, dos seus jogadores, e o que ouvimos? Que perguntas surgem? O JJ vai continuar no comando do Benfica? O nosso Presidente tem uma pena de suspensão de 2 meses por declarações proferidas em Setembro e em que disse umas verdades sobre novas reservas em hóteis? O que é esta MERDA??? Ficamos incrédulos!!! São uns jornaleiros amestrados ao abrigo de uma agremiação governada por um peidoso encarcerado na encosta da Afurada.
Praticamos, e temos praticado, o melhor futebol dos últimos 10 anos. Somos competentes. Não queremos favores. Só queremos ganhar e dignificar a modalidade futebol.
Seremos Campeões!! E previnem-se, o Rennie vai faltar nas farmácias de todo País…