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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


segunda-feira, 2 de julho de 2012

A QUINTA DA BARAFUNDA


Havia um tempo em que as coisas tinham o seu tempo. Um tempo em que as aquisições eram feitas a tempo e o plantel tinha tempo para se conhecer mesmo antes de ir para estágio. Um tempo em que no mês das férias se faziam 6, 7 ou até mesmo 8 aquisições e quando começavam os trabalhos no máximo entrava mais um ou dois elementos.

Não há muito tempo instituiu-se até uma peladinha na noite do segundo dia de trabalhos, uma apresentação em pleno relvado. Os jogadores entravam um a um e no fim vinha uma surpresa para motivar a malta. A seguir partiam todos para estágio. Isto agora era impensável.

Posso parecer um pouco conservador ou até mesmo antiquado, mas tenho uma dúvida que me assola há alguns anos a esta parte. Trata-se de saber as verdadeiras razões porque se faz um estágio.

Pensava eu que um dos objectivos do estágio era criar o necessário espírito de grupo na equipa ou começar a gerar os famosos automatismos. Mas se é para isso, por que razão mais de metade dos jogadores que vão para estágio não fazem o resto da época?

No ano passado foram para estágio 31 jogadores. O número só por si é revelador do extremo sentido de planeamento e organização do clube. Como é possível dizer-se que se está a preparar a próxima época há não sei quantos meses e depois vão mais sete ou oito elementos para estágio do que o número que se considera ideal para enfrentar a temporada?

O mais curioso é que desses 31 jogadores apenas 13, repito TREZE, terminaram a época. Dos restantes 18 alguns seguiram outro rumo logo a seguir ao estágio, outros ao longo do ano. A lista é longa: Moreira, Roberto, Júlio César, Fábio Faria, Wass, Roderick, Shaffer, Peixoto, Rúben Amorim, Carlos Martins, Urreta, Nuno Coelho, David Simão, Fernández, André Almeida (que depois voltou no Natal), Jara, Mora e Kardec. Acresce que entre o fim do estágio e o início das provas, houve ainda outros nomes que vieram e logo lhes foi dado outro destino. Assim de repente lembro-me do Enzo Peres.

Sabemos que o mercado (que tem as costas bem largas) é um bicho terrível. Que o dinheiro está caro e os melhores negócios fazem-se à boca da meta, quando a pressão do fecho da janela de transferências começa a provocar nervoso miudinho nos Agentes.

No entanto, nada justifica uma confusão desta dimensão. Porque esta pressão pode também ter efeitos muito negativos. Todos concordarão que foi a pressão provocada pelo arrastar de negociações eternamente (já uma marca Benfica) que originou a contratação do Emersson e do Capdvila. Claramente segundas escolhas.

Como já se esperava, exceptuando a baliza, que parece definida (esperemos), o dia foi de barafunda. E mantendo a recente tradição, assim vai continuar para além do primeiro jogo do campeonato.  

Exemplificativo é o facto de, com o Emersson a passar de indiscutível para dispensado, o Capdevila a significar oficialmente um bom punhado de euros direitinhos para o lixo (há responsável por isto?) e o Maxi atrasado, o Benfica apresentar-se ao trabalho apenas com o desconhecido Luisinho como lateral.

Já o Capitão Luisão que este ano deu-nos folga da sua fita anual para sacar mais uns euros por mês, resolveu elogiar um dos principais responsáveis pelo nosso insucesso no ano passado e nos anos anteriores. Não há ninguém responsável na estrutura por dar conta ao capitão (que não é um jogador qualquer) que o Proença foi declarado e bem pelo presidente do clube  persona non grata ?   

Da juventude, de quem se diz ser o Mundo, o David Simão de manhã parece que rescinde, à tarde parece que afinal já não rescinde, à noite logo se vê, mas considerando o tempo de vida dos jogadores vindos na formação no nosso clube, o David é quase um veterano. Para já não se apresentou.  

Dos que se apresentaram é divertido ver que ainda por lá anda o super desejado Nico Gaitan. Tanto milhão se escreveu, tantos eram os clubes que o desejavam e provavelmente o Senhor Gaitan vai ter de penar mais uma época na Catedral. O sucesso é de quem o procura, não de quem adormece à sombra do seu talento. Como eu queria engolir estas palavras.

Apareceram também por lá o Mora e o Enzo Peres, surpreendia-me se os voltássemos a ver na Luz nos próximos tempos. Quem não apareceu foi o Miguel Rosa, que vê mais uma vez interdita a sua inclusão na equipa principal do clube que o formou, apesar de ter sido considerado, dois anos seguidos, o melhor jogador da II liga.

Estou em crer que ainda há muita gente para vir, outros mais para dispensar. E aposto que no dia do primeiro jogo oficial vão estar disponíveis jogadores que não fizeram um único jogo de preparação ou mesmo um único treino de conjunto. E não vão ser poucos. E isto é com planeamento científico e uma SAD cheia de assessores, secretários técnicos e adjuntos. Imagino se não fosse assim.  


JL

7 comentários:

  1. Calma,já vêm reforços dos bons: o Sr.Jesus está a afinar a parabólica...

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  2. Este ano, no aspecto dos jogadores que já chegaram e que vão fazer parte do plantel, até estamos bem. Do grupo que hoje se apresentou só falta Maxi Pereira e Nelson Oliveira. Para além destes 2, neste grupo só devem entrar mais 2 ou 3 jogadores (se não sair ninguém para além de Gaitan). A partir daqui é só escolher os melhores. Sinceramente a coisa parece-me bem encaminhada para a próxima época. Que não demorem é na contratação de um defesa-esquerdo para a titularidade.

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  3. Só em avançados temos para dar e vender.

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  4. sim 31, e depois? o plantel vai ficar com 27 ou 28... só tens de dispensar 3 ou 4... deixa de ser estúpido

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    1. No ano passado de 31 ficaram 13. Uma capicua.

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  5. http://ontemvi-tenoestadiodaluz.blogspot.pt/2012/07/rui-costa-ha-um-ano-era-assim.html

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