Muitas e muitas vezes critiquei Jorge Jesus.
Aliás, fi-lo sempre que achei que tomou decisões erradas
ou que não tomou aquelas que eu acreditava que melhor poderiam servir os interesses
da equipa.
Outras vezes critiquei a sua arrogância, a sua tendência
para um certo egocentrismo aparentemente incurável, a sua falta de humildade.
Fi-lo e fá-lo-ei sempre que, em minha opinião, se
justificar.
Outra coisa, porém e bem diferente é alimentar a
gigantesca campanha que está a ser levada a cabo contra Jorge Jesus.
Contra Jorge Jesus por ser Jorge Jesus?
Obviamente que não: o alvo é evidentemente o treinador do
Benfica e logo o próprio clube.
Se tivermos uma razoável memória, verificamos sem esforço
que nos últimos tempos se banalizou o escarnecimento público de Jorge Jesus.
Mesmo em programas de suposto humor, a “aparição” de Jorge
Jesus se foi tornando um must: por causa do cabelo, por causa dos atropelos à
língua portuguesa, por tudo e pelo seu contrário.
Até à exaustão, tentou passar-se a imagem de um JJ pouco
inteligente, naturalmente inculto (ou não fosse ele da Porcalhota…), bronco,
estúpido mesmo.
Alguma imprensa supostamente bem pensante rejubilou, como
é evidente.
Subitamente o mundo do futebol esqueceu as suas origens de
rua, tornando-se elitista e preconceituoso com JJ como bombo da festa.
Ontem e hoje, as coisas ultrapassaram o limite; primeiro
com as declarações sobre o substituto de Matic.
JJ respondeu (e bem!) que grave seria jogar com 10.
Depois ironicamente e procurando desdramatizar uma
situação de que ele como treinador é a principal vitima, respondeu que se não
jogasse Matic, jogava “o Manel”.
Foi um fartote: na rádio pública houve risos a bandeiras
despregadas, a frase andava de boca em boca, criaram-se páginas no facebook.
O pior estava, todavia, ainda para vir quando a propósito
da possibilidade de o substituto de Matic vir da formação (já repararam como de
repente o tema da formação se tornou caro a todo o jornalismo desportivo ???),
JJ se saiu com a resposta do “teriam que nascer 10 vezes”.
Obviamente que a frase ainda que espontânea não é feliz
mas obviamente também que é completamente descontextualizada e depois
instrumentalizada com os objectivos que estão à vista.
É evidente que JJ já provou que, de um modo geral, não
conta com a formação, preferindo jogadores que ainda que jovens, revelem já
alguma experiência e maturidade competitivas.
Discordo: não consegui entender a seca dispensa de um
jogador como Miguel Rosa, não percebo o desaparecimento de André Gomes nem o
eclipse de André Almeida.
Outra coisa, porém bem diferente é querer fazer de JJ bode
expiatório de tudo o que não tem funcionado na formação do Benfica e no
“abastecimento” da equipa principal.
Sejamos francos: depois de Rui Costa, quem se seguiu?
E mesmo relativamente ao nosso maestro, se bem nos
recordamos, andava desterrado por Fafe.
Culpa também de JJ, certamente…
O que está aqui em causa é um ataque cerrado a JJ.
Não por ser JJ, volto a dizê-lo, mas por ser treinador do
Benfica.
Também o momento não é inocente: o Benfica acaba de saltar
para a liderança isolada do campeonato.
Perante tudo isto, o que fazemos: cerramos fileiras,
tocamos a rebate para unir?
Nada disso, invadimos os blogs e as redes sociais de
anedotas e insultos ao treinador do Benfica, numa campanha que, se prolongada e
alimentada, provocará um enorme desgaste com as consequências que se adivinham.
É também isto, o Benfica…
RC
Subscrevo na integra. Cada vez mais fazem falta blogues assim, sérios, ponderados e equilibrados.
ResponderEliminarJa tiveram vários textos que discordei, mas nao comentei na altura. Mas ultimamente quase todos os textos aqui publicados vão na linha do meu pensamento. Mas neste momento também concordo que há um interesse em crucificar o treinador do Benfica, sendo que os jornalistas ja perscrutam até as paginas de facebook dos juniores do SLB à procura de sensacionalismo. Um dia destes um frase mais inocente de um qualquer iniciado servira para atacar o Benfica.
Mexemos com alguns interesses instalados, e em vez da união, nao unanimismo, para lutar contra o que nos fazem, cada vez estamos mais divididos. A rainha de Isabel ja veio condicionar os árbitros, e apelidar as arbitragens de desastrosas. Nós vamos andar a discutir Matic e a sua venda, com argumentos cada vez mais estúpidos, enquanto os outros vão andar unidos a manobrar os bastidores.
Concordo que estão a fazer uma tempestade de um copo de água, Cosme.
ResponderEliminarEu já percebi o jeito do Jesus. Conheço algumas pessoas que são assim e têm saídas que umas vezes são um fartote e outras poderão ser mal interpretadas. Aquela do nascer 10 vezes, é o mesmo que dizer que os miúdos precisam de comer muita sopa para chegarem ao nível do Matic. Não tem nada a ver com o não ter potencial, ou nunca lá chegarão, como quiseram fazer transparecer.
Miguel Rosa, André Gomes e André Almeida (como poderia escrever Luís Martins, David Simão e Nélson Oliveira), não estão no Benfica não porque o Jesus tenha dispensado, mas porque a direcção deu ao treinador jogadores de amigos da direcção para potenciar.
Exemplos?
Ola John -> chegou e tiveram que mandar à vida o Nolito e o Miguel Rosa deixou de ambicionar uma chance na posição e vá lá que este ano não tirou muitos minutos ao Ivan Cavaleiro.
Fejsa -> chegou para colmatar a venda de Matic, mas este depois ficou. Resultado, empurrou o Gomes para a B nestes primeiros 6 meses.
Sílvio, Siqueira e Cortez -> três emprestados que acabaram por tirar espaço ao internacional português da lateral direita e esquerda.
Do plantel principal, quantos serão realmente do Benfica? Devem-se contar pelos dedos de uma mão...
http://o-guerreiro-da-luz.blogspot.pt/2014/01/o-jogo.html