O RELÓGIO PARADO QUE ACERTA VEZES DEMAIS

«Falemos dos duelos com o Benfica. O Porto era de facto superior ou houve uma grande dose de demérito no oponente?»
«O Benfica era uma equipa poderosa contra a maioria das equipas. Tinha várias opções para o ataque, acelerava muito bem o jogo - porque tinha jogadores para isso - e fazia bem as transições ofensivas. Mas contra nós não tinham hipóteses. O nosso modelo de posse, pressionante, não permitia que o Benfica fosse uma equipa de iniciativa, mas sim reactiva. A nossa forma de jogar dava-nos o controlo dos jogos contra o Benfica».

(…)

«Ficou surpreendido com o comportamento expectante do Benfica no último jogo no Dragão?»
«Não, nada. Contra nós foi quase sempre assim, apenas reactivo e à espera de uma transição rápida ou uma bola parada. O golo deles [Lima] nasceu de um lançamento lateral e nisso eram perigosos»


Estes são 2 breves trechos da entrevista de Vitó ao site Mais Futebol.
É verdade que vozes de burro não chegam ao céu.
É também um facto incontestável que até um relógio parado está certo duas vezes por dia.


Que um bronco como Vitó consiga perceber e desmontar uma atitude permanentemente envergonhada, quase cobarde da nossa equipa nos jogos contra o Porto é algo que nos deve fazer pensar.
E não, não são apenas os árbitros: a nossa equipa vive com um permanente bloqueio mental em relação ao Porto.
Seja na Luz ou no Ladrão, o Benfica joga mentalmente condicionado: o habitual rolo compressor transforma-se numa mistela híbrida, hesitante, medrosa, não desferindo nunca o golpe fatal nem mesmo quando sabe ou pressente que o adversário está moribundo.

Num campeonato cada vez mais jogado a dois, esta tem sido a razão maior do nosso insucesso: permitir que até um relógio parado acerte tantas vezes.

RC