Por uma questão geracional e também de arreigado
sentimento de pertença à minha cidade, sempre considerei o Sporting como o
nosso grande rival.
Sou do tempo em que dia de derby era dia de nervos logo
pela manhã.
Acordávamos com aquele nervoso miudinho que só passava com
as emoções do próprio jogo.
Derby era derby, fosse na catedral em pleno 3º anel ou no
peão do velho alguidar.
O Sporting era o rival, o inimigo, a outra face da moeda.
Havia, apesar de tudo, um certo respeito em relação ao
Sporting e aos sportinguistas.
Nunca entendi como era possível não ser do Benfica e pior
do que isso, ser do Sporting, mas as coisas eram lineares: nós éramos do
Benfica e eles eram do Sporting, nós de um lado e eles do outro, horríveis
camisolas verdes e brancas contra as mais belas camisolas do mundo.
Era a época em que ainda havia sportinguistas genuínos;
obviamente que nos odiávamos mutuamente, mas era disto que se fazia uma
rivalidade tão antiga como a história do futebol português.
Depois, a partir do início dos anos 80, o Sporting
tornou-se sporting : passou a ganhar ainda menos e a fazer do ódio mesquinho e
doentio ao Benfica a sua única forma de vida.
Ressabiados da vida e por infindáveis derrotas, roídos
pelo despeito e pela inveja em relação ao Benfica, tornaram-se ainda menores.
Mil e uma vezes aliaram-se implícita ou explicitamente aos
corruptos do norte: manejados como fantoches, contentando-se com as migalhas
que lhes eram atiradas pelo magnânimo padrinho: um 2º lugar aqui, uma taça
ganha ao Leixões ali.
Movidos pela cegueira e pelo ódio, não hesitaram nunca em
vender a alma ao diabo apenas para ficar um lugar acima do Benfica.
O resultado está à vista: moral e financeiramente falidos,
descredibilizados, permanentemente moribundos, tentam apenas adiar o fim à
vista.
Mostram, no entanto, nada ter aprendido com o que se
passou, nem entender o que se está a passar: arrogantes como sempre, continuam
a evocar a grandeza do Sporting como Pessoa falava do 5º império.
Incapazes de entender a realidade, contentam-se ao reinventa-la:
“o clube mais eclético”, a melhor academia do mundo”, a “maior potência
desportiva”, os infindáveis títulos em modalidades que ninguém conhece ou
pratica.
Tristemente ridículos como só os tontos, os lunáticos e os
pobres de espírito conseguem ser.
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