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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


terça-feira, 6 de novembro de 2012

O MANEL VOTOU VIEIRA

Já conhecem o Manel? Vejam aqui. O Manel, acima de tudo, ama o seu Benfica. Por isso os três anos de Vale e Azevedo foram um autêntico martírio. Três anos que pareceram décadas. Ele olha para os vizinhos do Lumiar e imagina o que seria do Benfica se Vilarinho não tivesse ganho as eleições.
Por essa razão a sua tolerância em relação a Luis Filipe Vieira foi sempre enorme. Maior do que o aceitável, mesmo nos piores momentos desportivos (que os houve e profundos), mesmo quando o presidente não tinha quem lhe escrevesse os discursos e ninguém para lhe limitar alguns excessos de linguagem e o impedisse de falar em papagaios ou em dream team.
O Benfica entretanto foi melhorando a olhos vistos. Construiu-se uma bela catedral, um excelente centro de estágios, as modalidades começaram a apresentar resultados, a formação tornou-se um dos pilares do clube, houve projetos únicos e motivadores, como a Benfica TV, o Kit Sócio, a Fundação Benfica. O próprio Presidente melhorou a sua postura, aprendeu a ter sentido de estado. Só o futebol não deixava o Manel satisfeito. Perguntava si próprio se seria uma questão de tempo ou um caso de polícia.  Como é que era possível com tão boas equipas só conseguir um campeonato de lés-a-lés? A resposta é dourada.
Ao entrar no terceiro mandato de braço dado com o Rui Costa, Manel ficou convencido que este seria o último de LFV. Uma passagem tranquila e LFV ficava na história. Foi com esta visão que foi olhando para o desempenho do Presidente e da sua Direção. Viu os números do passivo crescerem, o clube a fechar-se aos sócios, os assessores a multiplicarem-se. Mas a equipa de futebol era razoavelmente competitiva, as modalidades enchiam – lhe o orgulho. Até o Museu que ia vendo crescer cada vez que passava pela avenida Lusíada o emocionava. “Até que enfim!”.
Contudo, Manel sabia que o poder demasiado instituído não augura nada de bom. É da história. Sente-se isso à volta do estádio. Dos seguranças por tudo o que é esquina. Nos negócios que o Manel não consegue avaliar porque é do desconhecimento geral. Do pouco peso da sua voz no clube apesar de lhe terem aumentado os votos de 20 para 50.  Da excessiva personalização da figura do Presidente. Da Vieira TV. Da segurança nas AG.
O Manel estava decidido, apesar de considerar que LFV fez um bom trabalho, que era preciso mudar. Nada como a alternância democrática. A história do Benfica é feita de muitos. Cosme Damião é exemplo disso. Manel esperou pela alternativa.  
A alternativa demorou a chegar. Não veio numa manhã de nevoeiro, mas veio enublada. Com grandes benfiquistas, sem dúvida. Mas também sem grandes ideias. Com pouca informação. Sem projeto. Manel teve medo. Lembrava-se de Vale e Azevedo, que veio acompanhado de bons mas ingénuos benfiquistas. Hesitou.   
A campanha ficou feia. Ameaças de processos, ofensas e injúrias. Manel dizia sentado no sofá. Porra! ainda me vão obrigar a votar Vieira!  Manel nunca foi afoito. É como a maior parte dos portugueses um conservador e no dia 26 de Outubro em frente ao ecrã votou pelo certo contra o incerto.
Quando ouviu o discurso de vitória sentiu um déjà-vu. O mesmo que sentia antes das eleições. LFV em vez de um discurso magnânimo, de quem ganha com grande margem, fez um discurso desafiador. A Dividir mais que a unir. Manel logo se arrependeu. Devia ter votado em Branco.  
JL

8 comentários:

  1. Parabéns. E realmente, na actualidade, o Benfica é na sua maioria feito de Manéis. Esses têm o que merecem.

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  2. Em vez de fazer posts destes, não se arranja mais nada de útil para fazer?

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  3. Pena que actualmente o Benfica seja composto por demasiados Manéis!
    "Dos fracos, não reza a história" E é por isso que o Benfica, sem audazes, sem gente com coragem, com medrosos, não sairá da mediocridade!

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    1. O Benfica e o mundo, Águia!
      Não esperes que Manéis de 20 e 50 votos sejam uns "gandas malucos" com vontade de virar a mesa!
      Já viram muita coisa, já passaram por muito e, por isso, contentam-se com pouco!
      E não penses que a mediocridade fica à porta do Glorioso!
      Os seguras, essa, deixam-na passar e até fazem uma vénia!

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  4. Diz-me uma coisa, Águia Preocupada, e quem são os audazes, a gente com coragem, os "não medrosos" ?
    Os que rebentam petardos nas Assembleias ou alguns dos que nem a cara deram, fazendo avançar Rangel ???

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    1. Essa do petardo vai ser a bandeira dos sem coragem... É como a frase propalada do clube do regime. Tal como esta, também a do petardo vai virar dogma!
      Se queres discutir, fá-lo com substância. Tal como "uma andorinha não faz a Primavera" também um petardo não pode ser tomado como intimidação a seja o que for!
      E já agora, a quem te referes quando dizes: "ou alguns dos que nem a cara deram, fazendo avançar Rangel ???"
      Se sabes algo fala! Porque isso de insinuar é muito vago para não dizer NADA!

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