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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


terça-feira, 8 de abril de 2014

A CAUSA DE UM EFEITO GRANDIOSO



Luisão está no Benfica desde 2003. É justamente o capitão. Marcou golos decisivos, uns que desbloquearam campeonatos, outros que facilitaram eliminatórias. Ao contrário de outras figuras históricas do clube atravessou parte de uma fase míngua em títulos coletivos, no entanto já coleciona alguns. Está sem duvida a fazer a sua melhor época no Benfica. 

Desde a sua chegada, numa tarde solarenga de domingo, o Benfica mudou muito. Na altura jogávamos no Jamor e treinávamos em Massamá. Entretanto, o capitão já fez dupla, entre outros menos destacados, com Alcides, Hélder, Anderson, Ricardo Rocha, Argel, David Luiz, Sidnei e Jardel. Não estarei a ser injusto se referir Garay como o mais consistente colega de sector que encontrou.  

Assim chegamos ao ponto em que sofrer golos é um acaso cada vez mais raro no Benfica, não se conseguindo avaliar o que é mais preponderante, a qualidade do argentino ou a forma do brasileiro. Tal como perceber a influência da mudança de guarda-redes em todo o processo. É o Oblak que inspira (e respira) confiança ou é a defesa que lhe dá segurança? O que eu sei é que o sector defensivo entrou num ciclo de melhoria contínua. Numa análise distraída a causa e o efeito confundem-se, mas não são a mesma coisa. 

Vejamos mais da equipa. Na retaguarda o Benfica tem uma ideia de jogo. Essa ideia começou a ser testada amiúde com o Javi e foi aprimorada com Matic. Falhada a conceção do lateral/central, graças à inadaptação de Emerson e da contratação falhada do lagarto Rojo, a aposta do trinco como vértice da defesa tem resultado essencialmente na construção de jogo. Assim é fácil Fejsa fazer de Matic, Amorim fazer de Fejsa e André Almeida fazer de um ou de outro. O efeito é sempre o mesmo. 

Sabendo que nos processos ofensivos este triângulo se desfaz com o recuo do trinco a libertação dos laterais torna-se uma realidade. Mais libertos, estes avançam pela faixa lateral, libertando por sua vez os extremos para estes virem desequilibrar ao centro, o que por sua vez liberta os ponta-de-lança das marcações. Num exercício de imprudência terminológica chamemos a isto um ciclo de libertação contínua ou um ciclo permanente de causa efeito.  

Este ciclo alimenta-se essencialmente da melhor época de Nico Gaitan no Benfica, da rápida aprendizagem de Lazar Markovic e da recuperação do élan de Rodrigo que tinha sido perdido algures na Rússia aos pés do Bruno Alves. Toda esta gente em redopio constante é compensada com a mobilidade de Lima. Com um avançado menos móvel o ciclo fica amarrado e a equipa emperra. Perde-se o efeito. 

Tem ainda um motor, um veio de transmissão. Mais precisamente a caixa de velocidades da equipa. Chama-se Enzo Perez e chegou a ser um caso perdido quando veio. O Argentino desmultiplica a rotação da equipa por forma a transformar a sua potência em força ou velocidade, dependendo da necessidade. A importância nuclear de Enzo, com as suas características intrínsecas, faz-nos compreender a dificuldade de André Gomes em entrar na equipa. O efeito não é o mesmo.
    
A relação entre a causa e o efeito leva-nos a Allan Kardec. O (ainda) nosso jogador deve o seu nome à admiração que o seu pai nutria pelo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail. O “inventor” do espiritismo defendia que todo efeito tem uma causa. Verdade de la palisse. Mas pormenorizava explicando que a grandeza de um efeito estava proporcionalmente ligado à inteligência de uma causa. 

Jorge Jesus levou cinco anos semear a causa, chegou a hora da estrutura do Benfica amadurecer o efeito. Depois de criado manter o ciclo é fundamental. A estrutura tem de o alimentar. A grandeza dos resultados também depende de nós. 

Como o Luisão, como talvez Jorge Jesus, também nós, massa associativa e adeptos, podemos ter uma das melhores épocas de Benfica. Saibamos estar à altura. Ser também a causa de um efeito grandioso.  





 JL

2 comentários:

  1. BENFICA...é estranho mas estou zangado

    …isto é, a vitória conseguida no dia de ontem e, acima de tudo, a exibição, o futebol praticado, a competência e o desempenho dos nossos jogadores, deixam qualquer benfiquista confiante. Não há dúvidas sobre a forma competente como a nossa equipa se apresenta em campo, joga e não deixa o adversário jogar, pressiona, ataca e gere o jogo ao seu ritmo, sem pressa mas com excelência. Muito provavelmente, desde os anos 70 (e ao vivo) e nos anos do Sven-Goran Eriksson, não via assim o Benfica.
    Mas quando tudo parece quase perfeito, esperamos pelo “pós-final” do jogo, tentamos ouvir as apreciações ao mesmo, ao desempenho da equipa e, em particular, dos seus jogadores, e o que ouvimos? Que perguntas surgem? O JJ vai continuar no comando do Benfica? O nosso Presidente tem uma pena de suspensão de 2 meses por declarações proferidas em Setembro e em que disse umas verdades sobre novas reservas em hóteis? O que é esta MERDA??? Ficamos incrédulos!!! São uns jornaleiros amestrados ao abrigo de uma agremiação governada por um peidoso encarcerado na encosta da Afurada.
    Praticamos, e temos praticado, o melhor futebol dos últimos 10 anos. Somos competentes. Não queremos favores. Só queremos ganhar e dignificar a modalidade futebol.
    Seremos Campeões!! E previnem-se, o Rennie vai faltar nas farmácias de todo País…

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